Lázaro morreu. E agora?

Independente dos porquês, das lógicas, das preferências, o fato é que um final parecido já se desenhava.

fonte: Guiame, Edmilson Ferreira Mendes

Atualizado: Quinta-feira, 1 Julho de 2021 as 1:17

Lázaro Barbosa. (Foto: Reprodução / IstoÉ)
Lázaro Barbosa. (Foto: Reprodução / IstoÉ)

Vi gente comemorando. Vi gente condenando quem comemorou. Vi gente triste com a morte dele. Vi memes. Vi aproveitadores tirando proveito político. Vi outros aproveitadores políticos criticando a forma violenta da morte dele. Vi dezenas de narrativas. Vi elogio para a polícia. Vi gente detonando a ação da polícia. Vi debates sobre a morte dele. Vi grupos clamando por justiça e questionando a condição mental dele. Vi de tudo um pouco e, pelo andar da carruagem, acho que o tema ainda vai render muito.

Como igreja, não deveríamos cair em armadilhas fáceis. Essa é uma delas: comentários de crentes dizendo que o Lázaro “foi direto para o inferno” não faltam, tem de todos os tipos, uns mais rebuscados e outros mais grosseiros. Definitivamente não dá pra emitir opiniões do tipo, afinal, não dá pra saber o que passa no interior do homem em seus últimos segundos de vida, sobre o que pensou, o que questionou, o que se arrependeu e, no limite dos limites, se a Cristo se rendeu.

Independente dos porquês, das lógicas, das preferências, o fato é que um final parecido já se desenhava. A partir daí, precisamos refletir. A morte está consumada, e agora? Impulsionados pela mídia, milhões opinaram, torceram e acompanharam o caso e, ao final, sentiram-se aliviados, pois independente do que cada um acha, a sensação é que a justiça prevaleceu.

A partir deste ponto é que pergunto, e agora? Quantos temas nesse brasilzão e nesse mundão estão pipocando neste exato momento e não se vê a mesma indignação. Onde está a mídia abrindo espaço, acompanhando, denunciando e exigindo uma resposta em relação ao aborto, a pedofilia, a pornografia, ao sistema abusivo que asfixia a nação em relação aos impostos, aos cristãos que são perseguidos e assassinados ao redor do globo, ao sufocamento em relação aos valores judaico-cristãos, enfim, onde está a mídia?

Lázaro morreu. Como ele, existem milhares espalhados pelo mundo, todos também precisando de um encontro verdadeiro e transformador com o Cristo da Bíblia, Aquele que por todos nós morreu numa cruz. Deus continua não tendo prazer na morte do pecador, porém continua dando o livre arbítrio para cada um, onde a colheita sempre será feita conforme a semeadura escolhida por cada um.

Lázaro morreu. Porém enquanto vivo, ele não surgiu do nada, ele tinha uma origem, uma família. Para trás ficam amigos, familiares, gente que conviveu com ele. Essa gente precisa de conforto, de consolo. Pode ser que em nossas famílias tenham outros tipos de Lázaros, esperaremos a morte fatal ou nos dedicaremos a clamar, orar, interceder e arregaçar as mangas pra ajudar e tentar tirar do buraco?

E agora? Agora seguem crescendo juntinhos, na igreja e também no mundo, joio e trigo, nossa ação deve ser uma só, orar e jejuar por esta gente que tem andado por caminhos até pior, caminhos que o final é sabido desde o princípio, morte. Agora é hora de intensificarmos nossas orações por um mundo cada vez mais perdido, a fim de vermos a graça de Cristo salvando aqueles que abrirem seus corações para a poderosa e salvadora mensagem do evangelho.

E agora? Agora é tempo de chorarmos por um mundo que mergulha dia a dia num abismo repleto de pecado e se afasta de seu Criador. Isso mesmo, é tempo de choro e de luto. Rir de memes não é comigo, isso não é piada, não dá pra rir, passo. Até quero sorrir, mas sempre que o milagre da conversão for real na vida de gente perdida, porque infelizmente o cenário de decadência e corrupção não acabou, nada disso morreu. Não podemos depender da mídia para nos indignar, precisamos apenas ler a Bíblia para sabermos que as coisas não estão como Deus gostaria, pois como já foi dito, “a Bíblia é mais atual que o jornal de amanhã.”

Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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