Vírus no camarote

Assistindo a tudo, num camarote bem confortável, estão milhões de personagens invisíveis, conhecidos pelo nome de coronavírus.

fonte: Guiame, Edmilson Ferreira Mendes

Atualizado: Quinta-feira, 2 Dezembro de 2021 as 1:15

(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Num passado não muito distante, coisa de uns três anos, se tanto, alguém que falasse num estado pandêmico seria imediatamente desacreditado. Como assim? Pandemia global? Cidades fechadas? Comércio parado? Templos fechados? Shoppings as moscas? Praias desertas? Ruas, estradas e avenidas vazias? Não dá pra acreditar, só pode ser brincadeira, um tipo de ficção que só cabe no cinema.

Hoje, mais que saber, vivemos e comprovamos este cenário global marcado por mortes e falência de muitas instituições, empresas, famílias. Somos, neste final de 2021, sobreviventes. Seguindo os decretos oficiais de cada cidade e estado, estamos num tempo de diminuição do contágio, dos casos, liberação de muitos leitos, muitos já vacinados, abertura do comércio, dos pontos turísticos, das igrejas, todos sem restrição, apenas os protocolos que nos acostumamos, máscara, higienização, etc.

Que bom! Até que enfim! Será? O fato é que o vírus não sumiu, não voltou para o seu país de origem, não se intimidou, não se acovardou, não foi controlado, ou seja, o tão sonhado fim da pandemia ainda não aconteceu. Portanto, assusta a liberação total de estádios, de comércios, de todos os turismos, de carnaval.

Dá para acreditar no repentino silêncio da imprensa que, sistematicamente e diariamente, até ontem, ficava martelando as mortes, os números, os erros das autoridades, dá para acreditar? De repente as luzes de Natal se acenderam, as reservas para os mais badalados réveillons já se esgotam, os ingressos para o chamado “maior espetáculo da terra” na opinião de alguns, que é o carnaval, também já começam a acabar, é tudo muito estranho, simplesmente não dá pra confiar no que ouvimos e vemos...

Assistindo a tudo, num camarote bem confortável, estão milhões de personagens invisíveis, conhecidos pelo nome de coronavírus. O vírus não tá nem aí para o que pensam e decidem as autoridades e donos do poder. Por mais que tenha um cheiro de estranheza no ar, o vírus segue de boa, vivo, contaminando, matando, tranquilamente esperando por carnes humanas, muitas, milhares, bem aglomeradas, sacudindo, pulando, se esfregando, todas caindo no conto de que tudo está bem, tudo está sob controle. Será?

Pelas notícias, a liberação que começa agora vai até o carnaval. Sobre o “depois do carnaval” quase ninguém fala. O problema é que confirmado o carnaval, quando os blocos estiverem na rua, as escolas na avenida, o povo nas arquibancadas, nos salões e nos morros, o vírus não ficará passivamente nos camarotes. Por agora o vírus só assiste e dá muita risada da hipocrisia reinante por aqui, então, no momento que os banquetes humanos forem servidos, o vírus entra em ação, contaminando, derrubando, matando.

Precisamos falar, alertar, prevenir, nos afastar de toda e qualquer situação arriscada. Pois se daqui uns poucos meses as autoridades prenderem o povo novamente em suas casas, os hospitais superlotarem, o resultado será um caos econômico e social ainda maior.  Façamos nossa parte, que a gente não venha a cair em propagandas enganosas quanto a estar tudo bem, quando sabemos que não está. Se algo parecido com “para tudo de novo” acontecer após o carnaval, teremos caído, como nação, na maior fake news da atualidade, portanto, João 8:32 segue mais atual do que nunca, “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Quando o gás acaba

veja também