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A quem amar?

Amar o próximo como a nós mesmos não pode ser um exercício de autopromoção, mas uma fonte de entendimento de que o próximo somos nós mesmos

fonte: guiame.com.br

Atualizado: Segunda-feira, 5 Maio de 2014 as 2:45

amor“E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gálatas 6:9-10).

Certa vez, em um congresso para pessoas da área do Direito, um Advogado tomou o microfone e lançou a seguinte pergunta a todos os presentes: “A quem devemos amar mais? A nossa mãe ou a uma prostituta?”. Estupefato pela conclusão das respostas obtidas, onde 100% disseram amar mais a mãe, ele ensinou: “o verdadeiro amor não se inicia pela descoberta dos seus objetos. Ele os descobre”.

Aquele foi mais um dos ensinamentos que vou levar por toda a minha vida.

As respostas obtidas no Congresso só nos fazem crer que ainda estamos longe de conhecer o SENHOR DEUS, e muito mais: de colocá-LO em prática. Queremos amar de nosso jeito, com aquilo que entendemos sobre amor. Amamos quando queremos e a depender a quem se destinará o nosso amor. Mas João, o apóstolo do Amor, escreveu: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1 João 4:7-8). JESUS, antes, havia ensinado sobre essa verdade: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (João 14:23).

Como sempre escrevo há anos, amor nunca foi um sentimento, à luz da Palavra de DEUS. O que entendemos hoje sobre o amor vem da péssima influência que herdamos dos românticos europeus, nas últimas décadas do século XVII. Porém, o SENHOR DEUS nos ensina uma maneira de amar totalmente diferente daquela propagada entre os precursores daquele movimento filosófico e artístico. Precisamos nos preencher dos ensinamentos do SENHOR e largarmos fora toda espécie de conceitos e práticas mundanos.

A manifestação nossa de algum gesto de amor em relação ao próximo vem também do que concebemos sobre justiça. Amamos apenas a quem nos faz bem. Em nossa cabeça, isso é justo. Não temos a menor capacidade de amar a um estranho, um inimigo, a alguém que nos fez ou faz muito mal. Ou seja, vivemos dentro de uma esfera ideológica, conceitual, farisaísta, errada, mundana, terrena e diabólica.

Lembro-me de um coordenador que tive, ainda na época de quando exercia o magistério. Eu havia entrado na escola para substituí-lo. Ele havia sido promovido para a Coordenação, depois de muitos anos conquistando a simpatia dos alunos. Talvez por medo de perder essa simpatia, ele passou a me odiar gratuitamente e a me perseguir. Tudo o que eu fazia, ele colocava mil defeitos, mesmo quando não merecesse nenhum desses. Até que eu decidi amá-lo. Fui me aproximando aos poucos e externando o meu amor por ele. A cada pedrada dele, um gesto de amor de minha parte. E esse processo foi aumentando. Até que, um dia, ele chegou até mim, perguntando-me porque eu o amava mais a proporção que ele me perseguia. Respondi: é JESUS em minha vida. E aproveitei para falar do amor de DEUS pela vida dele. Descobri que ele era um homem rancoroso, que havia se afastado do Evangelho. E, assim, trouxe-o de volta aos braços desse DEUS maravilhoso.

O verdadeiro Amor excede os limites do nosso corpo e das artérias do nosso coração. O Amor está baseado em atitudes, ações. Quem ama a DEUS paga o preço em oração e perseverança pela vida do próximo. Tudo isso por Amor. Amar a todos indistintamente e incondicionalmente. Só consegue esse objetivo quem, de fato, conhece e teme a DEUS.

Observe o que o SENHOR nos ensinou no Livro das leis: “Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco. Amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus” (Levítico 19:34).

DEUS pediu aos filhos de Israel que também amassem o estrangeiro, que peregrinava com eles, porque, um dia, também eles haviam sido estrangeiros e igualmente foram amados pelo SENHOR. Confirma o que escreveu o apóstolo Paulo à igreja em Roma: “Mas Deus prova o seu amor conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

“Deus prova...”, “Deus deu...”, o Amor sempre está acompanhado de uma ação, de um gesto. Sabemos e temos total certeza de que ELE nos ama. O nosso dever cristão é: AMÁ-LO SOBRE TODAS AS COISAS E COM TODAS AS NOSSAS FORÇAS, E AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS.

Será que temos feito isso? Ou temos nos cansado em nosso exercício falho e insuficiente de amar?

Você bem sabe quem é DEUS. Mas você sabe quem é o seu próximo? Na Parábola do samaritano (que não é JESUS), um Doutor da Lei fez essa pergunta ao Nosso SENHOR JESUS: “E quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29).

Na cabeça daquele Doutor, ele primeiramente precisaria identificar o outro para só assim amá-lo. Mas como na Parábola, o outro é um certo homem; ou uma certa mulher, ou uma certa criança, um certo jovem ou um certo idoso. É alguém da sua casa, mas também alguém que você nem conheça. É um amigo, mas também um desconhecido seu. O outro é você, o seu marido, esposa, filhos; é a minha extensão, o meu complemento. Nós precisamos nos enxergar no outro; ver, na natureza do próximo, a nossa identificação como filhos de DEUS.

Amar o próximo como a nós mesmos não pode ser um exercício de autopromoção, mas uma fonte de entendimento de que o próximo somos nós mesmos. A outra pessoa tem que ter o mesmo valor que nós. Por isso, o verdadeiro Amor não admite o estabelecimento de limites.

Infelizmente e muito tristemente, o FAZER ALGO, no tempo da Graça, parece ser algo inferior à fé cristã. Queremos viver somente por aquilo que está escrito em Atos 16:3-31 e nos esquecemos de tantos outros mandamentos de JESUS que nos exigem a tomarmos uma posição e a fazermos algo pelo nosso semelhante. Qualquer declaração de fé que não cumpra o Amor não se trata de uma fé bíblica. Nas palavras do apóstolo Tiago: “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito” (1:22-25); “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesmo” (2:17). Tiago nos ensina que o ouvir deve ser autenticado pelo agir.

Alguns líderes religiosos interpretam e ensinam muito mal o que Paulo escreveu sobre salvação, ao afirmarem que a salvação também não depende de obras, mas que ter fé apenas é suficiente. Quando ele afirmou que a salvação “não vem das obras para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9), estava se referindo pura e simplesmente às obras da lei; a fazer algo por obediência a uma lei, como faziam os fariseus e os escribas nos tempos de JESUS. Mas todo aquele que tem a fé, esta deve vir acompanhada das obras de justiça.

Não podemos dissociar o “pensar do ser” e o “ser do agir”. Aquilo que somos não pode ser separado daquilo que fazemos. A ideia de ser de DEUS e não estar conforme a Sua imagem constitui-se fonte de escândalo.

Fomos chamados para amar e para nunca desistirmos da vida de quem quer que seja. Se não temos a mínima capacidade de perseverarmos por uma vida, por exemplo, com a qual somos aliançados em DEUS, então toda tentativa de estabelecermos aqui no mundo o Ministério do Fazer Discípulo é morta, nula, sem feito algum. Se não podemos socorrer o próximo, oferecendo-lhe uma logística, que o socorramos em oração e em jejum. Mas, de uma maneira ou de outra, sempre poderemos fazer algo pelo próximo. Todo gesto de AMOR será recompensado por DEUS.

E nunca se esqueça: se você desistir de alguém ou passar de largo, como o sacerdote e o levita da Parábola do samaritano, estará assinando o atestado de que o AMOR DE DEUS ainda não está em você.


FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
www.casamentosrestaurados.com.br
www.familiasparacristo.com.br

 

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