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Ditadura do medo: como tiranos dominam populações inteiras por meio da opressão

Quase todo regime autoritário, antes da sua completa instalação, passa a existir pelo que podemos chamar de "ditadura do medo".

fonte: Guiame, Marisa Lobo

Atualizado: Sexta-feira, 1 Setembro de 2023 as 2:22

(Foto: Unsplash/Melanie Wasser)
(Foto: Unsplash/Melanie Wasser)

Uma das realidades mais tristes e cruéis que vemos até então, no mundo, é a dominação de tiranos sobre grupos e nações, algo que produz sequelas econômicas, emocionais e até espirituais severas, perpetuando sofrimentos em diferentes dimensões da natureza humana. Esse é o motivo pelo qual decidi abordar esse tema no artigo de hoje.

Primeiramente, se engana quem pensa em tirania como algo que só existe mediante o poder das armas. Isso porque, quase todo regime autoritário, antes da sua completa instalação, passa a existir pelo que podemos chamar de "ditadura do medo".

Isto significa que a tirania, antes de se tornar um regime político-administrativo, se torna algo do qual você passa a temer na forma de ideias, em seu emocional. O temor, aqui, é a consequência de uma narrativa que é imposta paulatinamente à sociedade, sempre sob a alegação de "bem comum" ou "defesa nacional", por exemplo.

Desse modo, todo questionamento em sentido contrário à narrativa passa a ser visto como um mal a ser eliminado, e como você não deseja ser banido da vida social, tornando-se alvo de possíveis represálias, o medo de assumir posições que possam te acarretar qualquer coisa desse tipo se torna uma constante em sua mente.

É fato histórico

O antropólogo e autor do livro "A Corrupção da Inteligência" (Record, 2017), Flávio Gordon, fez uma publicação recentemente comentando algo referente ao Brasil, mas traçando um paralelo com fatos já registrados pela história.
Citando o historiador inglês Richard James Overy, Gordon lembrou, por exemplo, que tanto no regime soviético quanto no nazismo, os tiranos sempre buscaram justificar as suas violações de garantias individuais e dignidade humana (seus crimes!), alegando que estavam tomando medidas excepcionais para o "bem" do próprio povo.

O antropólogo conclui, então, que "não há tirania na história que não tenha se fundado sobre esse mesmo pretexto defensivo". Isto é, que todo autoritarismo é fundamentado, antes de tudo, sob ideias que uma vez inculcadas ou impostas sobre a população, transformam-se em ferramentas de opressão através do medo, pois ninguém se sentirá seguro em desafiá-las.

É assim até hoje! Na Coreia do Norte, por exemplo, boa parte da população é oprimida muito mais pela ditadura do medo do que pelas armas. Segundo órgãos internacionais, como a cristã Portas Abertas, muitos norte-coreanos não ousam falar nada contra o regime e seus líderes, mesmo dentro das suas próprias casas, pois vivem com a sensação de que as "paredes têm ouvidos".

Terror psicológico

Ora, uma Nação que vive sob a ditadura do medo se torna uma Nação doente emocionalmente, pois o seu povo deixa de se expressar livremente, algo que é intrínseco à dignidade humana. Não por acaso, a jornalista sul-coreana Suki Kim, que viveu seis meses disfarçada na Coreia do Norte, dando aulas, assim descreveu a sua experiência:

"Tudo o que fazíamos e ensinávamos devia ser aprovado, monitorado e gravado. Vivi o tempo todo aterrorizada." No livro 'Without You, There Is No Us: My Time with the Sons of North Korea's Elite', ela descreve como o medo é uma constante entre os norte-coreanos, sendo essa, portanto, a grande arma do regime para controlar a população.

Mas, para que o terror psicológico fosse implantado na Coreia do Norte como é atualmente, onde torturas, prisões e fuzilamentos são punições adotadas pelo regime comunista, décadas de doutrinação ideológica foram implementadas em sua sociedade, sendo o modelo atual apenas o seu resultado “final”.

Como brasileiros, precisamos ter a consciência de que um dia a Coreia do Norte foi livre da ditadura do medo e das armas, assim como os alemães foram do nazismo, Cuba do castrismo e a Venezuela do chavismo. De nações livres, tornaram-se escravas de tiranos, oprimidas política e psicologicamente, sendo o que são atualmente.

Será que nós, como povo, teremos a capacidade de resistir àqueles que tentam implantar o medo como arma de dominação, querendo controlar até mesmo a nossa declaração de fé? Que Deus nos dê a sabedoria e o discernimento para que jamais esse tipo de ditadura se instale em nossas mentes.

Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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