Pastor no Nepal é preso por dizer que orações podem curar Covid-19

Keshab Acharya vem sendo perseguido pelas autoridades desde o ano passado por ser um cristão.

fonte: Guiame, com informações de Christian Today

Atualizado: Segunda-feira, 6 Dezembro de 2021 as 9:56

 Pastor Keshab Acharya. (Foto: Morning Star News).
Pastor Keshab Acharya. (Foto: Morning Star News).

Um pastor no Nepal foi preso, sob a lei anticonversão, por dizer que as orações poderiam curar a Covid-19. 

De acordo com a International Christian Concern (ICC), organização cristã que monitora a perseguição no mundo, o Tribunal Distrital de Dolpa condenou o pastor Keshab Raj Acharya a dois anos de prisão por dizer nas redes sociais que a oração pode trazer a cura do coronavírus. O cristão ainda recebeu uma multa de 20 mil rúpias (165 dólares).

Em vídeo, que se tornou viral na internet, Keshab ora em frente a sua congregação pelo fim da pandemia. "Ei, corona, vá e morra. Que todas as suas ações sejam destruídas pelo poder do Senhor Jesus. Eu te repreendo, corona, em nome do Senhor Jesus Cristo. Pelo poder ou governante desta Criação, eu te repreendo. Pelo poder no nome do Senhor Jesus Cristo, corona, vá embora e morra”, clamou o pastor.

Keshab Acharya já havia sido preso em março do ano passado, na província de Gandaki Pradesh, sob a acusação de espalhar informações falsas sobre a Covid-19. Duas semanas depois ele foi libertado, mas foi detido novamente, acusado de "ultrajantes sentimentos religiosos" e "proselitismo".

Após três meses na prisão, Keshab foi libertado depois de pagar uma fiança de cerca de 2.500 dólares. Segundo William Stark, gerente regional do ICC para o Sul da Ásia, o pastor vem sofrendo perseguição religiosa das autoridades.

"Por mais de um ano, as autoridades do distrito de Dolpa pareceram empenhadas em condenar o pastor Acharya de algo e puni-lo por simplesmente ser um pastor cristão. Desde que a nova constituição foi adotada em 2015, os cristãos nepaleses temem que o Artigo 26 e suas leis sejam usados ​​para atingir sua comunidade”, afirmou.

Ao ser libertado da prisão no ano passado, Keshab relatou que foi um período muito difícil para ele. "Eu pensava em meus filhinhos e em minha esposa, e clamava ao Senhor em oração. Eu olhava para Ele na esperança de que, se fosse de Sua vontade que eu passasse por isso, Ele me levaria fora disso”, disse o pastor ao Morning Star News.

Na época, o líder disse que acreditava que a polícia e os funcionários do governo se uniram para tentar prejudicá-lo. "Eles estavam traçando um plano completo para garantir que eu ficaria na prisão por um período mais longo”, contou.

Lei anticonversão

Os crisãos no Nepal são perseguidos muito antes da promulgação da nova constituição em 2015, que apesar de declarar o país como secular, proíbe o evangelismo e protege o hinduísmo, a religião majoritária.  

O Artigo 26 da constituição afirma: "Nenhuma pessoa deve se comportar, agir ou fazer com que outros ajam para perturbar a lei pública e a situação de ordem ou converter uma pessoa de uma religião para outra ou perturbar a religião de outras pessoas tal ato serão punidos por lei”.

Em 2018, o Nepal acrescentou ao seu código penal a penalização de 5 anos de prisão e multa de até 650 dólares para quem for considerado culpado de encorajar conversões religiosas.

Grupos nacionalistas hindus no país estão pedindo a exclusão do termo "secularismo" da constituição, que no contexto do sul da Ásia significa tratamento igual para todas as religiões por parte do Estado. Os nacionalistas alegam que o hinduísmo está sendo extinto, porque mais pessoas podem se converter ao cristiansimo.



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