Mais de 600 mulheres e meninas foram sequestradas por extremistas islâmicos em Moçambique

Segundo relatório da Human Rights Watch, mulheres e meninas foram estupradas, escravizadas e vendidas pelo grupo Al-Shabab.

fonte: Guiame, com informações de CBN News e Human Rights Watch

Atualizado: Quinta-feira, 16 Dezembro de 2021 as 3:20

As reféns foram estupradas, escravizadas e vendidas pelo grupo Al-Shabab. (Foto: Wikimedia Commons/DFID).
As reféns foram estupradas, escravizadas e vendidas pelo grupo Al-Shabab. (Foto: Wikimedia Commons/DFID).

Um grupo extremista ligado ao Estado Islâmico (EI) sequestrou e escravizou mais de 600 mulheres e meninas da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, segundo um relatório da Human Rights Watch. As forças moçambicanas e regionais conseguiram resgatar algumas reféns, mas muitas continuam desaparecidas. 

O grupo islâmico chamado Al-Shabab (ou mashababos) obrigou mulheres e meninas mais jovens, de aparência saudável e pele mais clara, a se “casarem” com seus combatentes, que as escravizaram e as estupraram. Outras mulheres foram vendidas a militantes de fora de Moçambique por 600 a 1.800 dólares. Já as reféns estrangeiras, foram libertadas pelo grupo após suas famílias pagarem o resgate. 

A Human Rights Watch entrevistou 37 pessoas, entre ex-sequestrados, familiares, fontes de segurança e funcionários do governo. Eles relataram que o Al-Shabab sequestrou mulheres durante ataques a distritos de  Cabo Delgado, incluindo Mocímboa da Praia em março, junho e agosto de 2020, e Palma em março de 2021.

Em Mocímboa da Praia, uma mulher de 33 anos, contou que os extremistas agrediram a sua tia, uma autoridade local, e a obrigaram, sob a mira de uma arma, a apontar todas as casas com meninas de 12 a 17 anos. A mulher contou 203 meninas na região, mas não sabe se todas foram sequestradas.

“Algumas mães imploravam aos lutadores que as levassem em vez de suas filhas. Mas um dos mashababos disse que não queria mulheres idosas com filhos e doenças”, disse uma fonte local. 

Um ex-refém de Mocímboa da Praia também relatou que foi forçado a selecionar mulheres e meninas para serem violentadas sexualmente por combatentes, quando eles voltassem de operações. “As [mulheres] que se recusaram foram punidas com espancamentos e sem comida durante dias”, afirmou. 

A Human Rights Watch pediu ao governo de Moçambique e aos parceiros internacionais e regionais, incluindo a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), para que ofereçam serviços de reabilitação as vítimas de sequestros, incluindo cuidados pós-estupro às mulheres e meninas resgatadas. A organização ainda apelou para que as autoridades punam os extremistas islâmicos e impeçam novos raptos.

“Um número desconhecido de mulheres e meninas permanece em cativeiro em Moçambique, enfrentando abusos horríveis diariamente, incluindo escravidão e estupro por combatentes do Al-Shabab”, disse a Human Rights. “As autoridades moçambicanas devem intensificar os esforços para resgatar e reintegrar os sobreviventes nas suas comunidades, e garantir prontamente o seu tratamento humano e acesso aos serviços médicos e psicossociais”.



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