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O grande antídoto do orgulho se chama humilhação: Submeta-se!

Identidade & Transformação.

fonte: Guiame, Cris Beloni

Atualizado: Quarta-feira, 5 Abril de 2023 as 1:18

(Foto: Unsplash/Jon Tyson)
(Foto: Unsplash/Jon Tyson)

“Assim ele desceu ao Jordão e mergulhou sete vezes conforme a ordem do homem de Deus; ele foi purificado e sua pele tornou-se como a de uma criança”. (2 Reis 5.14)

Vamos direto ao contexto

Vemos no livro de 2 Reis a história de um homem orgulhoso que precisou se submeter a pessoas que ele considerava inferiores a ele para poder ser curado. Sabemos que Naamã foi curado de lepra e essa doença pode muito bem representar o nosso orgulho, um dos pecados mais destrutivos da humanidade.

A lepra, conforme a medicina nos tempos bíblicos, era uma doença infecciosa crônica e incurável. Na atualidade, sabemos que a hanseníase é uma infecção causada por uma bactéria, mas naquela época uma pessoa leprosa estava condenada à morte, pois não havia uma medicina avançada para detectar bactérias, vírus ou fungos.

Simbolicamente, a lepra representa o nosso pecado e a miséria humana. Para os hebreus, porém, a doença era considerada uma maldição e um castigo divino. Os leprosos também eram discriminados e sofriam a ação da doença em seus corpos através de deformidades.

Outro ponto importante a ser considerado é que o momento era delicado para a nação de Israel, pois o povo estava contaminado pela idolatria e o sincretismo religioso (mistura de crenças), buscando os deuses estrangeiros. Enquanto isso, um estrangeiro estava buscando o Deus de Israel.

(Captura de tela/Jezabel TV Record)

Sobre Naamã

Um importante e respeitado general do exército sírio e grande líder que viveu por volta do ano 850 a.C., que foi contaminado por lepra e teve que se afastar da comunidade. Sua esposa tinha uma serva israelita que havia sido capturada durante uma vitória contra Israel.

Humilhações enfrentadas pelo general

A primeira humilhação de Naamã foi dar ouvidos a uma menina israelita. Além de mulher, ela era judia, escrava e estrangeira. Naquele tempo, as mulheres não tinham moral nenhuma diante dos homens. Mas a menina disse: “Se o meu senhor procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra”. (2 Rs 5.3)

E então começou o processo de Naamã em busca da cura. Ele foi falar com rei, que possivelmente era Benadade, conforme o pastor Luiz Sayão em seu programa Rota 66. Na ocasião, o rei da Síria lhe deu uma carta para entregar ao rei de Israel. Essa foi sua segunda humilhação, já que a Síria era uma nação muito mais poderosa. Com a carta em mãos, Naamã partiu com seus soldados rumo a Israel.

Chegando lá, ele teve como resposta: “Por acaso sou Deus, capaz de conceder vida ou morte? Por que este homem me envia alguém para que eu o cure da lepra? Vejam como ele procura um motivo para se desentender comigo!”.

O rei de Israel chegou a rasgar suas vestes mostrando o quanto ficou contrariado. Imagine como Naamã se sentiu diante dessa reação de um rei que era considerado menor que o rei que ele servia.

O profeta Eliseu ficou sabendo disso e mandou uma mensagem ao rei: “Por que rasgaste tuas vestes? Envia o homem a mim, e ele saberá que há profeta em Israel”. Naamã foi com seus cavalos e carros e parou à porta da casa de Eliseu, mas sequer foi atendido por ele.

Com certeza essa também foi uma grande humilhação. O profeta nem saiu de sua casa para ver Naamã, ele simplesmente enviou um mensageiro para lhe dizer: “Vá e lave-se sete vezes no rio Jordão; sua pele será restaurada e você ficará purificado”.

Naamã ficou indignado

Lembre-se que a palavra “indignado” se refere a alguém que não se sente merecedor. O indigno não tem dignidade, ou seja, não se sente digno, não é respeitado, não tem autoridade e nem honra.

Com certeza, a atitude do profeta foi uma grande humilhação para o general. Veja o que ele respondeu: “Eu estava certo de que ele sairia para receber-me, invocaria de pé o nome do Senhor seu Deus, moveria a mão sobre o lugar afetado e me curaria da lepra”.

Perceba que Naamã tinha tudo programado em sua mente. Ele disse que “estava certo” sobre a forma como seria recebido. Mas não foi o que aconteceu e isso deve ter mexido bastante com o seu orgulho. Esse, porém, foi o processo através do qual Deus decidiu curá-lo.

Naamã ficou furioso

Depois disso, Naamã ainda fez questão de dizer que na Síria havia rios melhores que os de Israel. Em sua soberba e arrogância, ele disse aos seus oficiais: “Abana e Farfar, em Damasco, não são melhores do que todas as águas de Israel? Será que não poderia lavar-me neles e ser purificado?”.

O texto continua dizendo que Naamã saiu dali furioso, mas teve que ouvir de seus servos: “Meu pai, se o profeta lhe tivesse pedido alguma coisa difícil, o senhor não faria? Quanto mais, quando ele apenas lhe diz para que se lave e seja purificado!”.

E em vez de dar ordens e ver seus soldados o obedecendo, Naamã foi obrigado a aceitar a opinião deles. Ele desceu ao Jordão e mergulhou sete vezes conforme a ordem do homem de Deus; ele foi purificado e sua pele tornou-se como a de uma criança”.

(Captura de tela/Jezabel TV Record)

Transformação do general

O que aconteceu depois também foi uma forma de humilhação, pois o general estava acostumado a negociar com outras nações e pagar pelos favores recebidos.

Ele foi com toda a sua comitiva para a casa de Eliseu e reconheceu que não havia outro Deus senão o de Israel. Ele ofereceu um presente, mas Eliseu não aceitou e disse: “Juro pelo nome do Senhor, a quem sirvo, que nada aceitarei”. E assim termina a história de Naamã que foi curado da lepra e também de seu orgulho.

Ao final, o texto diz que Naamã afirmou que nunca mais faria sacrifícios a nenhum outro deus senão ao Senhor. Porém, ele pediu perdão antecipadamente, pois teria que se ajoelhar quando o rei da Síria fosse adorar no templo de Rimom — um deus arameu, do trovão, chuva e tempestade, também conhecido como Baal ou Ramanu.

E sobre isso, Eliseu respondeu: “Vá em paz”, pois sabia da sinceridade e do compromisso que Naamã passou a ter com Deus e que não seria contaminado pelo ambiente político e religioso de sua nação.

Por que Naamã pediu um pouco das terras de Israel?

“E disse Naamã: Já que não aceitas o presente, ao menos permite que eu leve duas mulas carregadas de terra”. (2 Rs 5.17)

Conforme Sayão, a atitude de Naamã foi a de um novo convertido e revelou que ele era influenciado pelo paganismo da época. “Para eles, a divindade estava atrelada a uma localidade geográfica, daí a ideia de uma ‘terra santa’. Naamã queria levar um pouco da terra que ele passou a considerar sagrada, pois foi onde ele recebeu a cura”, explicou.

Conclusão

Naamã passou por um processo de Deus para obter sua cura e, paralelamente, também passou por diversas humilhações para quebrar seu orgulho e sua vaidade. E o que aprendemos com essa história?

Você conseguiu relacionar a doença física de Naamã com o orgulho humano? Todos nós estamos sujeitos ao orgulho, mas temos que entender que ficaremos isolados do corpo de Cristo, pois o orgulho é como a lepra, já que nos deforma espiritualmente falando.

A lição que aprendemos é que devemos aceitar as humilhações porque elas fazem parte do processo de cura. Numa live em seu Instagram, Douglas Gonçalves do JesusCopy também fez um comentário interessante, mostrando que o bom conselho pode vir até de uma criança ou adolescente, pois Deus pode usar quem Ele quiser para nos dar uma resposta.

O nosso orgulho precisa ser ferido e destruído. O antídoto do orgulho é a  humilhação”. E o remédio dessa lepra é a submissão a Deus.

“Assim diz o Senhor, o seu redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o seu Deus, que lhe ensina o que é melhor para você, que o dirige no caminho em que você deve ir. Se tão somente você tivesse prestado atenção às minhas ordens, sua paz seria como um rio, sua retidão, como as ondas do mar”. (Isaías 48.17,18)

“Cura-me, Senhor, e serei curado; salva-me, e serei salvo, pois tu és aquele a quem eu louvo”. (Jeremias 17.14)

E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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