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“Até a cegonha nos céus conhece os seus tempos determinados”, entenda o paralelismo

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fonte: Guiame, Cris Beloni

Atualizado: Segunda-feira, 4 Outubro de 2021 as 1:15

Cegonha voando em direção à luz do sol. (Foto: Canva)
Cegonha voando em direção à luz do sol. (Foto: Canva)

“Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados...” (Jeremias 8.7)

Ainda é tempo de voltar para casa, em busca do verão e da salvação!

Podemos conferir na Bíblia que o comportamento das aves já foi tema de parábolas e diversas comparações que nos ensinam lições importantes. Hoje vamos refletir sobre o exemplo da cegonha, dentro do contexto bíblico.

É possível que na região onde Jeremias vivia dava para observar a migração das cegonhas. Chegamos nessa conclusão porque estudos recentes observaram que, numa primavera, mais de 300 mil cegonhas que migraram da África para o norte da Europa, passavam pelo vale do Jordão. Essa rota migratória, porém, vem sendo alterada ao longo do tempo, isso porque o ser humano está degradando a natureza.

Há cem anos, as populações de cegonha-branca da Europa eram abundantes e bem distribuídas, mas, infelizmente, vem diminuindo por vários motivos. Em meados de 1960, os níveis de água do solo de várias regiões foram artificialmente reduzidos, fazendo desaparecer minhocas, toupeiras e ratos do campo, que fazem parte do cardápio das cegonhas.

Outros motivos que afetam essas populações são as mudanças climáticas do Planeta Terra e o uso de pesticidas agrícolas que até ameaçou dizimar a ave. Na Holanda, por exemplo, foram contados apenas 17 casais reprodutores em todo o país, no ano de 1969.

Paraíso da cegonha-branca

Na Polônia, porém, a cegonha ainda é um símbolo vivo. Com as suas vastas extensões de reservas naturais e terras agrícolas, algumas vilas chegam a ter mais cegonhas do que gente no verão. Na aldeia de Zywkowo, as aves majestosas atraem turistas, prosperidade e, segundo a lenda, até os bebês.

São mais de 15 mil casais de cegonhas-brancas que chegam, anualmente, à Polônia. O país, que é rico em lagos e pântanos, acolhe no total 50 mil dessas aves, o que representa 20% de sua população mundial.

Mas, nem todas as cegonhas têm a mesma sorte. Com a urbanização e a destruição de muitos habitats originais, algumas são obrigadas a comer lixo em aterros, durante a migração. Essa triste realidade foi constatada por investigadores de uma universidade do Reino Unido.

 Cegonha no aterro sanitário, província de Estredura, Espanha. (Foto: National Geografic/Portugal)

Sobre as aves migratórias

Agora vamos voltar ao contexto bíblico. O que levou Jeremias a dizer que “até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados”? A cegonha é uma ave migratória. Isso quer dizer que elas migram coletivamente de sua área de reprodução para uma área de alimentação e descanso, numa determinada época do ano. Depois elas retornam para o seu lar e, normalmente, elas fogem do tempo frio.

As aves migratórias do Hemisfério Norte são consideradas “grandes migrantes”, pois cruzam hemisférios, voando mais de 20 mil quilômetros. As que saem da Europa e vão para a África, percorrem 3 mil quilômetros.

Foco e disciplina

Ao cruzar oceanos e continentes, as cegonhas nunca erram o caminho. Elas não perdem a rota, nem o rumo até atingirem seu objetivo com segurança. E as cegonhas conhecem seus tempos determinados, ou seja, sabem quando é hora de partir e quando é hora de voltar. Sabem distinguir as estações do ano e se afastam do inverno, voando incansavelmente em busca do verão.

 Ao pôr do Sol, depois de se banquetearem no aterro sanitário de Medina Sidonia, em Espanha, bandos de cegonhas regressam aos seus ninhos para pernoitar. (Foto: Pinterest)

Alerta de Jeremias

Quando Jeremias cita a cegonha, ele está chamando a atenção do povo para uma situação bem específica. Veja os versículos anteriores:

“Diga a eles: Assim diz o Senhor. Quando os homens caem, não se levantam mais? Quando alguém se desvia do caminho, não retorna a ele?” (Jeremias 8.4)

“Por que será, então, que este povo se desviou? Por que Jerusalém persiste em desviar-se? Eles apegam-se ao engano e recusam-se a voltar.” (Jeremias 8.5)

Agora preste atenção no versículo 6:

“Ninguém se arrepende de sua maldade e diz: O que foi que eu fiz? Cada um se desvia e segue seu próprio curso, como um cavalo que se lança com ímpeto na batalha.” (Jeremias 8.6)

Lendo o capítulo 8 inteiro, entendemos que esse “desvio do caminho” estava na idolatria aos astros do céu, na arrogância dos que se diziam sábios, na ganância e falsidade de sacerdotes e profetas que não tratavam da ferida do povo. Eles falavam de paz, mas não havia paz. E não davam mais frutos.

Exemplo da cegonha

Ao usar como exemplo uma ave migratória, Jeremias estava dizendo que era necessário retornar aos caminhos de Deus. Ele estava mostrando que aquele que cai, pode se levantar e seguir em frente. Aquele que se desvia, pode retornar e aquele que peca pode se arrepender.

Mas, em vez disso, aquele povo insistia no erro, seguia seu próprio caminho e agia como se nada estivesse acontecendo. Perceba que o alerta não era só para o povo, mas para a liderança, que não cuidava da ferida do povo.

Aplicação da Palavra

Você consegue tirar proveito dessa palavra em nossos dias? Há pessoas que se desviaram dos caminhos de Deus e não querem retornar, ao contrário, não se arrependem e ainda perguntam: o que foi que eu fiz? Há muita gente se apegando ao engano e seguindo seu próprio curso.

Esse mesmo cenário se aplica a muitas lideranças que não tratam mais da ferida do povo, em vez disso, pregam um Evangelho que diz o que as pessoas “querem” ouvir e não o que elas “precisam” ouvir. Muitos se consideram sábios, mas estão ensinando mentiras às pessoas, assim como nos tempos de Jeremias. Mas, a justiça de Deus ainda é a mesma.

“Eles tratam da ferida do meu povo como se ela não fosse grave. ‘Paz, paz’, dizem, quando não há paz alguma. Ficaram eles envergonhados de sua conduta detestável? Não, eles não sentem vergonha, nem mesmo sabem corar. Portanto, cairão entre os que caem; serão humilhados quando eu os castigar, declara o Senhor.” (Jeremias 8.11-12)

Como dizem os versículos posteriores: “suas folhas estão secas, não há uvas na videira, nem figos na figueira”. E muitos continuam clamando pela cura. E, assim como Jeremias ficou triste, chorou e sentiu seu coração desfalecer por causa da situação, também nos dias de hoje, os verdadeiros líderes e servos de Deus estão tristes.

“Passou a época da colheita, acabou o verão, e não estamos salvos. Estou arrasado com a devastação sofrida pelo meu povo. Choro muito, e o pavor se apodera de mim. Não há bálsamo em Gileade? Não há médico? Por que, então, não há sinal de cura para a ferida do meu povo?” (Jeremias 8.20-22)

Aprenda com a lição da cegonha e conheça os tempos determinados. Ainda é tempo de voltar para casa, em busca do verão e da salvação.

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o Movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico para a ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Análise bíblica e contextual do “Cedro do Líbano” no Salmo 92: entenda a metáfora

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