Estive refletindo sobre o comportamento e o perfil de duas mulheres – Marta e Maria – que representam tão bem cada um de nós, especialmente em uma época em que não sabemos mais separar o tempo para cada atividade. Ou, se conseguimos, isso fica apenas para poucas coisas dentro da nossa rotina. Há pessoas que não separam nem mesmo o tempo para coisas essenciais como se a,imentar com qualidade, dormir ou descansar.
Em nossa jornada cotidiana, muitas vezes nos vemos tão envolvidos nos afazeres, nas lutas e no trabalho que acabamos ignorando as alegrias e as conquistas que já alcançamos. Frequentemente, somos mais como Marta, apegada às responsabilidades e às demandas externas, do que como Maria, que reservou um tempo para si mesma. E que tempo!
Marta estava sobrecarregada com as responsabilidades domésticas, enquanto Maria escolheu o que Jesus chamou de “a melhor parte”, sentando-se aos pés do Mestre para ouvir Seus ensinamentos. (Lucas, 10: 38 a 42).
Marta estava preocupada com os detalhes e as tarefas, enquanto Maria focava no que realmente importava. Jesus, ao elogiar a escolha de Maria, nos lembra que, embora as tarefas sejam importantes, é importante encontrar momentos de paz e reflexão.
O fato é que, às vezes, focamos apenas nas lutas e no trabalho, como Marta. No entanto, precisamos refletir sobre Maria, que, com sua atitude e compreensão do tempo que tinha para si, ao sentar-se aos pés de Jesus, se tornou mais que vencedora!
Em um mundo que constantemente nos empurra para colecionar troféus e medalhas, como se esses fossem a medida de nosso sucesso, é vital lembrar que nossa verdadeira recompensa está na nossa relação com Deus e na paz interior. Em Romanos 8:37, lemos: "Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou." A nossa vitória não está apenas nos feitos externos, mas na nossa identidade como amadas do Pai.
Veja o que disse o psiquiatra Carl Jung: "Aquele que olha para fora, sonha; aquele que olha para dentro, desperta." Isso sugere que a introspecção e o autocuidado são essenciais para encontrar equilíbrio e felicidade.
Quando Maria estava ouvindo Jesus, ela estava se voltando para dentro de si mesma e comparando aqueles ensinamentos com sua própria vida. Ela compreendeu claramente que, antes de conquistar algo externamente, é essencial dedicar tempo para refletir sobre nossas conquistas internas e espirituais. Uau! Que mulher sábia!
Conhecido por sua contribuição à psicologia e à busca pelo sentido da vida, Viktor Frankl, um neurologista, psiquiatra e sobrevivente do Holocausto que gosto de citar, afirmou: "Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos." Esse conceito é real e nos lembra que, independentemente das circunstâncias externas, nosso valor e nosso sucesso estão profundamente enraizados na forma como respondemos a essas circunstâncias e na maneira como cultivamos nossa vida interior.
O exemplo de Maria, que escolheu a melhor parte ao sentar-se aos pés de Jesus, também nos faz compreender a importância de valorizar a presença de Deus em nossas vidas. Não se trata de menosprezar o trabalho e as lutas, mas de entender que há algo mais profundo e significativo além desses aspectos.
Enquanto buscamos conquistar medalhas e troféus, é preciso lembrar que nossa verdadeira vitória vem de nossa relação com Deus e do equilíbrio entre o trabalho e a espiritualidade. Maria deixou tudo para viver seu papel de filha, enquanto Marta se pôs como serva.
O Pai busca filhos, adoradores, homens e mulheres que se derramam a seus pés porque veem Nele a fonte de suas realizações.
Não se esqueça de que o Pai ama você.
Darci Lourenção é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.
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