Existe toda uma espera ansiosa e generalizada: “Quando as águas baixarem...” O gaúcho anseia por isso. O Brasil torce. O mundo está de olho. O povo da fé ora. É o que a grande maioria aguarda, quando as águas baixarem...
Observe, esta expressão é usada normalmente para situações difíceis, de crises. “Quando a poeira baixar...”, “Baixa essa bola que a coisa não tá boa pra você...”, “Pode ir baixando essa crista...”. Notou? Em cada situação, das mais simples às mais complexas, o ponto é o mesmo, é necessário esperar passar o pior para poder agir ou reagir.
O problema é quando demora pra baixar seja o que for que precise baixar. As dores se intensificam, as vergonhas são expostas, as humilhações surgem, o impensável acontece. E se demora pra baixar, outro tipo de “baixar” acontece, baixaria. Isso mesmo, sobra baixaria pra todo lado, enquanto as vítimas reais de cada situação, fragilizadas e indefesas, vão sendo destruídas pelas águas que não baixam.
Crises que só terão solução depois das “baixas”, muitos assim concluem. Deveriam provocar um desejo oposto, o de subir. Águas que baixam ou poeiras que baixam, apenas revelam cenários de terra arrasada, cicatrizes que ficam na carne, marcando as dores e as perdas. O “baixar” da temperatura, do vento, da água, da neblina, da poeira, possibilita movimentos, mas nem sempre será a solução definitiva. Sempre haverá amanhã, e outras tragédias se mostrarão.
Queremos o “baixar”? Sim. Mas nossa expectativa precisa ser muito maior. Precisa ir além. Além da lama, além do chão. Precisa subir. O mundo “baixa” o seu nível moral e ético a cada dia. A humanidade “baixa” seus valores a cada geração. A igreja, porém, não pode entrar nesse movimento de baixa.
A igreja precisa exercitar sua vocação de subir. Com Cristo, para Cristo, por Cristo. Jesus vem buscar sua igreja para, com Ele, em glória, subir. Nosso descanso e solução, definitivamente, não é aqui. Aguardamos novos céus e nova terra em que habita a justiça, e isso, amigos, é certamente outro nível, mais nobre, santo e alto. Tão alto que não temos palavras para descrever.
Sim, oramos para tudo que tem que baixar, baixar. Mas também não cessamos de orar na perspectiva das promessas do Santo, Aquele que vem com as nuvens, pois subir é nossa expectativa, naquele dia que sua igreja anseia e aguarda. Enquanto aqui, façamos o melhor que estiver ao nosso alcance, pois está chegando a hora de vivermos um tempo de paz como nunca antes, eterno e absolutamente perfeito.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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