Descartável é uma palavra que explica bem o tempo atual. Nada de consertar o que se quebra, o negócio é substituir pelo novo e mais moderno. Das coisas para as pessoas, foi só uma questão de tempo, basta ver o crescente número de casamentos desfeitos antes do quinto ano de aniversário nupcial.
Nestes dias participei do velório de um amigo. Dentre as muitas virtudes deste amigo, destaco uma: 61 anos de casamento. Isso mesmo, sessenta e um anos de vida a dois. Conheço a família e posso afirmar, foram sessenta e um anos de vida feliz, plena, realizadora, exemplar e cheia de muito amor.
Raridade, diriam alguns. Nem tanto. Conheço mais casais assim. Dentre vários, cito com gratidão os meus pais, sessenta e um anos também, e com muita alegria e sonhos que ainda querem realizar.
Mas, e a separação? Dói? Dói muito. Por mais que tentemos ou especulemos, é difícil mensurar os estragos na vida dos filhos de pais separados. Ela, a separação, mesmo quando desejada, no momento que é consumada sempre deixa pedaços de dor. Afinal, ninguém casa planejando se separar. Embora já exista um conceito perigosamente consolidado na cabeça dos casais atuais: “Bem, vou casar, se não der certo a gente separa.”
E para o casal que é fiel aos pactos da aliança, a separação dói? Dói tanto quanto. Pois cumpre a orientação “até que a morte os separe”. Note, a separação, em si, já traz suas dores, pois separar implica perda, por outro lado o componente “morte” amplifica no coração os gemidos de dor. Aqui, no entanto, convivendo com a dor da saudade, existirá sempre a paz no coração e a leveza da consciência por uma vida digna que foi escrita a dois com fidelidade aos votos prometidos.
Depois do velório que citei, no dia seguinte, eu e minha família encontramos a viúva numa festa de casamento. Ao abraçá-la ela me disse: “Ore muito por mim, ore muito por mim, vou precisar da oração de todos os irmãos e amigos.” Desde sempre ela já está em nossas orações, agora ainda mais.
Ela, a viúva, vai conviver com a dor da saudade. Mas ela também vai cultivar uma boa e doce gratidão por conta do presente representado pelos sessenta e um anos de vida conjugal, por cada história, por cada experiência única que junto viveu com seu marido. Essa paz de alma e amor no coração jamais irão se separar dela.
Valorizar o que temos enquanto temos seguirá sendo o caminho para uma vida feliz, e o Miguel e a Zoca, meus amigos e irmãos desta história, valorizaram cada minuto! Que as separações vividas sejam apenas aquelas do fluxo natural da vida. Caso contrário, se já viveu ou está vivendo o drama de uma ou mais separações, não entre em pânico, dá tempo de voltar aos planos perfeitos de Deus, pois das separações, a separação dos caminhos dEle é a mais danosa, a que mais prejuízo traz. Enfim, encare a vida, os votos, as juras de amor que um dia prometeu, não recue, não fuja, não se deixe vencer pela aparente fácil solução da separação, unido a Cristo você poderá superar todas as crises do momento e encontrar-se de novo com a satisfação da felicidade. Espere, confie, creia.
Paz!
- Edmilson Mendes
e-mail: [email protected]
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina