Um dos lemas da Reforma Protestante do século XVI foi: “Igreja Reformada, sempre reformando”. O que isso não significa? Não significa que a igreja deve sempre buscar mudanças e novidades, aderindo às últimas novidades do mercado da fé. O que significa? Significa que a igreja precisa constantemente examinar sua teologia e sua ética para saber se estão alinhadas com as Escrituras.
Ao examinarmos a igreja contemporânea pelo crivo das Escrituras, chegamos à conclusão inequívoca, que ela precisa de uma nova reforma e isso, por algumas razões:
Em primeiro lugar, porque há na igreja contemporânea sinais de infidelidade às Escrituras. O liberalismo teológico, fruto do Racionalismo e do Iluminismo, tem devastado igrejas em todos os continentes. Seminários teológicos que formaram pastores, missionários e teólogos de grande envergadura foram tomados de assalto pelos liberais e hoje espalham seu veneno letal, negando a inerrância, a infalibilidade e a suficiência das Escrituras. Por outro lado, vemos avançar no meio evangélico o sincretismo religioso. O misticismo pagão adentrou os portais das igrejas e práticas completamente estranhas à palavra de Deus são adotadas nos cultos, desviando as pessoas da sã doutrina. Se o liberalismo tira das Escrituras o que nelas estão, o sincretismo acrescenta a elas o que nelas não pode estar. Assim, liberalismo e sincretismo atentam contra a eterna palavra de Deus, empurrando a igreja para o abismo da apostasia.
Em segundo lugar, porque há na igreja contemporânea evidência de graves desvios morais. A teologia é a mãe da ética. O homem pratica o que o que ele crê. Se a crença está errada, a vida estará errada. Se a doutrina é falsa, a ética será trôpega. Se os marcos doutrinários são arrancados, o relativismo moral se estabelece. As pessoas entram para a igreja, mas não são transformadas. Há muita adesão e pouca conversão. Muito ajuntamento e pouco quebrantamento. Há igrejas lotadas de pessoas vazias de Deus. Há pastores que são lobos disfarçados. Seu propósito não é alimentar as ovelhas, mas destruir as ovelhas. São camelôs da fé. Mercadejam a palavra. Buscam avidamente o lucro. Querem um império financeiro. Não amam o Supremo Pastor das ovelhas nem cuidam das ovelhas do Supremo Pastor. Entregam-se a todo desvario moral, sucumbem às seduções deste mundo e tornam-se guias cegos de pessoas cegas.
Em terceiro lugar, porque há na igreja contemporânea indícios de uma ortodoxia sem vigor espiritual. Se alguns descambam na teologia e na ética, outros mantêm-se fiéis à doutrina, mas perderam o fervor. Como a igreja de Éfeso, são firmes na palavra, são zelosos na ética e perseveram nas tribulações, mas já abandonaram o seu primeiro amor. Falta-lhes não luz na cabeça, mas fogo no coração. Falta-lhes brilho nos olhos. Estão áridos como um deserto e secos como um poste. Sua ortodoxia está ossificada. Há um abismo entre o que creem e o que vivem, pois a verdade que professam não aquece mais seu coração. Conseguem ver os desvios dos outros, mas não a falta de amor neles mesmos. Conseguem suportar perseguição por causa do evangelho, mas não se deleitam no evangelho nem o proclamam com senso de urgência. A vida cristã foi colocada no piloto automático. As coisas acontecem dentro de uma rotina enfadonha. Nada muda. Nada acontece. Estão tão acostumados com o sagrado que não sentem mais deleite nas coisas lá do alto. Perderam a visão do sublime. Perdem a alegria da adoração. Deixaram o fogo se apagar no altar do incenso. Não oram mais com fervor. Ah, sim, nós precisamos de uma nova reforma, uma reforma que nos leve de volta à doutrina dos apóstolos. Uma reforma que nos leve de volta ao deleite na adoração e ao fervor na oração. Uma reforma que nos tire do conforto das quatro paredes e nos leve aos recônditos da nossa cidade, aos pontos cardeais da nossa nação e aos lugares mais longínquos do mundo. Oh, que nosso coração se volte para Deus em sincero arrependimento! Oh, que Deus derrame sobre nós do seu Espírito, trazendo restauração para sua igreja!
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