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Ordem no Caos

Ordem no Caos

Atualizado: Sexta-feira, 25 Junho de 2010 as 1:52

F iquei um pouco atordoado ao chegar à Índia. você possivelmente jamais viu tanta gente, a menos que tenha estado na China. Nova Delhi, é surreal. Inacreditável. Desorienta. A sujeira, a desorganização, a ausência de um padrão lógico que faça sentido para a mente ocidental, nos deixa algo zonzos... É como um formigueiro. A única diferença é que o formigueiro tem certa organização... Depois de algum tempo observando intrigado a incrível confusão, percebi que a polêmica teoria do caos aos poucos se ia confirmando. Existe mesmo alguma ordem no caos? Parece que sim. Não dá para entender, por exemplo, como o trânsito na Índia funciona sem que haja uma trajédia de grande monta diariamente. Todavia, funciona. Existe, portanto, ordem no Caos. O meu silogismo talvez não esteja bem alinhavado, mas é mais ou menos por aí.

O s motoristas dirigem loucamente, businando desesperadamente, numa verdadeira balbúrdia que mais parece a Corrida Maluca dos mestres do cartoon, Hanna e Barbera. Você  vai se sentir numa aventura inacreditável ao tomar um taxi em Nova Delhi. As emoções da corrida vão trazer o seu coração da sua segura zona de conforto para as raias do desespero... Impossível não se ''emocionar'', dar alguns gritos,  risadas nervosas, e também dar glória a Deus depois de pagar a corrida, pelo simples fato de estar descendo do taxi inteiro. Quem conhece a Índia sabe que não estou exagerando.

N uma dessas corridas conheci Vidji, um dos muitos milhões de simpáticos indianos. Ao começarmos a conversa percebi logo de cara que estava diante de uma daquelas pessoas simples e absolutamente agradáveis com quem bater um papo. Depois de algum tempo de papo o assunto acabou caindo na arena das religiões. Perguntei a Vidji quem era o seu Deus para então ouvir a resposta mais inusitada a uma pergunta que já tive na vida. O indiano respondeu: ''O meu deus é você!'' Meio atônito perguntei: ''Como assim?''. Ele respondeu: ''Meu deus é quem me sustenta, e quem me sustenta são os clientes...''

A o perceber como eu fiquei surpreso diante da resposta, e também para não ofender seus outros deuses, apontou logo para as fotos de várias divindades hindus que carregava no painel e disse, procurando apresentar aos seus outros deuses uma reverência nada convincente: ''É claro que também adoro ao senhor Ganesh, ao senhor Shiva...''. Diante do rosário de deuses que ele ia apresentando perguntei a queima roupa: ''Afinal, qual dentre todos esses é o verdadeiro deus? Confesso que não estava preparado para a resposta. Mais uma vez seria surpreendido pela resposta do meu já quase amigo indiano. Ele simplesmente respondeu: ''Não sei!'' e acrescentou: ''Para dizer a verdade, me sinto confuso com respeito a isso...''.

A briu-se a porta para a evangelização. Lá estava ela, escancarada, e melhor, pedindo que eu entrasse e me fizesse em casa. ''Vidji - disse com intimidade chamando o meu amigo pelo nome  - a Bíblia diz que...'' É, entretanto, muito complicado dizer para alguém que não tem qualquer noção da importância da Bíblia, que a Bíblia diz isto e aquilo… Ele poderia muito bem dizer: ''E daí?''  Mas a empatia já criada não permitiria movimentos bruscos. Apresentei Jesus a ele como o único e verdadeiro Deus, tomando o cuidado de não ofender sua crença. O cristianismo, entretanto, é absolutamente exclusivista... se Jesus é o único digno de culto, de adoração, se é o verdadeiro Deus, então quem são os outros?

P artindo da base que ele mesmo me dera, ao dizer que se sentia confuso com respeito ao verdadeiro Deus, perguntei: ''Vidji, você sinceramente gostaria de conhecer o verdadeiro Deus?'' Ele respondeu que sim. Desafiei-o a fazer um teste e dei as orientações. Disse-lhe: ''você vai chegar em casa e fazer suas orações a Jesus, pedindo a ele para te mostrar quem é o verdadeiro Deus''. A acrescentei: ''Ore com honestidade e prepare-se! você vai ter a experiência mais incrível de sua vida!''

P arecendo ter ficado curioso, logo perguntou, como se já contabilizando o peso das decisões que teriam que ser tomadas: ''Isto quer dizer que eu vou ter que ir para igreja dos cristãos e me tornar cristão também?''. Ao que respondi: ''Não, não estou dizendo nada disso. Quem vai dizer o que você terá que fazer é o Senhor Jesus... Ele vai te mostrar quem é o verdadeiro Deus, e ele mesmo vai te dizer o que você terá que fazer''.

E m meio ao caos das religiões e ao engano dos deuses falsos, é possível encontrar ordem; Jesus continua dando sentido ao mundo caótico dos homens,ainda que tudo pareça tão confuso e absurdo. É bastante improvável que eu venha me encontrar com Vidji novamente em meio a mais de um bilhão de indianos, mas levei a impressão de que algo acontecera no coração daquele homem. Paguei a conta e desci do carro feliz por estar saindo com minha vida, e mais ainda por ter levado Vida à vida do meu amigo.

Luiz C. Leite   é pastor, psicanalista, administrador de empresas, conferencista e escritor. Autor de "O poder do foco", editora Memorial; e "A inteligência do Evangelho", editora Naós; além de vários títulos por publicar.

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