O s chamados Cinco Pontos do Calvinismo, contrariamente ao que sugere a fórmula, nada tem a ver, em termos, com João Calvino (1509-1564). O documento foi publicado cerca de 50 anos após a morte de Calvino. Não foi elaborado, tampouco, como julgam alguns, com o intuito de sintetizar a fé reformada, mas para providenciar resposta aos discípulos de Jacob Hermann (Arminius) que haviam lançado um documento denominado os Cinco Pontos do Arminianismo e intentavam com isso influenciar a orientação da igreja reformada na Holanda que esposava fortemente a doutrina da predestinação.
A rmínio (1560-1600) contestava a predestinação e a vontade soberana de Deus da forma como se ensinava nos púlpitos e seminários de seus dia; cria no livre arbítrio e na responsabilidade humana de escolher entre obedecer ou não ao chamado de Deus e responder positivamente ao apelo de sua própria consciência. Segue os Cinco Pontos Arminianos e Calvinistas:
1. Vontade Livre O arminianismo diz que a vontade do homem é livre para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.
1. Depravação Total O calvinismo diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.
2. Eleição Condicional O arminianismo diz que a eleição é condicional, ou seja, acredita-se que Deus elegeu àqueles a quem pré-conheceu, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem.
2. Eleição Incondicional O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.
3. Expiação Universal O arminianismo diz que Cristo morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não querem aceitar, irão para o inferno.
3. Expiação Limitada O calvinismo diz que Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a justiça de Deus, quando forem lançados no inferno.
4. A Graça pode ser Impedida O arminianismo afirma que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, permite ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].
4. Graça Irresistível O calvinismo entende que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (= alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (= regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida. No momento que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.
5. O Homem pode Cair da Graça O arminianismo conclui, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma teologia de obras pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo). Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de queda (ou perda) da graça, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, pode ser salva de novo. Tudo depende de sua continua volição positiva até à morte!
5. Perseverança dos Santos O calvinismo sustenta muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, para ser salvo -, é óbvio que o permanecer salvo é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos perseverarão pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos.
Luiz C. Leite é pastor, psicanalista, administrador de empresas, conferencista e escritor. Autor de "O poder do foco", editora Memorial; e "A inteligência do Evangelho", editora Naós; além de vários títulos por publicar.
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