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Gratidão: Um traço hereditário?

As ações de gratidão e compreensão levaram, em última análise, ao nascimento do Rei Davi, o antepassado do Messias.

fonte: Guiame, Mário Moreno

Atualizado: Segunda-feira, 16 Setembro de 2024 as 3:35

(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Casamento: O laço que une. É o bloco de construção de qualquer nação e a fundação para seu crescimento. No entanto, a lei judaica restringe com quem os filhos de Abraão podem se casar – mesmo entre aqueles que compartilham sua própria fé. A Torah nos diz que nem um homem amonita nem moabita pode se casar com descendentes diretos de Abraão.

A Torah nos diz o motivo dessa restrição. “Sobre o fato de que eles (Amon) não te saudaram com pão e água quando você saiu do Egito e por empregar (Moabe) Bilaam, filho de Pe’or, para te amaldiçoar” (Dt 23:4-5)

Devemos realmente nos perguntar: de acordo com a Torah, qualquer um tem permissão para se tornar judeu. Isso requer a aceitação das mitzvot [preceitos da Torá] e das responsabilidades que o judaísmo acarreta. No entanto, a Torah, ao que parece, tem grandes razões para proibir homens descendentes da nação de Amon e Moabe de se casarem com descendentes diretos de Abraão.

Certamente não é somente a recusa de pão e água ou o emprego de um feiticeiro para amaldiçoar os judeus. Afinal, os egípcios escravizaram os descendentes de Ia’aqov [Jacó]. No entanto, os convertidos egípcios podem se casar com judeus – embora após três gerações de espera. Até mesmo os descendentes convertidos de nosso inimigo Esaú podem se casar com os filhos de seu irmão inimigo Ia’aqov. Qual é então o traço maligno inerente de Amon e Moabe que não permite sua união com Abraão?

Um jovem estudante brilhante entrou nos portais da Yeshiva Torah Voda’ath na década de 1940. Vindo de uma distinta família rabínica que incutiu nele uma mente criativa, ele questionou algumas das regras e restrições arcanas do dormitório que foram impostas com meninos de menos caráter em mente.

Mas regras, disse o conselheiro do dormitório, são regras e ele queria que o jovem estudante fosse temporariamente expulso até que ele concordasse em se conformar. Uma expulsão desse tipo não deixaria ao jovem (que morava fora da cidade) outra alternativa a não ser deixar a Yeshiva.

Eles levaram o assunto ao Rosh Yeshiva, Rabino Yaakov Kamenetzky. “É verdade”, ele disse, “regras são regras, mas devo algo a esse jovem.” O conselheiro do dormitório parecia atordoado.

“Nos anos 1800, o bisavô desse garoto ajudou a estabelecer o kollel (programa de bolsa de estudos para estudiosos casados ​​da Torah) no qual eu estudaria algumas décadas depois. Tenho uma dívida de gratidão com sua família. Se as regras não permitirem sua estadia no dormitório, ele dormirá em minha casa.”

Uma característica essencial do povo judeu é a gratidão. Os filhos de Avraham são instilados com ela, seja gratidão a Hashem ou seus mensageiros mortais. No entanto, parece que Amom e Moabe não têm senso de gratidão. Seu antepassado foi Ló, sobrinho de Avraham que criou Ló, e o salvou durante uma guerra cruel. Avraham ensinou a Ló o espírito de hospitalidade e ajudou a estabelecê-lo na vida. No entanto, os filhos de Ló, Amom e Moabe, não demonstraram gratidão. Na verdade, eles estavam ansiosos para destruir os filhos de Avraham — tanto física quanto espiritualmente. Não pode haver fusão dessas duas características.

Podemos lidar com inimigos. Quando um edomita ou egípcio aceita a fé, ele pode se tornar um verdadeiro parceiro em todos os aspectos que unem os judeus — até mesmo no casamento. Mas na harmonia da família judaica, na construção do futuro de nossa nação, não há espaço para ingratos.

As mulheres moabitas, no entanto, estão isentas da proibição. Parece que elas não tinham controle sobre as decisões. Quão interessante é notar que a convertida moabita, Rute, a mulher que demonstrou tremenda gratidão para com sua sogra, foi o exemplo que estabeleceu precedentes que suspendeu a proibição sobre as mulheres moabitas convertidas.

Essas ações de gratidão e compreensão levaram, em última análise, ao nascimento do Rei Davi, o antepassado de Mashiach [Messias].

Tradução: Mário Moreno

 

Mário Moreno é fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia ao artigo anterior: O poder da oração

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