À medida em que vão crescendo, as crianças fazem perguntas mais elaboradas. O importante, seja em que fase for, é que os pais digam sempre a verdade, orienta a psicóloga e psicopedagoga Marina Almeida, consultora de Educação Inclusiva do Instituto Inclusão Brasil, acrescentando: Fale sempre no vocabulário que a criança entenda, de uma forma lúdica, sem jamais repreender o pequeno por que tal pergunta foi feita:
Veja nos quadros a seguir algumas das perguntas mais comuns feitas pelas crianças e como elas se comportam, de acordo com a idade, segundo Marina Almeida:
Aos 2 anos:
Normalmente, as primeiras perguntas dos filhos nessa idade estão relacionadas à identidade (ser homem ou mulher) e aos diferentes tamanhos e formas:
Papai, por que o seu pênis é grande e o meu é pequeno?
Por que a mamãe faz xixi sentada e eu de pé?
Por que não posso fazer xixi onde eu quiser?
Por que não posso dormir com vocês?
Posso ver você pelado?
De 3 a 4 anos:
A criança é muito ativa, já passou pelo processo de descobertas, e cabe aos pais impor limites entre o que pode e o que não pode. O desenvolvimento da linguagem é mais intenso, passa a ouvir e compreender melhor o que lhe é falado. Tem imaginação fértil, mistura fantasia com realidade. Sente muitos medos e precisa arrumar super-heróis para protegê-la das fantasias que as assustam. É capaz de cooperar e deseja a aprovação dos pais.
A questões ficam por conta de:
Posso fazer xixi de pé, como meu irmão? (menina)
Por que o pênis do Rafael é diferente do meu?
O que é isto embaixo do meu pênis?
Por que meu pênis ficou duro?
As meninas têm pipi?
Mamãe você tem pipi?
Por que vocês fecham a porta do quarto ou o que vocês estavam fazendo na cama? Posso ver?
Por onde os bebês saem?
Como eu nasci?
E para sair da barriga demora? Como eu comia lá dentro?
Onde eu estava antes de entrar na sua barriga?
Aos 4 anos:
É a fase dos jogos infantis. As crianças gostam de fazer cócegas, tocar em seus órgãos genitais e no dos amigos, fazem brincadeiras de médico, papai e mamãe, de escolinha. Essas brincadeiras são saudáveis (desde que seja feita entre crianças), fazem parte do desenvolvimento normal delas e pode durar até os seis anos. Não há nada de conotação sexual nessas brincadeiras. Quem vê dessa forma são os pais. As crianças estão descobrindo o corpo e é normal mexerem em seus órgãos genitais. É nessa fase também que estão interessadas em falar palavras ligadas ao corpo ou a sexualidade. Começam ainda a descobrir a amizade, a se dar bem com os amigos, embora briguem muito. Também começam a estruturar seus valores morais e éticos.
Aos 5 anos:
A criança já tem um vocabulário variado, usa frases corretas e complexas, quer saber como funcionam as coisas e consegue verbalizar melhor as suas dúvidas. A mesma curiosidade que a leva a destruir os brinquedos para saber como são por dentro, a motiva a perguntar a origem das coisas. Fala de namorado/namorada, tem melhor relacionamento com outro sexo, começa a ceder, cooperar, quer ajudar. Tem amiguinhos imaginários e faz perguntas mais elaboradas:
Por que o feijão faz a gente ficar forte?
Por que chove?
O que é trovão?
Como nascem os bebês?
Como os bebês entram na mamãe?
O papai tem bebê dentro dele?
O que é camisinha?
Aos 6 anos:
Mesmo que a criança não tenha perguntado nada até essa idade, de alguma maneira ela sabe sobre o assunto. Se os pais iniciarem o processo de falar de sexo com os filhos a partir daí, precisam se tornar mais maleáveis. Não exija respostas certas da criança, nem corrija de forma drástica, religiosa ou moralista. Lembre-se: perguntas simples, respostas simples. O susto e o medo são dos pais e não de quem pergunta.
Por que meu pipi é tão pequeno?
Posso entrar no banheiro quando você está tomando banho?
Como é que se beija?
Com amor, vontade e simplicidade é possível ajudar os filhos a terem mais tarde uma vida afetiva e sexual mais saudável. E se não houve uma conversa aberta sobre esse assunto antes, não se culpem, pois sempre é hora de recomeçar.