Ciganos passam a ter acesso ao Evangelho de Lucas após tradução

Desde 2010, o Projeto Bíblia Cigana já traduziu para a chibi o livro de Gênesis, Rute, materiais diversos e outras 40 histórias avulsas.

fonte: Guiame, com informações da SBB

Atualizado: Sábado, 12 Maio de 2018 as 1:20

Tratados como “trapaceiros” e “vagabundos”, os ciganos sofreram intensa difamação. (Foto: Reprodução).
Tratados como “trapaceiros” e “vagabundos”, os ciganos sofreram intensa difamação. (Foto: Reprodução).

Mais um livro da Bíblia foi traduzido para o Calon, uma língua cigana. Agora, o evangelho de Lucas está acessível para essa comunidade que sofre preconceito da sociedade. Eles receberão, no dia 13 de maio, o livreto editado pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).

Desde 2010, o Projeto Bíblia Cigana já traduziu para a chibi o livro de Gênesis, Rute, materiais diversos e outras 40 histórias avulsas, além de dublagem de um filme sobre Jesus, Gênesis e Rute.

A iniciativa integra o Projeto Bíblia Cigana, desenvolvido pela Missão Amigos dos Ciganos (MACI). A obra será apresentada durante um culto especial na Igreja Cigana de Itapevi (SP), às 19h. Na ocasião, a SBB estará representada pelo secretário de Tradução e Publicações, Paulo Teixeira, e pelo gerente de Desenvolvimento Institucional, Mário Rost.

Coordenador do Projeto Bíblia Cigana, da MACI, Antonio Alves Pereira explica que, no Brasil, há dois grandes grupos étnicos ciganos – os Calon e os Rom. Esta porção bíblica está em língua Calon, conhecida como chibi, que segundo estimativas é falada no Brasil por pelo menos 600 mil pessoas.

“Nosso povo chegou ao País em 1574, oriundo de Portugal. Infelizmente, chegamos aqui involuntariamente, expulsos pela Coroa Portuguesa, que criminalizava nossa identidade étnica, considerando todo aquele que se identificava (ou era identificado) como ‘cigano’ como uma ‘praga’ a ser combatida. Por isso, desde o início, enfrentamos muita discriminação e humilhação, sendo marcados por estereótipos que impediam a nossa interação com os moradores da nova colônia”, ele relata no prefácio da obra.

Tratados como “trapaceiros”, “vagabundos”, “ladrões de crianças” e “bruxos”, rótulos criados na Europa, os ciganos sofreram intensa difamação e, consequentemente, muitas perseguições. “Entendemos que a unidade do nosso povo seria o único caminho para a sobrevivência. Um dos elementos que mais nos uniu e nos serviu como proteção foi nossa língua, que uma vez falada próximo dos perseguidores nos dava vantagem de fuga, quando nos sentíamos acuados. Com essa função protetiva, a chibi foi considerada uma dádiva divina exclusiva dos ciganos e, portanto, proibida para não ciganos”, ressalta.

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