Com mais de 60 igrejas destruídas, cristãos de Mianmar enfrentam genocídio

O pastor Bob Roberts alertou que o genocídio sofrido pelos cristãos Kachin está se assemelhando à crise dos Rohingya, tão alarmada pela ONU.

fonte: Guiame, com informações da CBN News

Atualizado: Quarta-feira, 11 Julho de 2018 as 9:26

Cristãos fogem de suas terras em Mianmar, onde milhares de pessoas são vítimas de violência. (Foto: Reprodução/Faithwire)
Cristãos fogem de suas terras em Mianmar, onde milhares de pessoas são vítimas de violência. (Foto: Reprodução/Faithwire)

Um pastor norte-americano está alertando o Congresso dos Estados Unidos sobre a situação crítica que cristãos da etnia Kachin estão vivendo em Mianmar. Fundador da igreja Northwood, Bob Roberts afirmou que se providências não forem tomadas, o quadro pode se tornar tão grave ou até pior que o dos Rohingya  muçulmanos que estão sofrendo intensa perseguição no país — podendo se caracterizar como genocídio.

Roberts é membro da Coalizão de Fé para Parar o Genocídio em Mianmar. Membros do grupo de tolerância inter-religiosa reuniram-se em Washington, DC, na última terça-feira (10), para detalhar o sofrimento dos Rohingya, e também para alertar que os cristãos Kachin enfrentam uma potencial limpeza étnica.

Roberts disse estar alarmado ao saber que as mesmas unidades militares de Mianmar que incendiaram aldeias e que estupraram e mataram pessoas da etnia Rohingya no Estado hingyade Rakhine estão agora em patrulha no Estado de Kachin.

"Quando você radicaliza e cria essa violência entre os soldados que estupraram e assassinaram, você simplesmente não desliga o interruptor", disse ele. Roberts ainda revelou que as unidades militares bombardearam ou incendiaram mais de 60 igrejas nos últimos 18 meses.

Em outubro passado, Roberts se juntou ao rabino David Saperstein em uma viagem para avaliar a situação dos refugiados Rohingya em Bangladesh.

Situa de Kachin

Os Rohingya são muçulmanos perseguidos de suas aldeias pelos militares birmaneses. Seu êxodo de Mianmar no ano passado foi a maior migração em massa de um grupo de pessoas na história moderna, já que mais de 700 mil Rohingya fugiram da violência e da perseguição.

Roberts disse que ficou chocado com o que ele testemunhou e talvez mais chocado depois de saber que os Kachin também estão sofrendo perseguição nas mãos dos militares birmaneses.

"Eu voltei para casa e comecei a ouvir pessoas me dizendo: 'você é um evangélico, você é um cristão... o que tem a dizer sobre os Kachin?'. E eu fiquei sentido em dizer que não sabia muito sobre o povo Kachin", explicou Roberts.

Assim, Roberts foi ao estado de Kachin da Birmânia para se encontrar com pessoas deslocadas internamente em campos de refugiados (IDP), onde ele soube do seu sofrimento em primeira mão.

"Fiquei bastante alarmado com o que vi. O que me assustou ainda mais  fiquei curioso com o quão bem os Kachin realmente entenderam o que havia acontecido no estado de Rakhine com os Rohingya... E o começo do que estava acontecendo no Estado de Kachin era muito semelhante", disse Roberts.

Aproximadamente 95% das pessoas do estado de Kachin são cristãs. Eles foram evangelizados há mais de 180 anos pelo missionário batista Adoniram Judson.

Roberts diz que os cristãos americanos precisam orar pelos Kachin e pelos Rohingya. Ele também sugere que as pessoas contatem os membros do Congresso de seu país e os incentivem a ajudar.

"O problema é que, como ocidentais, não podemos chegar lá na maior parte do tempo, não podemos nos tornar voluntários. Então, a maior coisa que você pode fazer é enviar dinheiro e recursos para a Convenção Batista de Kachin", insistiu Roberts. "É uma questão muito séria. Isso não é uma coisa menor".

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