“É o Partido Comunista que politiza a liberdade religiosa, não os cristãos", diz chinês

Cristãos têm relatado que o Partido Comunista tenta mascarar uma suposta 'liberdade religiosa' no país e a usa com fins políticos.

fonte: Guiame, com informações da CBN News

Atualizado: Segunda-feira, 3 Agosto de 2020 as 10:38

Cristãos têm sofrido repressão cada vez maior por parte do Partido Comunista na China. (Foto: Tyrone Siu/Reuters via CNS)
Cristãos têm sofrido repressão cada vez maior por parte do Partido Comunista na China. (Foto: Tyrone Siu/Reuters via CNS)

Os cristãos na China têm afirmado que a última onda de perseguição contra eles chegou a tal ponto que pode ser igual ou até superior à do tempo que igreja sofreu durante o auge da Revolução Cultural, promovida pelo ex-presidente Mao Tsé-Tung, entre 1966 e 1976.

Nos últimos anos, a Igreja na China tem sofrido pressões contínuas sob o governo presidente Xi Jinping, mas os cristãos locais estão dizendo que a opressão do governo se intensificou desde o início da pandemia global da Covid-19 no início deste ano (2020).

No dia 22 de julho de 2020, uma batida forte na porta podia ser ouvida na casa de uma mulher na cidade chinesa de Xiamen. Ela disse à polícia do lado de fora que eles não poderiam entrar em sua casa sem permissão.

Momentos depois, eles destruíram a fechadura e entraram de qualquer maneira, interrompendo uma reunião que o governo dizia ser ilegal.

Quatro dias depois, no domingo, 26 de julho, funcionários do governo removeram a cruz do telhado da Igreja Cristã de Small River, no condado de Xinfeng, província de Jiangxi.

Estes são apenas dois exemplos recentes que ocorreram alguns dias atrás na repressão do Partido Comunista Chinês a cristãos e suas igrejas.

O presidente da organização de apoio à Igreja Perseguida ‘China Aid’, pastor Bob Fu disse que essa onda de perseguição realmente começou em 2015, mas agora o Partido Comunista Chinês tem uma nova desculpa para intensificar seus ataques aos cristãos: a pandemia do coronavírus.

"Agora, sob esse pretexto da Covid-19, o Partido Comunista Chinês intensificou sua perseguição proibindo todas as atividades da Igreja, até mesmo mesmo os cultos, reuniões de oração nas casas dos crentes com seus próprios familiares", disse ele.

O governo também usou isso como desculpa para prender os cristãos que pediam, promoviam ou participavam de reuniões de oração on-line.

Aumento da perseguição

A agência americana de notícias cristãs ‘CBN News’ informou que a remoção de cruzes de igrejas ganhou força no mês de julho. Além da remoção da cruz da igreja ‘Small River’, em 7 de julho, mais de 100 policiais do Departamento de Segurança Pública (PSB) e outros foram enviados para supervisionar a retirada das Igrejas de Aodi e de Yinchang, na província chinesa de Zhejiang.

Policiais espancaram cristãos que tentaram parar a remoção da cruz. Os membros da igreja disseram que entre os feridos estava um idoso de 80 anos, violentamente empurrado para o chão.

E em 5 de julho, a polícia interrompeu um culto da Igreja Guilin Enguang, prendendo os anciãos da igreja.

Horas depois, os membros da igreja cantaram hinos do lado de fora da estação do Seven Star Public Bureau, enquanto aguardavam a libertação de seus líderes.

Fu disse que toda essa repressão exercida pelo Partido Comunista Chinês faz parte de uma nova campanha de Sinicização da Igreja, que significa que os cristãos só são considerados bons cidadãos se aderirem à ideologia comunista.

"Ironicamente, um retrato com imagens do atual presidente Xi Jinping e do ex-presidente Mao Tsé-Tung foi colocado no púlpito da igreja e o primeiro momento da liturgia do culto da igreja sancionada pelo governo antes da pandemia da Covid-19 era cantar o hino nacional do Partido Comunista", explicou Fu.

Os exemplos vão além das igrejas. Na cidade de Fuzhou, uma família católica foi forçada a sair de suas casas subsidiadas pelo governo depois que se recusaram a remover ícones religiosos de suas casas.

E o Gabinete de Assuntos Religiosos da China (RAB) proibiu "cerimônias religiosas de funeral" e pregações em locais de funeral.

Politizando a liberdade religiosa

Tal perseguição tem levado cristãos a buscarem asilo nos Estados Unidos. Segundo a agência Baptist Press, em uma entrevista em vídeo pela International Christian Concern divulgada na semana passada, um cristão chamado Liao Quiang, ao lado de sua filha e genro, compartilhou os perigos de ser cristão na China comunista.

Liao era membro da Igreja ‘Early Rain Covenant’, em Chengdu antes do Partido Comunista Chinês fechar congregação em dezembro de 2018. Liao então fugiu para Taiwan com sua família.

Ele afirmou que o Partido Comunista "faz você pensar que eles estão dispostos a se comprometer com a liberdade religiosa, porque sabem que os americanos se preocupam com isso. Se a China faz concessões sobre a liberdade religiosa, os EUA devem comprometer o comércio. É o Partido Comunista que politiza a liberdade religiosa, não os cristãos".

Liao observou que os membros de sua igreja enfrentam perseguição contínua por sua fé após o seu fechamento. O fundador da igreja, Wang Yi, e um ancião da igreja, ele compartilhou, foram encarcerados.

"A razão pela qual deixamos a China é porque o Partido Comunista Chinês é ilimitado em sua perseguição. Eles não apenas nos ameaçaram, adultos normais, membros normais da igreja, mas também ameaçaram nossos filhos", disse Liao. "Alguns de nossos membros adotaram filhos, e o CPC enviou à força os filhos adotivos de volta à família original. Essa é a principal razão pela qual fugimos da China. Porque não podemos garantir que nosso filho adotivo não seja levado por eles".

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