Membros do Congresso dos Estados Unidos estão pedindo ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para tomar medidas diante dos ataques violentos contra cristãos e outras minorias.
Em uma carta parlamentar enviada ao premiê indiano em 31 de julho, congressistas criticaram a violação dos direitos garantidos pela Constituição da Índia. O conteúdo foi desenvolvido em parceria com a organização International Christian Concern (ICC) e divulgado na última sexta-feira (10).
“Nossa preocupação está na falta de justiça e proteção para as minorias religiosas, e na impunidade que muitos agressores desfrutam”, declara a carta. “Os alvos das agressões e outras formas de assédio devem ser tratados com igualdade pelos policiais, e os agressores precisam ser responsabilizados por suas ações. Somente assim será possível fazer progressos para garantir a liberdade de religião e crença.”
A carta ainda lembra de um discurso feito por Modi em visita aos EUA em 2016, onde disse: “A ideia de que todos os cidadãos são iguais é um pilar central da Constituição americana. Nossos pais fundadores também compartilhavam a mesma crença e buscavam liberdade para todos os cidadãos da Índia”.
De acordo com o diretor de advocacia da ICC, Matias Perttula, a carta pode pressionar Modi a não apenas reconhecer que a perseguição religiosa existe, mas também tomar medidas concretas para mudar esta realidade.
“O primeiro-ministro deve condenar publicamente os ataques contra as minorias religiosas e implementar os procedimentos legais apropriados para responsabilizar os criminosos. A Índia deve tomar medidas tangíveis para lidar com o assunto em questão”, disse Perttula ao site The Christian Post.
Cristãos, sikhs e muçulmanos compõem juntos 20% da população da Índia. Os cristãos, em especial, são o grupo minoritário mais visado no país. Os frequentes ataques têm sido promovidos na maioria das vezes por radicais hindus, que destroem igrejas e agridem grupos inteiros de cristãos.
Leis manipuladas
Os EUA expressou uma grande preocupação com as leis “anti-conversão forçada” na Índia, argumentando que a legislação é explorada para acusar falsamente as minorias religiosas. Perttula revela que muitos cristãos são acusados de violar essas leis apenas por terem tido uma conversa simples com alguém sobre sua fé.
“Essas leis incentivam os radicais hindus a fazerem acusações infundadas contra os cristãos, que acabam sofrendo as consequências”, observa.
Perttula ainda afirmou que o governo liderado pelo Partido Bharatiya Janata (BJP) tem uma grande responsabilidade pelos ataques, devido à mensagem nacionalista que defende.
“O BJP faz fortes declarações nacionalistas em seus comícios, que incentivam os radicais hindus a cometerem crimes e desfrutarem de uma perfeita impunidade. Os criminosos raramente são levados à justiça”, observou.
“Se os EUA e o Ocidente se importam de verdade com os direitos humanos, devem responsabilizar países como a Índia”, acrescentou Perttula. “A Índia é uma democracia que diz ter valores democráticos; é hora de começar a colocar os direitos humanos como prioridade na agenda.”