Famílias resgatadas da escravidão são batizadas no Paquistão: “Jesus pagou a dívida”

O missionário Claudinei Vicente relatou como ocorre a escravidão no país e mostrou a realidade das famílias na região.

fonte: Guiame

Atualizado: Sexta-feira, 21 Março de 2025 as 3:47

Claudinei batizou as famílias após pagar por seu resgate. (Foto: Reprodução/Instagram/Claudinei Vicente)
Claudinei batizou as famílias após pagar por seu resgate. (Foto: Reprodução/Instagram/Claudinei Vicente)

Recentemente, o pastor e missionário Claudinei Vicente relatou que pagou pela liberdade de 5 famílias que eram escravas em fábricas de tijolos no Paquistão. Além do resgate, elas foram batizadas.

Claudinei costuma viajar pregando Jesus pelas nações e, há cinco anos, tem trabalhado para resgatar famílias que vivem em escravidão no Paquistão. Em fevereiro deste ano, durante uma expedição ao país, ele testemunhou:

“Eu acabei de assinar a soltura dessa família. Eu nunca imaginei colocar a minha assinatura em um acordo de soltura. Agora eles são livres, livres para servir a Deus, viver com o Senhor e com Cristo”.

Na ocasião, o pastor mostrou o pagamento sendo feito com a presença do “ex-dono”. Durante a libertação das famílias, ele orou e os abençoou.

Apesar de estar em um país extremamente muçulmano, onde os cristãos são perseguidos por sua fé em Jesus, Claudinei declarou:

“Foi me dada a permissão de orar por eles e eu vou orar por todo mundo: ‘Senhor, em nome de Jesus Cristo, eu quero agradecer pelo privilégio que o Senhor me dá. Eu sei que essa é uma realidade, eu sei o risco, eu sei tudo, mas o Senhor me deu a permissão eu Teu Nome para fazer esta oração. Por isso, eu quero te agradecer por essa libertação e quero agradecer em nome de Jesus, porque o Senhor é o nosso Salvador. Obrigado”.

No Instagram, ele mostrou o resgate das famílias que glorificaram a Deus após o pagamento das dívidas: “Quem está fazendo isso é Jesus Cristo de Nazaré e essa é uma das muitas que serão libertas”, disse o pastor. 

Em diversos vídeos, o pastor mostrou a realidade em que essas pessoas viviam e se emocionou ao falar da importância de seu trabalho na região.

Batismo

Na última quarta-feira, Claudinei e Simon Peter Kaleem — um pastor local que o acompanhou neste trabalho — realizaram o batismo das famílias que foram libertas.

O batismo ocorreu em uma piscina improvisada, onde cada integrante das famílias nasceu de novo. “É aqui que tudo termina e recomeça”, testemunhou o pastor.

E continuou: “Nós fizemos tudo o que nós tínhamos planejado, nós alimentamos o corpo, trazendo cestas básicas, nós tiramos cinco famílias da escravidão, pregamos o Evangelho em vários lufares e faltava batizar, inclusive, as famílias resgatadas da escravidão. Agora, elas vão ser batizadas e vão continuar servindo a Deus”.

“Em meio à perseguição, libertos completamente. Não existem limites para Deus, pois em meio a tantas perseguições, o Evangelho de Jesus Cristo cresce a cada dia”, acrescentou.

Escravidão no Paquistão

Após a repercussão do trabalho, Claudinei explicou ao público como ocorre a escravidão nas fábricas de tijolos do Paquistão. 

“Isso é um fato e infelizmente acontece, elas eram escravas de verdade. No Paquistão, é normal o trabalho nas fábricas de tijolos, só que não existem leis trabalhistas como as leis do Brasil. As pessoas não calculam e pensam no valor do salário, a necessidade é tão grande, que elas só pensam no suprimento da comida”, relatou o pastor. 

Segundo ele, a causa das famílias se tornarem escravas é porque elas não conseguem receber um valor que seja equivalente ao custo para o sustento.

“Todos os dias, eles trabalham para comer e tudo o que eles ganham num dia, não dá para uma pessoa comer. Então, todos os dias, é acumulada uma dívida em troca de comida e de moradia”, disse ele.

“Eles nunca conseguiriam pagar e hoje, foi Jesus quem fez a mesma coisa por nós, Ele pagou a dívida”, acrescentou.

Claudinei informou que seu ministério irá preparar um projeto para que as famílias resgatadas possam ter um sustento e conseguir um emprego digno.

“No ano passado e neste ano, foi dada uma abertura maior para a gente conseguir resgatar essas famílias, por isso, nós resgatamos no ano passado uma família e ela está super bem e agora, estamos resgatando outras”, concluiu.

Segundo a Global Christian Relief, no Paquistão, existem cerca de 20.000 fornos de tijolos onde muitos cristãos são vítimas do trabalho escravo.

Perseguidos e marginalizados, os cristãos minoritários representam menos de 2% da população da nação do sul da Ásia. 

Esses crentes constituem uma grande porcentagem dos trabalhadores do forno de tijolos, cujo sistema é feito para prendê-los, e uma vez que uma família aceita um empréstimo, é extremamente difícil para eles pagá-lo. Assim, os empréstimos passam de geração em geração.

O Paquistão ficou em 8º lugar na Lista Mundial de Observação de 2025 da Portas Abertas, dos lugares mais difíceis para ser cristão, assim como no ano anterior.

veja também