No Irã do século 21, a Igreja está sendo cada vez mais perseguida e atacada, tanto pela sociedade quanto pelo Estado, já que o cristianismo — e qualquer um envolvido em espalhar esta mensagem — é visto como uma "ameaça à identidade islâmica da República". Porém a pesquisadora e colunista da Portas Abertas nos Estados Unidos, Lindy Lowry, destacou que este cenário é bem semelhante ao contexto bíblico do livro de Atos.
"Como a igreja primitiva de Atos, que se expandiu exponencialmente em face da perseguição, a igreja perseguida do Irã também está se multiplicando e experimentando um crescimento explosivo", analisou Lowry.
Estando atualmente na 10ª posição da lista de países que vivenciam a intolerância religiosa, o Irã também expõe, em meio à toda a perseguição, histórias de esperança que revelam que Deus está de fato, trabalhando em Seu plano através da crescente adversidade e da fidelidade de Seu povo.
Fé atrás das grades
Um destes exemplos é o testemunho de Morad, que somente durante os seis meses que esteve preso no Irã, viu 20 pessoas serem executadas por não negarem sua fé em Cristo.
"Eles anunciaram através dos alto-falantes da prisão", disse o ex-professor da igreja. "Alguns deles estavam na minha cela; Foi comovente ver o medo da morte em seus olhos. A prisão era um lugar terrível e terrível".
Morad passou a primeira semana na prisão em confinamento solitário. "Era só eu, a porta e as três paredes", diz ele. "Às vezes os guardas me traziam chá, mas não me deixavam sair para ir ao banheiro".
Durante os interrogatórios diários, os investigadores zombavam dele e o chutavam quando ele não lhes dava as respostas que procuravam. A história de Morad oferece vislumbres da brutalidade física e do isolamento mental que os cristãos presos por causa de sua fé em Jesus, no Irã.
A Igreja que mais cresce no mundo
Reforçando seu paralelo entre a Igreja de Atos e a Igreja do Irã, Lindy lembrou a relação entre perseguição e avivamento que houve naqueles tempos bíblicos e se repete em contextos como o da república oficialmente islâmica.
"Como a Igreja de Atos nos mostra, a perseguição que os crentes sofreram como um grupo de discípulos comprometidos — inspirados e inflamados pelo Espírito Santo — tornou-se um catalisador para a multiplicação de crentes e igrejas", destacou. "Quando a perseguição chegou, eles não se dispersaram, mas permaneceram na cidade onde era mais estratégica e mais perigosa. Eles foram presos, envergonhados e espancados por sua mensagem; eventualmente, um deles, Tiago, foi morto (Atos 12: 2). Ainda assim, eles ficaram para estabelecer as bases para um movimento de sacudir a terra".
"Da mesma forma aconteceu e continua a acontecer no Irã. Quando a revolução iraniana de 1979 estabeleceu um regime islâmico linha-dura, as duas décadas seguintes deram início a uma onda de perseguição que continua até hoje", acrescentou.
Lindy lembra que muitos temiam que aquele seria o fim da Igreja no Irã, mas ela se reergueu com a ajuda de discípulos apaixonados por Jesus e devotos.
"Todos os missionários foram expulsos, o evangelismo foi banido, Bíblias em persa ou farsi foram banidas e vários pastores foram mortos. Muitos temiam que a pequena e incipiente igreja iraniana não sobrevivesse. Em vez disso, a igreja, alimentada pela devoção e paixão dos discípulos, se multiplicou exponencialmente. Os iranianos se tornaram o povo muçulmano mais aberto ao evangelho no Oriente Médio", explicou.
Lindy destacou que relatórios de parceiros ministeriais da Portas Abertas dentro do país fechado revelam que Deus está trabalhando através da fidelidade dos cristãos que se dispõem a trabalhar para expandir o cristianismo ali. Eles estão evangelizando e ganhando cada vez mais almas para Cristo.
Em comparação com os aproximadamente 500 cristãos que se tinha conhecimento em 1979, atualmente estima-se que existem mais de 500.000 (algumas fontes dizem até 1 milhão de crentes, incluindo os que praticam sua fé escondidos).
Como aconteceu este rápido crescimento?
Lindy destacou que o crescimento da Igreja no Irã tem sido explosivo, em parte, devido à fome e desilusão espiritual quase palpáveis de parte da população com relação ao regime islâmico, em outra parte, devido à fidelidade dos cristãos que arriscam tudo para compartilhar o Evangelho, mesmo diante da inevitável intolerância religiosa.
"A violência em nome do Islã causou desilusão generalizada com o regime e levou muitos iranianos a questionar suas crenças. Vários relatórios indicam que até mesmo filhos de líderes políticos e espirituais estão deixando o Islã para o cristianismo", explicou a colunista.
"Segundo relatos, os clérigos islâmicos estão expressando séria preocupação sobre muitos jovens se convertendo ao cristianismo. Um líder do seminário islâmico, o aiatolá Alavi Boroujerdi, observou que 'relatórios precisos indicam que os jovens estão se tornando cristãos e frequentando igrejas domésticas", contou ela.