O campo de areia de um bairro em Cuiabá, no Mato Grosso, tornou-se o ambiente ideal para Cledevaldo Paixão despertar o interesse em seus vizinhos por Jesus.
Cledevaldo, que é morador do bairro, doutor Fábio Leite I, sempre se incomodou com o contraste que via no local — era um lugar cheio de jovens, mas poucos tinham ouvido falar sobre o amor de Deus.
Para mudar essa realidade, em 2013, ele decidiu usar os recursos que tinha. Aos domingos à tarde, ele passou a promover jogos no campo de areia, enquanto uma caixa de som tocava músicas cristãs. Com poucas opções de lazer na comunidade, muitos começaram a participar.
“Antes de começar e quando terminávamos de jogar futebol, vôlei ou de fazer qualquer outra atividade, convidava todos para orar. Neste momento, as regras eram ditadas de forma muito clara: sem palavrão, deboche ou brigas”, conta Cledevaldo ao site Notícias Adventistas.
“As atividades acabavam por volta das 17h e eu emendava um convite para que voltassem e participassem do culto de domingo à noite, já que a igreja ficava ao lado de onde nos reuníamos”, ele continua.
Foram anos de encontros, diversão e amizades, e assim nasceu o projeto Evangelize Brincando. Por causa da iniciativa, pelo menos sete pessoas foram batizadas.
“Sempre acreditei que sem amizade não existe cristianismo. E que para fazermos amigos precisamos respeitar o estilo de vida das pessoas, mesmo quando não concordamos com as escolhas que fazem”, diz Cledevaldo. “Quando alguém levava cerveja ou cigarro, por exemplo, com muito carinho eu reforçava que os nossos encontros eram diferentes, o espaço [era] cristão e sugeríamos que não trouxessem. A pessoa voltava no próximo domingo e não trazia mais.”
Um dos participantes dos encontros aos domingos foi Raysllan Costa, que morava em um bairro próximo. “Lembro que foi em 2015. Eu tinha 15 anos e, definitivamente, não queria saber de igreja”, ele conta.
Cledevaldo (direita) tornou-se o ‘pai da fé’ de Raysllan após se conhecerem no projeto Evangelize Brincando. (Foto: Arquivo Pessoal)
Embora fosse muito tímido, Raysllan lembra que naquela época começava a ter os primeiros contatos com bebidas alcoólicas. “Mas me senti acolhido por aquelas pessoas, que me mostravam o quão feliz é quem serve a Deus. Ficava impressionado com o fato de não ter competição ou das pessoas não brigarem durante os jogos de futebol”, lembra.
Raysllan passou a buscar a Deus, inspirado em Cledevaldo. “Ele é muito simpático e carismático. Aos poucos, foi lidando com a minha timidez e logo me vi indo pedir seus conselhos. Quando me sentia perdido, ele falava: ‘não desiste de Deus. Ore, leia a Bíblia e sempre que precisar de alguém para conversar, pode me procurar’”, afirma o jovem.
Cerca de um ano depois de começar a estudar a Bíblia, Raysllan foi batizado. “Escolhi o dia 10 de janeiro de 2016 por ser próximo ao dia do meu aniversário, em 12 de janeiro”, explica.
“Fizemos uma decoração e preparamos um bolo para ele. Foi muito emocionante”, lembra Cledevaldo.
Os anos se passaram, mas eles continuam presentes um na vida do outro. “Ele me acompanhou em períodos complicados e me deu apoio até quando fui pregar pela primeira vez. O Cledevaldo é muito importante para mim! É meu pai da fé! Com ele aprendi que amizade é mais que um método de evangelismo, é um dom”, diz Raysllan.