Por conta das violações de direitos humanos e da perseguição extrema aos cristãos no Iraque, líderes cristãos temem que a Igreja no país deixe de existir.
Isso porque o número de fiéis está diminuindo a cada dia com a partida daqueles que fogem para proteger suas famílias.
A preocupação dos pastores locais é sobre a possibilidade de não existir mais a Igreja entre os iraquianos.
“Esses líderes enviaram um apelo às autoridades iraquianas e contam também com as nossas orações nesse momento difícil”, disse a Portas Abertas em seu site.
Clamor da Igreja no Iraque
O clamor dos líderes cristãos no Iraque foi registrado em documento publicado no dia 28 de novembro deste ano e mostra a preocupação sobre o fim da Igreja no país, caso medidas sérias não sejam tomadas para preservar os direitos dos cristãos.
O pastor Louis Raphael Sako, que foi vítima de sanção do Iraque há alguns meses, foi excepcionalmente convidado para o encontro no qual os líderes cristãos redigiram o documento na cidade de Erbil.
“Os cristãos não se resumem a uma minoria na terra natal, uma mera comunidade ou a objetos importados. Eles têm raízes profundas no Iraque. A presença deles não acabou”, ele disse.
“Antes e depois do advento do islã, os cristãos têm um papel crucial na história do Iraque, a Mesopotâmia, também conhecido como ‘berço das civilizações’. Eles constituem uma parte essencial na herança cultural, social e nacional”, disseram os líderes no documento.
“Por natureza e por fé, os cristãos são pacíficos. Eles não são inclinados à violência ou à vingança, mas sim ao amor e à misericórdia. Apesar disso, eles são sujeitos a pressão, ataques e atentados contra suas casas e propriedades de maneira cruel. Por isso, os que têm recursos optam por deixar o país para proteger as próprias vidas e o futuro dos filhos”, continuam.
Marginalização dos direitos dos cristãos
Ainda segundo o documento, a marginalização dos direitos dos cristãos preocupa ainda mais os líderes e agrava o processo de emigração.
“Tememos que o Estado continue ignorando as violações de direitos dos cristãos e não garanta a justiça ou a devolução dos pertences saqueados. Pedimos mais de uma vez aos agentes de segurança local que solicitem apoio à polícia federal para retirar as Forças de Mobilização Popular (milícia Hashid), mas ninguém respondeu ao nosso pedido”, acrescenta.
No início do encontro, os participantes guardaram um minuto de silêncio, em oração, pelas famílias das 133 vítimas fatais do incêndio no casamento em Qaraqosh e pelos feridos e mortos na Terra Santa.
E, após terminarem de redigir o documento, os líderes decidiram suspender as celebrações de Natal e Ano Novo por causa da violência nessa época de festividades.
“As celebrações devem se limitar a orações e cultos nas igrejas em respeito às vítimas de Qaraqosh e da Terra Santa. Portanto, não organizaremos outros tipos de comemoração nem receberemos autoridades nas igrejas”, concluíram os líderes que finalizaram com uma oração pela paz para o Iraque e região.