Mais de 300 alunos e 12 professores são sequestrados em escola cristã na Nigéria

Após o sequestro no fim de semana, autoridades fecharam temporariamente escolas no norte da Nigéria para prevenir novos ataques.

fonte: Guiame, com informações da AP e Portas Abertas

Atualizado: Segunda-feira, 24 Novembro de 2025 as 9:41

As vítimas incluem meninos e meninas com idades entre dez e dezoito anos. (Foto: Portas Abertas)
As vítimas incluem meninos e meninas com idades entre dez e dezoito anos. (Foto: Portas Abertas)

Homens armados sequestraram mais de 300 estudantes em uma escola católica no estado do Níger, região centro-norte da Nigéria, segundo informações das autoridades do país.

Na Nigéria, esses homens são chamados localmente de “bandidos” e são frequentemente associados a crimes, incluindo sequestros, explica a Portas Abertas.

De acordo com a Associated Press, o episódio é o mais recente de uma série de ataques e sequestros em massa que têm chamado a atenção do governo Trump.

Embora alguns estudantes tenham conseguido se esconder durante o ataque ocorrido na sexta-feira (21), a Associação Cristã da Nigéria (CAN) informou que 303 alunos e 12 professores foram sequestrados, atualizando a estimativa anterior de 215 estudantes. Entre as vítimas, há crianças com apenas dez anos.

Este é o maior sequestro em escola já registrado na Nigéria. 

O total foi atualizado após um censo final, informou o presidente da CAN no Estado do Níger, Rev. Bulus Dauwa Yohanna, que esteve na Escola St. Mary’s na sexta-feira para se reunir com os pais das crianças sequestradas.

Yohanna explicou que os 88 alunos adicionais “também foram capturados após tentarem fugir” durante o ataque.

Ele destacou que as vítimas incluem meninos e meninas com idades entre dez e dezoito anos, conforme informou seu porta-voz, Daniel Atori, à CNN no sábado.

Após este recente sequestro, as autoridades determinaram o fechamento temporário de algumas escolas federais e estaduais no norte da Nigéria para prevenir novos ataques.

Semelhante a ataque em igreja

O sequestro no estado do Níger, que faz fronteira com Abuja, capital da Nigéria, ocorreu poucos dias após um ataque semelhante a uma igreja no estado vizinho de Kwara.

No ataque à igreja, pelo menos duas pessoas foram mortas e vários fiéis, incluindo o pastor, foram levados pelos sequestradores.

Também nesta semana, homens armados invadiram um internato feminino do governo no noroeste do estado de Kebbi e sequestraram 25 alunas. Durante o ataque, o vice-diretor da escola foi baleado e morto.

Eze Gloria Chidinma, criadora de conteúdo nigeriana cuja irmã mais nova conseguiu escapar do sequestro na escola, afirmou à Associated Press que acredita que as autoridades “não estão fazendo o suficiente” para conter os casos de sequestros escolares.

“É traumático”, disse ela, “para ser muito honesta, eu realmente não acredito nas autoridades.”

A mãe e o irmão mais velho de Chidinma também foram vítimas de sequestro em um incidente separado no ano passado.

O governo do Estado do Níger condenou o ataque à St. Mary’s School, enquanto a polícia informou na sexta-feira que forças de segurança foram enviadas à região e estão “vasculhando as florestas” na tentativa de resgatar os estudantes sequestrados.

Sequestros em massa

A Nigéria vive uma onda de ataques promovidos por grupos armados que têm como alvo populações civis vulneráveis e realizam sequestros em massa para obter resgate.

O país também sofre com violência motivada por questões religiosas, além de conflitos decorrentes de tensões comunitárias e étnicas, e disputas entre agricultores e pastores pelo acesso limitado à terra e aos recursos hídricos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, reiteradamente demonstrou indignação diante de alegações contestadas sobre um “massacre em massa” de cristãos por insurgentes islamistas na Nigéria, chegando a ameaçar intervenção militar para proteger esse grupo religioso.

No início deste mês, Trump classificou a Nigéria como “País de Preocupação Particular” sob a Lei de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA, indicando que sua administração considerou que o país participou ou tolerou “violações sistemáticas, contínuas e graves da liberdade religiosa.”

A situação no terreno é mais complexa e cheia de nuances. Especialistas afirmam que tanto cristãos quanto muçulmanos – os dois principais grupos religiosos do país mais populoso da África – têm sido alvo de ataques de extremistas islamistas.

Mortos e queimados vivos

Em agosto, a Reuters relatou que pelo menos 50 fiéis foram mortos – alguns a tiros, outros queimados vivos – quando homens armados atacaram uma mesquita no noroeste do estado de Katsina.

Bulama Bukarti, defensor nigeriano dos direitos humanos e especialista em segurança e desenvolvimento, declarou à CNN: “Sim, esses grupos extremistas infelizmente mataram muitos cristãos. No entanto, também massacraram dezenas de milhares de muçulmanos.”

A recente onda de ataques coincide com a chegada de uma delegação nigeriana a Washington para reuniões com autoridades do governo dos EUA.

O secretário de Guerra, Pete Hegseth, publicou nas redes sociais que se reuniu na quinta-feira com o Conselheiro de Segurança Nacional da Nigéria, Mallam Nuhu Ribadu, “para discutir a grave violência contra cristãos no país.”

“Sob a liderança [de Trump], [o Departamento de Guerra] está trabalhando agressivamente com a Nigéria para acabar com a perseguição de cristãos por terroristas jihadistas”, acrescentou Hegseth.

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