Nesta semana, enfermeiras muçulmanas protestaram contra sua colega cristã, Sakina Mehtab, em hospital na cidade de Lahore, no Paquistão. Acusando a enfermeira Sakina de blasfêmia, a multidão gritava slogans islâmicos nas instalações do Instituto de Saúde Mental de Punjab (PIMH).
O protesto aconteceu depois que Sakina compartilhou um vídeo no Whastapp de um muçulmano paquistanês em Paris criticando a resposta do povo e das autoridades paquistanesas a uma resolução do Parlamento da União Europeia. O vídeo não era relacionado a questões religiosas, mas os colegas muçulmanos acusaram falsamente Sakina de ser crítica do Islã.
Horas depois da postagem dela, uma multidão de enfermeiras e paramédicos muçulmanos organizou uma manifestação contra a cristã, alguns estavam armados com porretes. Segundo testemunhas, os islâmicos intimidaram profissionais cristãos nas enfermarias do hospital e tentaram provocar brigar com eles. Há 345 profissionais da saúde cristãos entre 600 trabalhadores no Instituto.
“Não havia nenhum elemento religioso no vídeo, mas um grupo de enfermeiras espalhou mentiras de que o vídeo era anti-islâmico e me acusou de blasfêmia. Minha vida correu sério risco com essa falsa alegação, e não sei como poderei retomar o trabalho no hospital com medo de que alguém me ataque do nada. Meu medo não é infundado”, disse a enfermeira cristã ao Morning Star News.
Agora, Sakina está escondida e não está indo ao trabalho, depois de receber ligações com ameaças de morte.
Os manifestantes também invadiram o auditório do hospital, em que os profissionais cristãos usam para realizar momentos de adoração. Bíblias e outros objetos do grupo foram danificados pelos muçulmanos, que afirmavam que não haveria mais culto no local.
“Os obreiros cristãos mostraram grande sabedoria ao controlar suas emoções, caso contrário, a situação poderia ter se tornado muito violenta”, disse outra enfermeira cristã ao Morning Star News, sob condição de anonimato.
Segundo a enfermeira, a intervenção das agências de segurança no caso forçou o diretor executivo do hospital a abrir um comitê de apenas uma pessoa para investigar o conflito. Entretanto, a pessoa escolhida para dirigir a investigação, a Superintendente de Enfermagem Khalida Sulehri, fazia parte das manifestações contra Sakina e foi tendenciosa.
“O comitê foi uma farsa, porque a própria Sulehri estava envolvida na propaganda perigosa contra Sakina e encorajou os trabalhadores muçulmanos a retirarem o protesto”, disse ela.
Para a enfermeira, os profissionais cristãos estavam sendo alvos de um plano sistemático para "substituí-los por muçulmanos".
“Esta é a segunda tentativa de prender um trabalhador cristão em um caso de falsa blasfêmia. O preconceito do governo em relação aos cristãos é evidente, porque nenhuma ação foi tomada contra as pessoas que apresentaram a falsa acusação contra Sakina e colocaram sua vida em risco”, disse.
Leis de Blasfêmia no Paquistão
No Paquistão, falsas acusações de blasfêmia são comuns e muitas vezes motivadas por vinganças pessoais ou ódio religioso. Este tipo de acusação tem o potencial de mobilizar multidões, provocando linchamentos, assassinatos e protestos em massa.
Sem presunção de inocência no Paquistão, qualquer pessoa acusada de blasfêmia pode ser presa, muitas vezes por anos, enquanto as falsas alegações ficam impunes. A punição por blasfêmia no Paquistão varia entre anos de prisão até a morte. Em contraste, uma pessoa que fizer uma acusação falsa enfrenta uma punição de seis meses de prisão ou multa de apenas 1.000 rúpias, equivalente a 74 reais.
Embora sucessivos governos tenham reconhecido que as leis contra a blasfêmia são mal utilizadas, pouco esforço foi feito para impedir os abusos.