Pastor americano se oferece para morrer no lugar de cristão condenado à morte na Nigéria

William Devlin, de 72 anos, está disposto a salvar Sunday Jackson, sentenciado ao enforcamento por matar um Fulani em legítima defesa durante ataque à sua fazenda.

fonte: Guiame, com informações de The Christian Post

Atualizado: Quarta-feira, 19 Março de 2025 as 10:14

O pastor William Devlin, de 72 anos, está disposto a salvar Sunday Jackson. (Foto: Facebook/William PB Devlin/Reprodução/YouTube/News Central TV).
O pastor William Devlin, de 72 anos, está disposto a salvar Sunday Jackson. (Foto: Facebook/William PB Devlin/Reprodução/YouTube/News Central TV).

Um pastor americano se ofereceu para morrer no lugar de um cristão nigeriano condenado injustamente à morte.

O pastor William Devlin, da Igreja Bíblica Infinity em Nova York, anunciou sua oferta após a Suprema Corte da Nigéria confirmar a sentença do cristãos perseguido Sunday Jackson, no dia 7 de março.

Sunday foi preso e condenado por matar um extremista Fulani em legítima defesa, durante um ataque à sua fazenda.

“Meu relacionamento com Jesus Messias, exige que eu me ofereça no lugar de Sunday Jackson, assim como Jesus Messias, se ofereceu por mim”, afirmou William, em uma coletiva de imprensa na Nigéria.

"Deus me abençoou com uma ótima vida", continuou o pastor, observando que tem 72 anos, enquanto Jackson tem apenas 30 anos de idade. 

"Se eu puder salvar a vida daquele homem e eles tirarem minha vida, então estou disposto a fazê-lo”. 

William Devlin é CEO de duas organizações de caridade, “REDEEM!” e “Widows & Orphans” e por muitos anos viajou ao mundo defendendo cristãos perseguidos.

Ele se envolveu no caso de Sunday em 2021, quando uma juíza muçulmana o senteciou à pena de morte por enforcamento.

Em 2015, Sunday era fazendeiro e estudante em Demsa, no estado de Adamawa. Certo dia, ele estava trabalhando em sua fazenda quando um pastor Fulani, chamado Buba Ardo Bawuro, levou seus animais para as terras do cristão, permitindo que comecem suas plantações.

Ao confrontar a atitude, o fulani atacou Sunday com uma faca e o feriu. O cristão conseguiu imobilizar o agressor e o matou, em defesa de sua vida.

Amor sacrificial

Em entrevista ao The Christian Post, o pastor William declarou que sua oferta foi inspirada pelo amor sacrificial de Jesus.

“Eu vejo isso como obediência às Escrituras. Jesus Messias fez isso por mim. Ele foi para a cruz, e eu tenho uma nova vida por causa disso. Então, por que eu não faria isso por outra pessoa?", disse.

Líderes da Associação Cristã da Nigéria (CAN) também estão apelando ao governador de Adamawa, Ahmadu Umaru Fintiri, para que Sunday Jackson seja absolvido.

"Os fatos deste caso são um caso clássico de erro judiciário: em primeiro lugar, o Sr. Sunday Jackson foi detido aguardando julgamento por crime capital por vários anos – um julgamento que consistiu essencialmente em não mais do que cinco sessões", afirmou a CAN, em comunicado.

"Em vez de um julgamento de cinco dias, ele passou mais de seis anos sob custódia em um julgamento não controverso no qual não negou que a morte do falecido ocorreu como resultado de uma briga por legítima defesa”.

Cristãos perseguidos por fulanis

Segundo um relatório do Observatório de Liberdade Religiosa na África (ORFA), radicais Fulani matam mais cristãos na Nigéria do que os grupos terroristas Boko Hama e Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP).

Fulanis ligados a grupos terroristas, chamados de “bandidos Fulani”, mataram 12.039 pessoas, enquanto "pastores Fulani armados" mataram 11.948 civis, de outubro de 2019 a setembro de 2023.

O número de assassinatos por bandidos e pastores Fulani é maior do que o número de pessoas mortas pelo Boko Haram e ISWAP juntos.

Predominantemente muçulmanos, os fulanis compreendem centenas de clãs de muitas linhagens diferentes que não têm visões extremistas, mas alguns Fulani aderem à ideologia islâmica radical.

“Eles adotam uma estratégia comparável à do Boko Haram e do ISWAP e demonstram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”, afirmou um relatório do Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para a Liberdade ou Crença Internacional (APPG).

Líderes cristãos na Nigéria acreditam que os ataques de pastores Fulani às comunidades cristãs na Nigéria tem o objetivo de tomar as terras dos cristãos à força e impor o islamismo, já que a desertificação tornou difícil para eles sustentarem seus rebanhos.

A Nigéria ocupa a 7ª posição da Lista Mundial da Perseguição 2024 da Missão Portas Abertas, de países mais difíceis para ser um cristão.

veja também