O pastor Ramesh Jebaraj fez uma declaração perdoando os incendiários que destruíram sua igreja no Estado de Tamil Nadu, sul da Índia, nas primeiras horas de 13 de junho.
Dirigente da igreja do Evangelho da Paz Real, na zona rural de Vayalur, ele disse: "Não suspeitamos de ninguém em particular. Pessoas de todas as religiões vêm aqui para orar. Alguém pode ter feito isso por ciúmes, mas nós os perdoamos”.
A polícia está investigando o incêndio que destruiu o telhado de colmo da igreja, construído há dez anos, e reduziu o prédio a escombros queimados. Os restos carbonizados de um tambor, microfones e uma mesa podiam ser vistos nas ruínas.
Nenhum culto havia sido realizado na igreja desde o início do bloqueio nacional de coronavírus em março.
“Não há possibilidade de curto-circuito elétrico. Usamos apenas baterias recarregáveis durante o culto e as levamos de volta.”, disse o pastor Ramesh, afastando a possibilidade de um acidente. “O edifício não estava conectado a uma fonte de alimentação principal”, afirmou.
Ataques contínuos
Sajan K George, presidente do Conselho Global de Cristãos da Índia (GCCI), acredita que o incêndio foi criminoso, acrescentando que os extremistas continuaram a semear o medo entre os cristãos da maioria hindu da Índia, apesar do bloqueio. "Estamos alarmados com este ataque enquanto o governo está enfrentando a crise da pandemia", disse ele.
“A Índia é uma democracia secular, e os cristãos não são uma ameaça para ninguém. Representamos apenas 2,3% da população, e estamos em declínio. Apesar disso, grupos radicais continuam atacando e intimidando os cristãos, queimando suas igrejas”, acrescentou o líder cristão.
Em maio, o Alliance Defending Freedom India Trust (ADF) informou que pelo menos três famílias cristãs no estado de Chhattisgarh, na Índia, foram impedidas de enterrar seus entes queridos por extremistas religiosos, enquanto a perseguição e a violência da multidão contra os crentes continuavam durante o bloqueio de Covid-19.
Advogados do ADF disseram que também receberam denúncias de seis incidentes de violência direcionada contra cristãos no estado de Chhattisgarh e três incidentes de violência anticristã no estado de Jharkhand em abril. No vizinho Estado de Odisha (anteriormente Orissa), um garoto cristão de 14 anos foi torturado e assassinado por extremistas locais em sua aldeia, no distrito de Malkangiri, em junho.
A Irmandade Evangélica da Índia (EFI) disse que o número de incidentes registrados de violência e crimes de ódio contra cristãos aumentou em 2019 para 366 incidentes, em comparação com 325 no ano anterior.
O relatório anual da EFI, publicado em março, revelou que o Estado de Tamil Nadu teve o segundo maior número de incidentes anticristãos em 2019, com 60 ataques, atrás do Estado de Uttar Pradesh, que registrou 86 ataques.