
Cinco pastores foram espancados por agentes penitenciários no estado de Chhattisgarh, na Índia, após serem presos sob falsas acusações de conversões forçadas.
A prisão ocorreu após um ataque de extremistas hindus a um culto em 20 de julho. Os pastores foram levados à delegacia e, no dia seguinte, agredidos com bastões por ordem do carcereiro ao saber que eram líderes cristãos.
A intervenção da polícia local resultou na condução de quase metade da congregação cristã à delegacia de Jamul. Seis pastores foram formalmente acusados e transferidos para uma prisão na cidade vizinha de Durg.
Na manhã seguinte, foram submetidos a interrogatório e obrigados a retirar suas roupas para inspeção. O pastor Moses Logan foi poupado da inspeção por ter informado que não estava bem de saúde. Ao descobrir que os detidos eram líderes cristãos, o carcereiro ordenou que os outros cinco fossem brutalmente espancados.
“A comunidade cristã não está mais segura em suas casas, nas igrejas, e agora eles não estão seguros nem mesmo dentro das prisões”, disse o pastor Logan ao Morning Star News.
Espancamentos
Os pastores foram agredidos com longos bastões de madeira, semelhantes aos cassetetes utilizados pela polícia indiana.
As pancadas se concentraram nas coxas, atrás dos joelhos e nas nádegas, conforme relatado pelo pastor Logan.
Com o apoio de outros líderes cristãos e familiares, os pastores conseguiram fiança e foram libertados na noite de 21 de julho. No entanto, os cinco que haviam sido agredidos estavam profundamente abalados, traumatizados e tomados pelo medo, conforme relatou o pastor Logan.
Um vídeo compartilhado nas redes sociais registra uma multidão do lado de fora da reunião da igreja, gritando palavras de ordem e exaltando a Bajrang Dal, uma organização nacionalista hindu, como o orgulho da nação.
Igrejas fechadas
O pastor Logan havia sido convidado por seu amigo, o pastor Abhinav Baksh, que conduzia o encontro. Diante da crescente tensão, Baksh trancou o portão e as portas da igreja para proteger a congregação.
"Aqui em Chhattisgarh, eles [os grupos extremistas hindus] estão atacando todas as igrejas menores. Muitas igrejas foram fechadas”, disse o pastor Logan.
“Extremistas hindus atacam todas as celebrações privadas que acontecem em lares cristãos. Eles invadem as casas, interrompem a alegria, criam caos, acusam falsamente os fiéis de realizar conversões forçadas e registram falsas queixas contra os cristãos."
A Release International já havia previsto episódios como este em seu Relatório Anual de Tendências de Perseguição, divulgado no início do ano.
O relatório, fruto da análise conjunta dos parceiros da Release International em diversas regiões do mundo, alertou que o avanço da perseguição religiosa na Índia poderia resultar em restrições cada vez mais severas, incluindo a proibição de reuniões domésticas de cristãos, como inaugurações de casas e festas de aniversário.
‘Inaceitável’
Um parceiro da Release International na Índia disse: "Pastores e obreiros do norte da Índia vivem com medo. O direito de praticar sua fé está sendo atacado agora."
Ele acrescentou: "É inaceitável que pastores sejam presos e sofram violência física."
Ele pediu aos cristãos que orem pela igreja na Índia, enquanto grupos hindus de direita atacam obreiros cristãos.
Paul Robinson, CEO da Release International, disse: "Esta história angustiante é indicativa de uma tendência crescente na Índia. Ao longo da última década, ou mais, temos visto ataques esporádicos a pastores e evangelistas cristãos, particularmente em áreas rurais, por vários grupos extremistas hindus. Nos últimos anos, esses grupos têm se utilizado cada vez mais de leis estaduais na tentativa de sufocar o ministério do Evangelho."
Essa abordagem acontece apesar do fato de a Índia ter uma constituição que garante liberdade não apenas para praticar, mas também para propagar a religião.
“Precisamos orar neste momento para que os cristãos na Índia – especialmente os líderes – conheçam a graça e a força do Senhor enquanto buscam proclamar o evangelho de Cristo. Orem também para que o governo e o judiciário daquele país cumpram sua constituição”, declara a Release International.