Pastores suportaram prisão na Nicarágua com oração e jejum: “Deus disse que agiria”

13 líderes do ministério Mountain Gateway foram presos injustamente pelo governo ditatorial, por realizar cruzadas evangelísticas no país.

fonte: Guiame, com informações de AP News

Atualizado: Segunda-feira, 23 Junho de 2025 as 5:20

 Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash/Matthew Ansley).
Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash/Matthew Ansley).

Em 2023, o pastor Jose Luis Orozco foi preso injustamente pelo governo ditatorial da Nicarágua, junto com outros 12 líderes cristãos nicaraguenses do ministério Mountain Gateway.

Em entrevista à AP News, Jose contou como ele e os outros pastores enfrentaram os noves meses no cárcere com a ajuda da fé inabalável em Deus.

"O Senhor me disse: 'Não tenha medo, José Luis. Um vento soprará do norte, suas correntes se quebrarão e as portas se abrirão'", contou o pastor.

Ele e outros 12 membros e pastores do Mountain Gateway foram detidos em dezembro de 2023, após promoverem uma grande cruzada evangelística no país governado pelo ditador Daniel Ortega.

"Eles acorrentaram nossas mãos e pés como se fôssemos presos de alto risco. Nenhum de nós ouviu falar de nossas famílias por nove meses”, revelou o pastor Jose.

As autoridades não deram nenhuma informação para as famílias dos cristãos presos, que visitaram desesperadamente delegacias de polícia e prisões perguntando sobre seu paradeiro.

"Ainda tínhamos fé de que tudo isso era uma confusão e tudo viria à tona. Mas eles nos condenaram à pena máxima”, lembrou Orozco.


O pastor Jose Luis Orozco. (Foto: Instagram/Jose Luis Orozco).

Os pastores e membros da Mountain foram acusados falsamente de lavagem de dinheiro e condenados a 12 a 15 anos de prisão, e multados em quase 1 bilhão de dólares.

Jose Orozco ainda afirmou que ele e os outros cristãos foram mantidos em celas separadas do restante dos detentos.

Firmes na fé

Eles não recebiam água potável e não tinham permissão para ter Bíblias. Apesar disso, os cristãos mantiveram sua fé firme através da oração e jejum.

Enfrentando zombaria dos guardas, os líderes ministravam e encorajavam uns aos outros. "A maior guerra que lutei em minha vida cristã foi a batalha mental que liderei naquele lugar", confessou Jose.

Após nove meses preso, o pastor não ficou surpreso quando soube que seria libertado, após um acordo promovido pelo governo dos Estados Unidos para libertar os 135 presos políticos na Nicarágua.

Jose entendeu que era o Senhor agindo, conforme havia prometido em uma revelação. "Foi quando eu entendi. Deus estava me dizendo que agiria através dos Estados Unidos”, testemunhou ele.

Testemunho do poder de Deus

Segundo o líder, a soltura milagrosa dele e dos outros cristãos serviu de testemunho do poder de Deus para os guardas, que ridicularizaram sua fé.

"Isso os ajudou a ver que Deus realizou milagres. Sempre dissemos a eles: algum dia deixaremos este lugar”, comentou Jose.

Ele e sua família receberam asilo nos Estados Unidos, onde agora lidera uma igreja no Texas.

"Cheguei aos Estados Unidos exatamente como Deus me disse. Então eu sempre digo às pessoas: 'Se Deus pôde realizar tal milagre para mim, ele poderia fazer isso por você também’”, declarou.

Ministério perseguido

Em 2023, com o apoio do governo da Nicarágua, a Mountain Gateway realizou oito grandes campanhas evangelísticas conhecidas como "Cruzadas de Boas Novas Nicarágua 2023", atraindo milhares de pessoas.

A última ocorreu em 11 de novembro de 2023, em Manágua, com a participação de mais de 170 mil pessoas, enquanto outras dez estavam planejadas para 2024.

Kristina Hjelkrem, assessora jurídica da ADF Internacional encarregada do caso, informou à ACI Prensa que foi em 11 de novembro que começou "a perseguição", seguida pelo cancelamento do estatuto jurídico e pelo confisco de quase 5 milhões de dólares em propriedades e bens da organização.

Depois que o governo da Nicarágua fechou entre 200 e 300 igrejas protestantes, esses eventos se tornaram um ponto de encontro para aqueles que desejavam orar em espaços públicos, pois "as pessoas não tinham para onde ir".

Kristina Hjelkrem, assessora jurídica da ADF Internacional, explicou que as cruzadas mobilizaram "tantas pessoas que o governo foi colocado em alerta e decidiu encerrar o Mountain Gateway porque o viu como um movimento social, embora saibamos que ele é profundamente religioso e exclusivamente religioso".

Aumento da perseguição

Mais de 256 igrejas evangélicas foram fechadas pelo governo nos últimos quatro anos, segundo a organização de direitos humanos Nicarágua Nunca Más.

Pelo menos 200 líderes religiosos fugiram do país. Mais de 20 foram foram destituídos de sua cidadania e 65 foram indiciados por conspiração e outras acusações.

Segundo o diretor do ministério Mountain Gateway, John Britton Hancock, que também foi alvo do governo Ortega, há 100 pastores presos neste momento.

Desde 2018, o governo fechou mais de 5.400 ONGs, sendo que várias delas eram cristãs.

A Portas Abertas relatou que a comunidade cristã nicaraguense tem se oposto ao regime de Ortega há anos, com líderes cristãos criticando a repressão violenta de manifestantes e as restrições à liberdade de expressão.

Os cristãos se tornaram alvos de repressão e restrições em sua liberdade religiosa. Em meio a perseguição crescente, muitos estão se reunindo nas casas para poder cultuar a Deus sem chamar a atenção das autoridades.

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