Um pastor que trabalha como corretor imobiliário na Virgínia, Estados Unidos, está enfrentando acusações de discurso de ódio e pode perder o emprego por declarações anteriores sobre casamento à luz da Bíblia.
Wilson Fauber, que é corretor e agente imobiliário há mais de 40 anos, decidiu concorrer ao Conselho Municipal da cidade de Staunton, em 2023.
Porém, devido a reclamações de um grupo opositor sobre uma postagem nas redes sociais que aborda o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o pastor está enfrentando “acusações de ética profissional e pode até perder seu status de corretor imobiliário”.
“Durante minha jornada concorrendo ao Conselho Municipal de Staunton, alguns da oposição de um partido diferente decidiram que iriam vasculhar minhas páginas do Facebook e ver se conseguiam encontrar alguma sujeira sobre mim”, disse Fauber à CBN News.
“E eles voltaram para 2015 e encontraram uma post sobre Levítico, onde o Senhor afirma claramente que a homossexualidade é uma abominação para Ele”, acrescentou.
Segundo a instituição juridica The Founding Freedoms Law Center, em 2015 a Suprema Corte dos EUA votaria por 5-4 para redefinir unilateralmente o casamento e impô-lo em todos os 50 estados.
Com isso, a publicação de oito anos atrás gerou críticas e ameaças, forçando o então candidato a ir à polícia em busca de ajuda.
‘Discurso de ódio’
Fauber perdeu a eleição e, alguns meses após o resultado, teria recebido um e-mail da National Association of Realtors (NAR) informando que uma denúncia havia sido registrada contra ele.
A Virginia Association of Realtors, que é o capítulo regional da NAR, estaria atualmente responsável por investigar a reclamação e lidar com o processo ético relacionado a Fauber.
“Meu reclamante disse que eles achavam que postar aquele versículo e outras passagens bíblicas que eu postei é discurso de ódio”, contou Fauber.
O pastor destacou que nunca teve problemas com a NAR nos últimos 44 anos e que “serviu ao Senhor” em seu trabalho e no tratamento aos outros.
Michael Sylvester. (Foto: Reprodução/YouTube/CBN News)
O advogado de Fauber, Michael Sylvester, do The Founding Freedoms Law Center, informou que seu cliente postou mensagens sobre a Bíblia e essas questões "em nome de seu ministério".
A postagem de 2015 veio à tona, depois que um jornalista foi informado sobre ela pela "oposição".
“Então o jornalista tenta trazer a questão para a campanha perguntando a Wilson se ele ainda mantém sua opinião. É incrível que toda essa situação venha de um cristão sendo questionado se ele ainda se mantém fiel a Bíblia”, disse o advogado.
No início deste ano, autoridades disciplinares conectadas à NAR decidiram que as declarações de Fauber podem ter violado as regras da organização contra "discurso de ódio".
Isso porque, em 2020, a NAR adotou uma nova regra que proíbe o chamado "discurso de ódio" com base em certas características, incluindo "orientação sexual" e "identidade de gênero".
Conforme o advogado, essa implementação poderia ser usada para controlar as atividades dos agentes imobiliários, mesmo fora de seus empregos.
“Até mesmo um ministro pregando do púlpito poderia violar essa regra apenas falando sobre as Escrituras da maneira como isso foi implícito em certas situações”, explicou Sylvester.
“Aparentemente, citar a verdade da Bíblia agora é o suficiente para desencadear uma audiência formal de ética que poderia arruinar a carreira de um corretor imobiliário. Na realidade, “discurso de ódio” nada mais é do que um dispositivo usado para silenciar os outros. Ironicamente, regras e regulamentos como esses são colocados em prática para odiar e prejudicar indivíduos com pontos de vista desfavorecidos”, declarou o The Founding Freedoms Law Center.
Wilson Fauber em entrevista à CBN News. (Foto: Reprodução/YouTube/CBN News)
‘Não me envergonho do Evangelho’
A audiência de ética foi marcada para 4 de dezembro, com implicações potencialmente abrangentes, que vão desde multas de 5.000 a 15.000 dólares até a perda de sua licença.
“A maneira como vejo isso é — é perseguição e certamente uma tentativa de silenciar minha liberdade de expressão”, disse Fauber.
E Sylvester acrescentou que a audiência “não deveria estar acontecendo” e que Fauber não fez ou disse nada que se qualifique como discurso de ódio.
Sylvester pretende recorrer no processo ético da NAR caso seu cliente perca de alguma maneira. Quanto a Fauber, ele afirmou que não tem intenção de recuar ou se desculpar por divulgar publicamente suas crenças religiosas e bíblicas.
“Tenho certeza de que me perguntarão se estou arrependido. Espero que isso aconteça e a resposta é: 'Não'. Não estou arrependido. Não tenho vergonha do Evangelho de Jesus Cristo e continuarei a proclamá-lo corajosamente”, afirmou o pastor.
E continuou: “Estou inflexível sobre prosseguir com o caso. Acredito que o Senhor me chamou para um momento como este para ser Sua voz neste assunto em particular e Ele me deu Sua paz”.
“Esperançosamente, o painel de ética do corretor de imóveis verá esse ataque politicamente motivado pelo que ele é — um ataque mal concebido à fé de Fauber — e à verdade em si. Pedimos suas orações por nossa equipe e por Wilson Fauber enquanto buscamos sua plena vindicação”, concluiu o Founding Freedoms Law Center.