A celebração do Natal na Síria foi marcada por protestos em defesa dos direitos dos cristãos após uma árvore de Natal ter sido incendiada por jihadistas na cidade de Suqaylabiyah, na província de Hama.
Centenas de manifestantes tomaram as ruas de Damasco e outras regiões cristãs para condenar o ataque, exigindo respeito à liberdade religiosa no país.
Carregando cruzes de madeira, os cristãos entoaram frases como “Somos teus soldados, Jesus”, “Com o sangue e a alma, nos sacrificamos por Jesus” e “O povo sírio é um só”. Georges, um dos participantes, afirmou à AFP: “Se não nos for permitido viver nossa fé cristã em nosso país, como antes, então não pertencemos mais a este lugar.”
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O ataque, divulgado por meio de um vídeo nas redes sociais, mostrou extremistas, supostamente estrangeiros do grupo islamista Ansar al-Tawhid, incendiando a árvore de Natal. Em resposta, um líder da Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), grupo que agora governa a Síria, declarou que os responsáveis pelo ataque “não eram sírios” e prometeu que seriam punidos. “A árvore será restaurada e iluminada até amanhã de manhã”, garantiu.
Apesar das tensões, cristãos sírios participaram de cultos de Natal pela primeira vez desde a queda do presidente Bashar al-Assad no início de dezembro. As reuniões de Natal ocorreram sob forte esquema de segurança, com veículos da HTS estacionados ao redor da igreja para evitar ataques. O novo governo islamista tem prometido proteger as minorias religiosas, como os cristãos, em um esforço para conquistar legitimidade e apoio dentro do país.
Mudanças e desafios no governo
Desde sua ascensão ao poder, o líder da HTS, Abu Mohammed al-Julani, tem buscado distanciar-se de sua antiga imagem jihadista, apresentando-se publicamente em trajes formais e prometendo inclusão e segurança para todos os grupos religiosos.
Em um comunicado recente, a administração liderada por Ahmed al-Sharaa anunciou a dissolução de facções armadas e sua incorporação ao Ministério da Defesa, com a participação de ex-rebeldes e oficiais desertores do antigo regime.
Embora essas iniciativas busquem unificar o país, muitos cristãos permanecem céticos quanto à proteção de seus direitos. “Estamos protestando para exigir nossos direitos… Não aceitaremos ataques à nossa fé”, disse Laila Farkouh, uma manifestante em Damasco.