A informação de que a bancada evangélica ficou irritada pela indicação de Osmar Terra para o Ministério da Cidadania, publicada nesta quinta-feira (29) pela Coluna do Estadão, foi desmentida pela Frente Parlamentar.
De acordo com a publicação, um grupo de 180 deputados foi consultado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sobre nomes para a nova pasta, mas acabou surpreendido com a escolha e ameaçou “se rebelar caso não tenha cargos na Esplanada”.
Em reunião com a equipe de transição, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal Hidekazu Takayama (PSC-PR), citou os nomes dos deputados Roberto de Lucena (PODE-SP) e Leonardo Quintão (MDB-MG), além dos já comentados Ronaldo Nogueira (PTB-RS), Marco Feliciano (PODE-SP) e Gilberto Nascimento (PSC-SP) como sugestões.
Nesta quinta, a Frente Parlamentar Evangélica divulgou uma nota repudiando “qualquer tentativa de desestabilização do apoio” do grupo ao governo Bolsonaro. A bancada esclareceu não irá “ameaçar” o futuro governo se não for atendida com cargos.
A nota ainda esclarece que a bancada indicou nomes de possíveis ministros sem “o intuito de obrigar o Presidente a nomeá-los”. “Muito embora entendamos que a composição de um quadro técnico e preparado auxiliará na nova forma de governar, neste sentido estamos unidos e atentos às escolhas do Presidente”, diz Takayama no texto.
Envolvimento da bancada
As especulações também foram desmentidas pelo deputado Roberto de Lucena, um dos líderes da Frente Parlamentar que teve nome cotado pelo governo. “Não existe guerra de bancada evangélica contra Bolsonaro, pelo contrário. A bancada é patriota, nacionalista. Apoiará o governo Bolsonaro porque isso é bom para o Brasil. Apoiará Bolsonaro enquanto ele se mantiver lutando por um País melhor”, disse ele ao Guiame.
Lucena, que já atuou como secretário de Turismo do Estado de São Paulo, acredita que não é papel da bancada evangélica indicar nomes para cargos no governo. “Não se trata apenas de fazer política. Trata-se de posição profética. Se há um movimento para indicação de nomes por parte da bancada evangélica esse movimento está equivocado”, destacou.
Roberto de Lucena na sala da presidência da Câmara, em encontro com líderes evangélicos. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Corrêa)
O parlamentar observa que a bancada evangélica pode “endossar um nome”, mas isso é diferente de indicar. “Quem indica torna-se base. A bancada evangélica não é base do governo, nem será, ainda que a maioria absoluta dos seus integrantes possam sê-lo. A bancada evangélica é base de sua própria agenda prioritária, que é a defesa da família e de um Brasil mais justo socialmente, mais ético, mais eficiente e desenvolvido”.
Como pastor e um dos líderes da Igreja O Brasil Para Cristo, Lucena afirma que todos os membros que compõem a bancada evangélica devem estar envolvidos na agenda. “É necessário que todos os membros da bancada sejam consultados pelo presidente da Frente Parlamentar Evangélica nos temas que excederem os alcançados pela agenda já pacificada”.
Na fase de transição de governo, Bolsonaro tem dialogado com as bancadas temáticas, ao invés de buscar acordos com partidos. Na opinião de Lucena, o presidente eleito tem “montado um bom time de primeiro escalão e tomado decisões acertadíssimas até o momento”.
“Não sei como será o seu diálogo com o Congresso sem que isso também passe pelos partidos, conforme ele tem feito até agora, pois não vejo muito como isso possa se dar, mas ele sabe o que está fazendo. Bolsonaro é um parlamentar. São sete mandatos como deputado federal e sabe melhor que eu como esse diálogo deve se dar”, afirma.