No Brasil, milhares de crianças são registradas sem o nome do pai e crescem sem a figura paterna.
Apenas entre janeiro e abril deste ano, 60.295 bebês receberam apenas o nome da mãe ao terem o nascimento registrado, segundo dados divulgados pela Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais).
O número de crianças com pai ausente representa 6,8% do total de 874.166 nascimentos registrados nos cartórios no início de 2023.
A região com mais crianças sem pai é o sudeste, com 20.369 recém-nascidos registrados por mães solo. O estado de São Paulo tem a metade dos casos; 10.241 bebês sem o nome paterno.
Abandono parental
Lavínia, de 1 ano, está nesta estatística. A menina é filha da agente de viagens Leda Maria Lemes, de 32 anos, que já tinha um filho, Miguel, de 8 anos.
"O pai aceitou o filho, porém, na última gestação, não queria que eu tivesse [o bebê]. Ele me disse para tirar ou teria que seguir com a gravidez sozinha. Desde então me separei, e cada um vive a sua vida. Minha filha ficou sem o registro dele na certidão de nascimento", relatou Leda, em entrevista ao R7.
A mãe, que também cresceu sem pai, confessou que a falta da paternidade provocou marcas profundas em sua vida.
"A ausência do meu pai me afetou de muitas maneiras, como em relação à carência. Eu sentia muita falta da presença paterna, porém não podia demonstrar isso. Na minha família, também, não tinha ninguém para me dar essa estrutura", lamentou ela.
A defensora pública do Rio de Janeiro Fátima Saraiva explicou que toda criança tem o direito de ter o nome do pai, mesmo em casos em que os pais não sejam casados.
"Não basta qualquer registro, é extremamente importante a filiação [que é a ligação dos filhos com os pais] na certidão de nascimento. Esse dado tem que ter completude. A criança gerada tem o direito de ter o registro de forma completa", destacou ela, ao R7.
“A certidão de nascimento traz nossos dados biográficos. É a nossa história de vida, a nossa origem. Tem o nome, o sobrenome, a filiação, o local e a data de nascimento. É uma questão de cidadania e de pertencimento".
O papel da Igreja
Para Eric Swithin, produtor do documentário cristão “The Fatherless Epidemic” (“A Epidemia da Falta de Paternidade"), a Igreja tem a solução para a crise de paternidade através da orientação bíblica.
“Enquanto todos tentam resolver nossos males sociais tratando os sintomas, a Igreja está sendo chamada para combater o problema em suas raízes. A solução para a cura da epidemia não é terceirizar para o governo, mas sim mobilizar a igreja e começar a guerrear contra o inimigo que está dizimando nossos lares”, afirmou Eric, em entrevista à rádio cristã internacional KCFY 88,1 FM.
E continuou: “Acabar com a epidemia dos órfãos exige que os homens da igreja se levantem e apresentem os meninos ao Pai Celestial perfeito!”.
Famílias destruídas refletem na sociedade
Segundo o produtor, a maioria dos problemas sociais estão relacionados à ruína da família.
“Mais de 80% dos indivíduos na prisão cresceram em lares sem pai. Adultos que cresceram em lares órfãos são 279% mais propensos a carregar ilegalmente uma arma e usar drogas. Meninas de lares sem pai são 900% mais vulneráveis ao abuso sexual”, observou, ao Christian Headlines.
Ele explicou que não é apenas uma “correlação, mas a causa de ser criado em um lar sem pai”.
“Assim, quando você tem uma casa quebrada, você tem uma comunidade quebrada. E quando você tem uma comunidade quebrada, você tem uma cultura quebrada”, ponderou.
E Eric concluiu: “Deus nos projetou para ser um modelo onde nossos lares são saudáveis, liderados por pais, e é assim que uma sociedade saudável é formada”.