MCs que criaram a palavra ‘novinha’ se convertem e condenam influência do funk

MC Frank e o aposentado MC Loscar reconhecem que o gênero musical apresenta influências ruins para as famílias.

fonte: Guiame, com informações de Revista Piauí

Atualizado: Sexta-feira, 9 Março de 2018 as 10:01

Carlos Cesar, ex-MC Loscar, reconhece que o gênero musical apresenta influências ruins. (Foto: Reprodução/Facebook)
Carlos Cesar, ex-MC Loscar, reconhece que o gênero musical apresenta influências ruins. (Foto: Reprodução/Facebook)

Depois de dar um novo sentido à palavra “novinha”, o aposentado MC Loscar, de 28 anos, quer se manter longe das letras apelativas do funk. Ele deixou a marca de MC para trás e prefere hoje ser chamado apenas pelo nome, Carlos Cesar Vieira.

Ele e o MC Frank, de 39 anos, estão entre os primeiros artistas a disseminar o termo que hoje é campeão de buscas de brasileiros em sites pornô. Segundo um levantamento no Google Trends, restrito a janeiro deste ano, as buscas pela palavra aumentam a partir das 22 horas e chegam a quadruplicar por volta das quatro horas da manhã.

Embora Frank permaneça cantando funk, ele quer ver sua família longe das letras apelativas do gênero. Pai de quatro filhos, o cantor faz questão que eles não tenham acesso a “esse tipo de música”, mesmo que isso pareça contraditório.

“Abomino essas músicas, quero que fiquem longe. Quando ela [a mais velha] tenta ouvir, eu tiro na hora”, disse à Revista Piauí o cantor que deu voz à música “Vai novinha” com o Bonde dos Magrinhos.

Depois de se afundarem nas drogas e bebidas, ambos foram tocados por Deus e se tornaram evangélicos. MC Frank faz parte da Igreja Assembleia de Deus, enquanto Carlos Cesar é membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

Autor do sucesso do funk “Choveu, cabelo encolheu”, MC Frank passou boa parte da infância numa das favelas do Complexo do Alemão e chegou a compor “proibidões”. Em 2010, Frank, o irmão MC Tikão e outros funkeiros ficaram nove dias presos, acusados de fazer apologia ao crime.

Renúncia

Diferente de Frank, que continua na carreira, Carlos Cesar deixou MC Loscar no passado há um ano e meio. Sua história é contrária a de outros artistas que se destacam no funk — ele não foi criado em favela, mas numa região de classe média baixa na área central do Rio.

Na época da fama, MC Loscar aos poucos foi se cansando das noitadas e foi tomado pelo vazio. “O tempo vai passando, você vê que aquilo tudo é ilusão”, afirma. Depois que sua mãe e sua irmã se converteram, ele também decidiu virar evangélico e ainda assim manter a carreira artística.

Não deu muito certo. “Virei as costas para Deus”, lamentou. Em agosto de 2016, Loscar voltou a ser Carlos. “Eu estava andando em círculos. Como se diz no funk, a vida é uma roda-gigante, numa hora você está em cima, na outra, lá embaixo”.

Carlos se arrepende de muitas coisas do passado, mas reconhece que o funk dá oportunidade profissional a muitos jovens que, desde cedo, convivem com o tráfico e as armas pesadas. “Mas não quero ressuscitar o MC Loscar”, destaca.

Ele espera que as “novinhas” entendam “o quanto que se desvalorizam”. Proprietário de uma empresa especializada em trabalhos gráficos no Saara, região de comércio popular no Centro do Rio, Carlos não pensa em fazer funk gospel, pois perdeu o desejo de cantar.

Hoje Carlos está noivo de Juliana, com quem morava junto antes de se converter. Juntos eles vivem um namoro cristão, ou seja, sem sexo. Seu casamento está marcado para este mês de março.

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