Missionária sequestrada no Haiti é libertada e família comemora: ‘Obrigada pelas orações’

Após quase um mês em cativeiro, Gena Heraty foi libertada em segurança com outros reféns.

fonte: Guiame, com informações de BBC

Atualizado: Segunda-feira, 1 Setembro de 2025 as 12:54

A missionária Gena Heraty. (Foto: Reprodução/Facebook/Vin Retire Stress)
A missionária Gena Heraty. (Foto: Reprodução/Facebook/Vin Retire Stress)

A família da missionária Gena Heraty, que foi sequestrada no Haiti, comemorou a libertação da cristã após quase um mês em cativeiro por membros de gangues.

Gena, diretora do orfanato Sainte-Hélène, localizado em Kenscoff, nos arredores da capital haitiana, Porto Príncipe, estava entre as nove pessoas sequestradas no dia 3 de agosto.

O sequestro motivou apelos globais da instituição de caridade, assim como do primeiro-ministro irlandês, Michéal Martin, por sua libertação.

Em uma declaração na última sexta-feira (29), a família da missionária confirmou que ela e os outros reféns foram libertados e agradeceu a todos os envolvidos em sua recuperação:

"Somos profundamente gratos a todos, no Haiti e no exterior, que trabalharam incansavelmente durante essas semanas terríveis para ajudar a garantir seu retorno seguro".

A família também agradeceu ao vice-primeiro-ministro irlandês Simon Harris e sua equipe, bem como à embaixadora irlandesa nos Estados Unidos, Geraldine Byrne Nason, pelo apoio.

"A demonstração global de preocupação, amor, orações e solidariedade demonstrada por Gena e por nós, por amigos, vizinhos, comunidades, colegas e, de fato, por aqueles que não têm qualquer ligação conosco tem sido uma enorme fonte de conforto e apoio", disseram eles.

‘Estão seguros’

Conforme a família, no momento, a prioridade é a "saúde, proteção e privacidade" de Gena:

"Pedimos gentilmente que a mídia respeite a necessidade de privacidade enquanto todos os envolvidos se recuperam desse trauma. Continuamos a guardar o Haiti em nossos corações e esperamos paz e segurança para todos aqueles que são afetados pela violência armada e pela insegurança que persiste no país".

Harris, que também é o Ministro das Relações Exteriores da Irlanda, confirmou que Gena, assim como os outros reféns, estão "seguros e bem" e que esse foi o "resultado que todos esperávamos".

"Esta tem sido, obviamente, uma situação extraordinariamente difícil e estressante para a família Heraty. Gostaria de prestar homenagem à resiliência e determinação deles em apoiar Gena e seus companheiros de cativeiro nessas últimas semanas difíceis", destacou ele.

"Embora recebamos com satisfação esta notícia, também é importante que não percamos de vista os desafios que o povo do Haiti enfrenta. Envio agora a Gena, sua família e a todos os que foram libertados meus melhores cumprimentos. Continuaremos a oferecer todo o apoio possível enquanto eles se recuperam desse terrível sofrimento", acrescentou.

Tommy Marren, apresentador da estação de rádio irlandesa Mid West Radio, entrevistou Gena diversas vezes. Após o sequestro, ele disse que sentiu uma "grande sensação de alívio" ao saber que ela havia sido libertada.

"A resiliência dela sempre foi extraordinária e acho que agora mais do que nunca ela estará determinada que o Haiti seja seu lar", disse ele ao programa Evening Extra da BBC Radio Ulster.

Além disso, ele informou que a família está "tentando entender as boas notícias" e espera que ela retorne a sua cidade natal "antes do final deste ano".

Relembre o caso

Gena supervisiona o orfanato, que abriga mais de 240 crianças — muitas delas com deficiências — é administrado pela organização humanitária Nos Petits Frères Et Soeurs (Nossos Pequenos Irmãos e Irmãs). No dia 3 de agosto, ela e nove pessoas, incluindo uma criança de três anos, foram sequestradas.

O prefeito Massillon Jean informou que os agressores invadiram o local “sem abrir fogo" como um "ato planejado": “Eles arrombaram uma parede para entrar na propriedade antes de seguirem para o prédio onde a Sra. Heraty estava hospedada”.

O jornal haitiano Le Nouvelliste, afirmou que acredita-se que membros de gangues sejam responsáveis pelo ataque.

Nos últimos meses, Kenscoff tem sido alvo constante de ataques por parte de gangues armadas, que controlam grande parte de Porto Príncipe e regiões do interior do Haiti. 

A situação no país se agravou ainda mais em 2025. De acordo com dados da ONU, apenas no primeiro semestre deste ano, quase 350 pessoas foram sequestradas e mais de 3.100 assassinadas, o que forçou o deslocamento de aproximadamente 1,3 milhão de pessoas até junho. 

Apesar dos esforços da polícia haitiana, com apoio de forças do Quênia e contratados estrangeiros utilizando drones armados, os grupos criminosos seguem ativos e fortemente armados. 

A violência de gangues e os sequestros são especialmente comuns em Porto Príncipe e áreas próximas, onde cerca de 85% da cidade está sob o domínio de facções armadas, segundo a ONU.

veja também