Organizações cristãs denunciam Turquia na ONU por expulsão de missionários

A Aliança Evangélica Mundial e a Aliança Batista Mundial fizeram uma declaração conjunta na 60ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

fonte: Guiame, com informações de Evangelical Focus

Atualizado: Quinta-feira, 9 Outubro de 2025 as 4:55

A Aliança Evangélica Mundial e a Aliança Batista Mundial denunciaram a Turquia na ONU. (Foto: Reprodução/YouTube/World Evangelical Alliance).
A Aliança Evangélica Mundial e a Aliança Batista Mundial denunciaram a Turquia na ONU. (Foto: Reprodução/YouTube/World Evangelical Alliance).

Duas organizações cristãs denunciaram a Turquia na ONU por expulsar centenas de missionários do país.

A Aliança Evangélica Mundial e a Aliança Batista Mundial fizeram uma declaração conjunta na 60ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

As organizações expressaram preocupação com a proibição de cristãos protestantes permanecerem no país, incluindo estrangeiros e turcos que já moram na Turquia com suas famílias há um longo tempo.

“[Apesar] de não terem sido acusados de nenhum crime, eles estão sendo banidos do país simplesmente por causa de sua afiliação religiosa", afirmaram.

"Sua exclusão também perturba as congregações locais, muitas vezes deixando as comunidades sem pastor", alertaram.

Aumento dos crimes de ódio contra cristãos

Além disso, a Aliança Evangélica Mundial e a Aliança Batista denunciaram o aumento do discurso de ódio e dos crimes de ódio contra cristãos na Turquia em 2024. Segundo as organizações, os agressores não foram punidos pelos seus crimes.

Na declaração, os representantes dos ministérios apelaram ao governo turco que crie um diálogo com a minoria protestante e inclua representantes da comunidade cristã em reuniões oficiais.

Eles ainda pediram que as autoridades turcas "fortaleçam sua legislação, definindo claramente o discurso de ódio e os crimes de ódio de acordo com os padrões internacionais, e garanta que todas as queixas sejam efetivamente investigadas e os agressores responsabilizados".

Missionários deportados

De acordo com a ADF International, uma organização jurídica de liberdade religiosa, o governo islâmico da Turquia tem expulsado missionários estrangeiros ao longo dos anos. 

As autoridades têm classificado os trabalhadores cristãos como um risco à segurança nacional, sob o código de imigração "N-82".

Desde 2018, cerca de 185 ministros protestantes estrangeiros foram deportados ou proibidos de voltar à Turquia. Na maioria dos casos, o governo não apresentou uma justificativa clara.

"O direcionamento discriminatório do governo contra trabalhadores cristãos na Turquia, todos os quais vivem pacificamente no país há muitos anos, constitui uma clara violação da Convenção Europeia de Direitos Humanos e dos Pactos Internacionais dos quais a Turquia faz parte", avaliou Kelsey Zorzi, diretora de defesa da liberdade religiosa global da ADF International.

Segundo ela, com o aumento de cristãos estrangeiros no país de maioria muçulmana, a Turquia tem trabalhado para combater o cristianismo.

Conforme a International Christian Concern (ICC), organização que monitora a perseguição no mundo, hoje apenas 0,02% a 0,04% da população turca é cristã, entre 180.000 e 370.000 pessoas.

A Turquia já foi uma região importante no início do cristianismo, citada na Bíblia como Ásia Menor e um dos destinos das viagens missionárias do apóstolo Paulo.

Hoje, com o risco de discriminação e perseguição por parte dos muçulmanos, muitos cristãos precisam manter sua fé em segredo na nação.

“Desde um golpe abortado em 2016, há uma campanha de propaganda anticristã orquestrada pelo governo, acompanhada por crescentes restrições à liberdade religiosa na Turquia”, explicou Linda Burkle, pesquisadora do ICC.

O país ocupa o 45° lugar da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas. 

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