O Vaticano decretou nesta segunda-feira (15) que a Igreja Católica não irá abençoar as uniões do mesmo sexo, uma vez que Deus “não pode abençoar o pecado”.
Para esclarecer a posição do clero católico sobre celebração da união homossexual, o escritório ortodoxo do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé, emitiu uma explicação de duas páginas, publicada em sete idiomas e aprovada pelo Papa Francisco.
A nota distinguiu as boas-vindas da bênção aos gays, argumentando que a união homossexual não faz parte do plano de Deus e que qualquer reconhecimento sacramental poderia ser confundido com casamento.
O Vaticano afirma que os gays devem ser tratados com dignidade e respeito, mas que o sexo gay é “profundamente desordenado”. O ensino católico afirma que o casamento, uma união vitalícia entre um homem e uma mulher, faz parte do plano de Deus e tem como objetivo a criação de uma nova vida.
Visto que as uniões gays não têm a intenção de fazer parte desse plano, elas não podem ser abençoadas pela igreja, segundo o documento.
Deus “não abençoa e não pode abençoar o pecado: Ele abençoa o homem pecador, para que ele reconheça que faz parte de Seu plano de amor e se permita ser mudado por Ele”, diz o texto.
O Papa Francisco apoiou a união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas não mencionou celebrações dentro da igreja. Seu comentário foi feito durante uma entrevista de 2019 à emissora mexicana Televisa, só foram a público em um documentário no ano passado.
No documentário, Francisco se referia à posição que assumiu quando era arcebispo de Buenos Aires. “As pessoas homossexuais têm o direito de ter uma família. Eles são filhos de Deus”, disse ele à Televisa.
Falando de famílias com crianças gays, Francisco afirmou: “Você não pode expulsar alguém de uma família, nem tornar sua vida miserável por isso. O que precisamos é de uma lei de união civil; dessa forma, eles são legalmente contemplados”.
Outros comentaristas observaram que o Livro Católico de Bênçãos contém ritos de bênçãos que podem ser concedidos a tudo, desde novas casas e fábricas a animais, eventos esportivos, sementes antes do plantio e ferramentas agrícolas.
Posição conservadora
No documento, o Vaticano enfatizou a diferença entre indivíduos gays e uniões gays, observando que “o julgamento negativo sobre a bênção de uniões de pessoas do mesmo sexo não implica um julgamento sobre as pessoas”.
Indo além, explicou ainda que qualquer união que envolva atividade sexual fora do casamento não pode ser abençoada porque não está em estado de graça, ou “ordenada a receber e expressar o bem que é pronunciado e dado pela bênção”.
O Vaticano acrescentou que a bênção de uma união do mesmo sexo poderia dar a impressão de uma espécie de equivalência sacramental ao casamento. “Isso seria errôneo e enganoso”, disse o texto.
Em 2003, o mesmo escritório do Vaticano emitiu um decreto semelhante, dizendo que o respeito da Igreja pelos gays “não pode levar de forma alguma à aprovação do comportamento homossexual ou reconhecimento legal de uniões homossexuais”.
Fazer isso, segundo o Vaticano, não apenas toleraria o “comportamento desviante”, mas criaria uma equivalência ao casamento, que a Igreja considera uma união indissolúvel entre homem e mulher.