“Aos 21 anos, fui brutalmente atacado em um campus universitário. Imediatamente após isso, comecei a ter ataques de pânico e outros sintomas físicos (insônia, doença física, paranoia, delírios auditivos). Eventualmente, desenvolvi uma depressão severa”.
Com este relato João* inicia sua história de sofrimento emocional, deixando claro que o que experimentou não foi apenas “tristeza” pelo que havia passado.
“Era um estado de ser realmente escuro e vazio. Eu estava muito cansado, fiquei na cama o dia todo. Eu estava fisicamente fraco. Embora eu tivesse crescido em uma família cristã e nascido de novo, mas naquele momento da minha vida, eu não 'senti' nada. Apenas vazio, tristeza severa e culpa. Eu chorei em tudo”, relata.
João conta que a depressão se aprofundou porque se sentia culpado pelo que aconteceu com ele naquele campus universitário.
“Eu pensei que todo mundo estava com raiva de mim por permitir que isso acontecesse. Minha família estava tão desesperada para me ajudar que eles recorreram à igreja para reuniões de oração, eles também recorreram a psiquiatras e medicamentos”, diz.
O rapaz tinha tomado vários tipos de medicamentos, e eles simplesmente não estavam funcionando, relatou.
“Eu estava tão envolvido nisso que não conseguia racionalizar o que estava acontecendo comigo. Eu diria a mim mesmo: ‘isso não faz sentido por que estou me sentindo assim?’, mas eu não conseguia afastar o sentimento, apesar de todas as coisas boas que as pessoas estavam tentando me dizer”, explica.
Mergulhar na Palavra de Deus
João diz que um dia, depois de uma longa noite de insônia, decidiu tomar um frasco inteiro do meu remédio.
“Não pensei duas vezes, só queria terminar. No dia seguinte, não acordei, minha mãe foi até meu quarto e chamou por socorro. Não me lembro do que aconteceu depois. Após alguns dias, voltei para a casa dos meus pais, onde eles me vigiavam e cuidavam de mim”.
Depois do episódio, a irmã e o cunhado de João, que ele diz serem pessoas de oração, decidiram dar um bastava daquela situação.
“Mesmo que eu não 'sentisse vontade', eles me disseram para mergulhar na Palavra de Deus. Eu passei a ler a Bíblia todos os dias. Eles colocaram CDs no meu aparelho de som e tocaram 24 horas por dia, 7 dias por semana, com música de louvor e adoração”, lembra.
João conta que seus sobrinhos o visitavam e o pediam para assistir desenhos cristãos com eles no sábado de manhã.
Pessoas da igreja o chamavam para orar e se ele estivesse em casa, sozinho, havia números de telefone para aconselhamento de oração, caso João quisesse falar com alguém.
“O ponto é que eu tive que mergulhar na palavra apesar do que eu estava sentindo fisicamente, eu precisava alimentar meu espírito”.
Vivendo o milagre
João diz que poucas semanas depois de se concentrar em Deus (e não em si ou no que estava sentindo), começou a mudar.
“Algo em meu espírito queria se levantar e sair de casa. Eu tinha uma alegria dentro de mim que estava sendo despertada novamente”, diz.
Ele conta que ainda se sentia “fisicamente doente e muito letárgico, mas a alegria do Senhor estava vindo de novo!”.
João afirma que após vários meses, ele era uma pessoa completamente nova.
“Eu estava feliz novamente (por dentro e por fora) e era apenas uma sombra do meu antigo eu. Gostei de ler sobre a esperança do Senhor e o que Deus planejou para nós. É um conforto e uma paz que ninguém mais pode trazer”.
‘Eu estava curado’
João conta que sua psiquiatra, que ele não via há meses desde que sua irmã e cunhado passaram a apoiá-lo, ligou para perguntar o que havia acontecido.
“Minha família disse a ela que eu estava curado! Na verdade, lembro de ligar para ela na semana anterior à última consulta 'agendada' e avisá-la que não precisaria ir! Foi uma conversa muito agradável e feliz”, conta.
João diz que esta situação ocorreu há quase 10 anos.
“Tenho 31 anos agora, acabei de terminar a pós-graduação e trabalho na área de aconselhamento. Quero dar esperança às pessoas que estão lutando contra a depressão”, diz.
“Deus nos deu a capacidade de entender os problemas médicos e o talento para abordá-los por meio de médicos e profissionais da área médica. Mas, como cristão, eu também entendo que a cura vem diretamente do próprio Senhor Deus, independentemente de como a cura se manifesta pelos médicos ou milagre”, acredita.
*Nome fictício para preservar anonimato.
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
