Quem vê hoje o pastor Ricardo Braga pregando não imagina o testemunho impactante que há por trás de tanto entusiasmo que se apresenta no púlpito.
Rejeitado pelo pai ainda garoto, Ricardo cresceu como ateu , acreditando que sua felicidade poderia vir por meio dos bens materiais, da fama e da bebida. Porém tudo isso acabou levando-o a um caminho de perdição ainda maior.
Além de lidar inicialmente com um casamento fracassado em razão de seu ciúme doentio, Ricardo teve que lutar contra com a dor do suicídio de seu irmão. Isso o fez odiar ainda mais seu próprio pai e se afundar ainda mais no alcoolismo.
Formado em filosofia pela USP, ele ingressou em uma carreira bem sucedida como professor de cursinho. Dava aula de biologia para um total de 5 mil alunos por ano, ganhava cerca de 14 mil reais por mês, dos quais gastava 6 mil só em Whisky.
"Eu tinha tudo que o mundo dizia que eu precisava para ser feliz: fama, dinheiro, um bom whisky, bens materiais, as mulheres mais lindas que eu conseguia encontrar... eu só não tinha alegria".
"O mundo mente aí fora para o povo, dizendo: 'se você conseguir as coisas, vai ser feliz'. Só quem é capaz de curar o coração e preencher o espaço é Jesus".
O encontro
Enquanto estudava biologia na Unicamp (Universidade de Campinas), Ricardo conheceu a mulher que iria iniciar a transformação completa de sua vida.
"Um dia, eu estava bêbado na Unicamp, com os pés sobre uma caixa de cerveja, de calção, sem camisa, com as minhas tatuagens expostas, numa mesa cheia de médicos e biólogos, passa uma crente, uma filha do Deus altíssimo, uma evangélica que veio de um encontro com o Senhor Jesus", contou.
"Ela não tinha uma Bíblia debaixo do braço, ela não pregou a Palavra para mim, ela só passou e estava tão cheia do Espírito que quando ela olhou para mim, nossos olhares se cruzaram em segundos e eu vi naquela mulher, algo diferente. Vi uma paz, uma alegria que eu não conseguia definir", acrescentou.
Ele contou que não entendia como alguém poderia estar cursando biologia naquela universidade e permanecer cristão.
"Eu perguntei ao povo que estava na mesa: 'quem é esta moça?' e me disseram: 'é Helene Peters'. Eu continuei: 'Ela estuda aqui? Como eu nunca a vi antes?'. Então me responderam: 'Ela não vai para balada nenhuma. Ela é crente'. Então eu olhei e pensei: 'Como uma pessoa que estuda biologia na Unicamp pode ser crente? Ser crente é coisa de ignorante", destacou.
Mas Ricardo confessou que o que realmente o incomodou em seu encontro com Helene foi algo no olhar dela.
"Na verdade, eu estava incomodado com o que ela tinha no olhar. Levantei daquela mesa e pensei: 'Vou falar de Bíblia com essa mulher e vou dar um nó na cabeça dessa crente", confessou. "Cheguei lá do lado da Helene, ela cheia do Espírito e eu cheio de cerveja. Adivinha quem ganhou? [risos]".
"Eu disse: 'Helene, você é crente?'. Ela disse: 'Graças a Deus'. Então eu continuei: 'Eu quero conversar sobre a Bíblia. Eu já li a Bíblia todinha", contou.
Helene se recusou a conversar com Ricardo, alegando que não teria um debate saudável com um homem embriagado.
"Deus trabalhando"
Uma semana se passou e Ricardo não parou de pensar naquela moça. "Era Deus trabalhando", lembrou ele.
Na semana seguinte, Ricardo abordou Helene novamente e ela mais uma vez se recusou a conversar com ele, por saber que ele estava alterado pelo álcool. Quando ele questionou qual seria o momento em que eles teriam aquele debate, ela o surpreendeu com sua resposta.
"Estou orando e Deus vai preparar este momento", disse ela.
E Ricardo conta em seu testemunho que Deus de fato preparou aquele 'debate'.
"Uma semana depois, entrei em um restaurante e a Helene estava comendo lá. Eu fui lá, me sentei na frente dela e disse: 'Não bebi nada! Vamos falar da Bíblia!'. Ela perguntou: 'quer conhecer Jesus?'. Eu respondi: 'Jesus, da cruz? Eu conheço, todo mundo conhece'. Ela me respondeu: 'Não! Você não O conhece. Você conhece o Jesus da cruz, mas eu conheço o Jesus que está vivo. Quer ir à igreja domingo comigo, depois da Igreja a gente conversa".
Helene entendeu que uma batalha espiritual estava envolvendo aquela história e decidiu pedir ajuda para 'guerrear' neste combate. Filha de pastores [que moravam no Paraná], ela ligou para sua mãe, falou sobre Ricardo e ambas dobraram os joelhos e oraram pela vida dele.
"A pastora pegou um avião de Curitiba para Campinas, ela e a Helene dobraram os joelhos, oraram e jejuaram pela minha vida e eu não sabia".
"Chegamos à igreja no meio do louvor, o povo cantava e orava em línguas. Eu só queria sair dali"
De repente no momento do louvor, a letra de uma das músicas mexeu com o coração de Ricardo.
"A letra daquela música dizia: 'Em Tua presença sou fortalecido' e eu estava só o pó. Eu senti um tremor por dentro, como se os meus órgãos estivessem tremendo. Me deu uma vontade incontrolável de chorar. Começou a vir aquele choro do fundo de minha alma e escorriam umas lágrimas diferentes. Não era um choro comum, era um choro curativo".
"Eu saí correndo pelo meio do corredor, parei na frente do púlpito, abri meus braços e coloquei o meu rosto no chão. A pastora pegou um óleo, derramou em mim e disse: 'O Espírito Santo está me dizendo que hoje estou consagrando um verdadeiro adorador'. Senti como se a mão de Deus tivesse entrado em mim. Eu chorava copiosamente [...] e à medida que eu chorava, meu coração se alegrava e cicatrizava".
"Quando eu me levantei daquele chão, como Paulo no deserto, eu estava cheio do Espírito e renascido em Cristo. O peso do mundo não estava mais sobre mim".