O dólar opera instável nesta terça-feira (24), após ter chegado à mínima de R$ 3,09. De manhã, a moeda chegou a operar em alta, após declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre a intervenção do BC no câmbio. Na véspera, a moeda norte-americana recuou fortemente.
Por volta das 15h30, a moeda norte-americana recuava 0,61%, a R$ 3,1262 para venda, depois de recuar mais cedo 1,68%, a R$ 3,0924 na mínima da sessão. Veja cotação.
A participação de Tombini em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado ocupava o centro das atenções. O presidente do BC afirmou que o programa de intervenções no câmbio é importante em um momento de normalização da política monetária norte-americana, mas ao mesmo tempo repetiu que o atual estoque de swaps cambiais já dá conta da demanda por proteção cambial.
A maior parte dos agentes financeiros consultados pela Reuters acreditava que a interpretação mais plausível é que o BC pretende acabar com as intervenções diárias no câmbio, mas rolar integralmente os contratos que vencerão nos próximos meses. Mas essa avaliação não vinha sem uma boa dose de dúvidas.
O operador Jefferson Luiz Rugik, da corretora Correparti, viu nas declarações uma "dualidade". Segundo ele, isso provocou cautela e levou investidores a comprar dólares.
Combinados com o dado de recuperação dos preços ao consumidor norte-americano em fevereiro, que colocou de volta na mesa a possibilidade de uma alta de juros nos EUA em junho, esses ruídos levaram o dólar a anular a queda vista mais cedo e passar a operar em alta ante o real.
O mercado também digeria a decisão de segunda-feira da agência de classificação de risco S&P, divulgada após o fechamento do câmbio a vista, de confirmar a nota soberana do Brasil em "BBB-", com perspectiva "estável, citando as mudanças na condução da política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
O mercado futuro de câmbio, que continuava em atividade, ainda reagiu à notícia da S&P, com o primeiro contrato de dólar ampliando as perdas e fechando com queda de 3,05%, na mínima.
"É um voto de confiança no governo em um momento em que o mercado estava com medo de o Brasil perder o grau de investimento", disse o superintendente de câmbio da corretoraTov, Reginaldo Siaca.
Nesta manhã, o BC deu continuidade às intervenções diárias no câmbio, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais. Todos os contratos vendidos vencem em 1º de dezembro de 2015. Também foram ofertados contratos para 1º de março de 2016, mas nenhum foi colocado. A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, rolou cerca de 61% do lote total, que corresponde a 9,964 bilhões de dólares.
Véspera
Na véspera, o dólar recuou 2,63%, a R$ 3,1453, maior queda diária desde 18 de setembro de 2013, quando a divisa caiu 2,89% na sessão.
Foi a segunda sessão consecutiva no patamar de R$ 3,14, diante da tranquilidade nos mercados internacionais, com investidores deixando de lado, por ora, as turbulências políticas locais e se concentrando na expectativa de liquidez abundante nos mercados financeiros globais.
Nos dois últimos pregões, o dólar acumulou queda de 4,59%. No mês, no entanto, ainda há alta acumulada de 10,13% e no ano, de 18,3%.