O dólar opera em forte alta nesta quarta-feira (4), e alcançou os R$ 3 no início desta tarde, segundo a Reuters. Se encerrar o dia acima desse patamar, será a primeira vez que isto acontece desde 16 de agosto de 2004, quando a moeda encerrou o dia vendida a R$ 3,0146.
Por volta das 14h50, o dólar era vendido a R$ 2,9792, em alta de 1,75%. Por volta de 13h, chegou a atingir R$ 3,001. Veja cotação
Os mercados reagem à derrota do governo pelo ajuste fiscal na noite de terça-feira, quando o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, surpreendeu o Executivo com a rejeição da medida provisória 669. Ao reduzir desonerações para vários setores, a medida aumentaria a arrecadação do governo.
"Ninguém sabe onde [o dólar] vai parar, é uma barbárie", resumiu, à Reuters, o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
"O dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos deteriorados. Agora, há esse 'a mais', que é o cenário político conturbado dificultando a implementação do ajuste fiscal", disse também à Reuters o analista da WinTrade Bruno Gonçalves, que não tem expectativas de alívio no câmbio no curto prazo. Com isso, cresce a ansiedade do mercado sobre o futuro do programa de intervenção do Banco Central no câmbio.
Na terça-feira, o câmbio fechou a R$ 2,928 na venda, maior nível desde 2 de setembro de 2004, quando foi a R$ 2,940.
As vendas no varejo na zona do euro cresceram em janeiro ao ritmo mais rápido desde maio de 2013, bem mais que o esperado. Os dados foram vistos como o sinal mais recente da melhora da confiança dos consumidores num bloco que busca superar a estagnação econômica.
No cenário interno, investidores têm mostrado menor apetite por ativos brasileiros diante da perspectiva de que, mesmo se o ajuste for bem-sucedido em resgatar a credibilidade da política fiscal, a inflação no Brasil deve fechar 2015 acima de 7% e o país deve mostrar contração econômica.
Atuação do BC
A pressão sobre o câmbio tem sido corroborada também por ruídos sobre a intervenção do BC, que sinalizou que deve rolar perto de 80% do lote de swaps cambiais (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em 1º de abril, uma posição vendida de US$ 9,964 bilhões. Nos últimos meses, o BC fez rolagens integrais.
Segundo analistas, à medida que o mês se aproximar do fim, investidores devem pressionar cada vez mais o BC a se posicionar sobre o futuro do programa de ofertas diárias.
Nesta quarta, o BC dá continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio nesta manhã, ofertando até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólar, com vencimentos em 1º de dezembro de 2015 e 1º de fevereiro de 2016.