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Carro blindado de aluno morto na USP "foi uma coincidência", diz namorada

Carro blindado de aluno morto na USP "foi uma coincidência", diz namorada

Atualizado: Quinta-feira, 19 Maio de 2011 as 2:51

Maiara Marins Lopes, 24, namorada do estudante Felipe Ramos de Paiva, 24, morto com um tiro na cabeça na noite desta quarta-feira (18) no estacionamento da USP (Universidade de São Paulo), afirmou durante o velório do jovem nesta manhã (19), em Caieiras (SP), que o namorado não se preocupava com segurança e que o carro blindado que tinha comprado há pouco tempo “foi uma coincidência”.

“A gente sempre ouvia falar de roubos no campus, mas não tínhamos esta preocupação. Sempre andávamos a pé à noite por ali”, contou, emocionada.

Segundo Maiara, Felipe pagou o carro, um VW Passat azul ano 1999, "mais barato que um carro popular [novo]. Ele não estava procurando um carro blindado, ele não tinha esse luxo. Antes disso, só andava de ônibus”, explicou.

Ela não acredita que o namorado tenha reagido a um suposto assalto. “Ele era muito calmo, sensato e racional. Acho que o assaltante deve ter agredido primeiro”.

Sonho De acordo com Maiara, Felipe se preparava para realizar um grande sonho neste ano: conhecer o megainvestidor norte-americano Warren Edward Buffet, de quem era admirador.

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Para PM, faltou comunicação entre vigilantes da USP O passaporte tinha acabado de sair e o casal começava a planejar a viagem para os Estados Unidos no fim deste ano.

“Ele admirava muito os investidores Warren Buffet e George Soros. Acho que porque ele também tinha essa genialidade. Era muito inteligente, autodidata e ambicioso”, contou Maiara.

Estudante do curso de Contabilidade e Atuária, na FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), Felipe trabalhava na consultoria de investimentos Capitânia desde 2008, onde entrou como estagiário e seria promovido a sócio assim que se graduasse. Cursava o quarto ano do curso, com previsão de término em 2012.

“Ele era muito determinado e, por isso, cresceu tão rápido, se destacava muito. Ao mesmo tempo, era um namorado muito presente e carinhoso”, afirmou Maiara.

A última vez que ela viu o namorado, com quem estava há quatro anos, foi no domingo de manhã (15). Na noite desta quarta-feira (18), ele foi assassinado com um tiro na cabeça no estacionamento da USP. A polícia ainda investiga o crime, que pode ter sido em consequência de um assalto.

Os dois pensavam em se casar no final do ano que vem. Felipe e Maiara se conheceram por meio de uma amiga em comum. Ela era aluna da pós-graduação em gestão de comunicação na ECA (Escola de Comunicações e Artes), também da USP.

Histórico de assaltos O pai do estudante Felipe Ramos de Paiva disse que sempre temeu pela segurança do filho na Cidade Universitária. "Eu tinha receio, porque acompanho as notícias e vi o que estava acontecendo. Teve uma série de sequestro relâmpago, lá é muito escuro e não tem segurança nenhuma. Eu falava: 'toma cuidado'. Mas ele achava que o carro blindado iria salvá-lo. Então eu dizia: 'você não é blindado'. E foi o que aconteceu. Não deu tempo de ele se proteger", contou Ocimar Paiva. Ocimar disse que o filho comprou o carro blindado depois de assaltos e numa tentativa de se proteger.

O pai acredita que Felipe pode ter reagido a um suposto assalto. "Ele tinha sido assaltado duas vezes no ônibus e acho que reagiria porque costumava dizer que não entregaria fácil as coisas que batalhou tanto para conquistar".

Ocimar lembra que o filho gostava muito de ler e trabalhar, planejava conhecer o mundo e morar fora, mas também era muito caseiro. "Ele fazia exercícios em casa, tinha um monte de aparelhos e não era muito de balada. Tinha poucos amigos porque era tímido. Falavam até que ele era careta, porque me chamava de 'senhor' e pedia bênção, mas a gente preferia assim", disse.

Para os pais, é difícil acreditar que Felipe, um garoto sonhador que anotava todos os seus planos em um caderno, morreu aos 24 anos de forma tão violenta. "O que me dói é pensar que ele sofreu, foi agredido antes de morrer. Não consigo sentir mais nada", afirmou a mãe, Zélia Ramos Paiva.

Apesar do episódio, ela é contra o uso de guarda armada no campus da universidade. "Acho que geraria mais violência", disse.

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