Aos 28 anos de idade, o brasileiro Leon Oliveira Martins ganha a vida de uma forma que mais parece brincadeira. Mas só parece. Ele faz vídeos comentando jogos de videogame e os exibe na internet. Esse trabalho conhecido como 'videologger', que começou com um hobby durante um mestrado na Europa, virou sucesso, principalmente, entre o público adolescente. Seu canal no Youtube, Coisa de Nerd, já teve mais de 34 milhões de visualizações desde que foi criado, há dois anos, e, segundo Leon, mantém acesso mensal de aproximadamente 5 milhões nos últimos meses.
Carioca, Leon é formado em Relações Internacionais pela PUC Minas e mora em Goiânia com a esposa. Ele conta que iniciou essa profissão para driblar o estresse enquanto escrevia sua dissertação de mestrado. “Sempre gostei de jogos, desde pequeno. Durante o mestrado, eu estava muito entediado com o tema que estava trabalhando, que era 'Teoria de Integração Regional Europeia', um assunto muito chato. Então, no meio do processo, chutei o balde e decidi fazer sobre algo legal. Mudei o tema para 'Teoria de Estudos Culturais'. Até então, eu só jogava. A partir daí, fui estudar videogame”, revela.
Em dezembro de 2010, Leon Oliveira gravou o primeiro vídeo. A maioria explica as táticas do jogo e como passar de fases, mas ele também fala sobre as novidades do mercado de games no Brasil e no mundo. “No começo, quase todos os meus os vídeos era eu jogando e falando bobagem. Isso foi ficando popular”, lembra.
Ele concluiu, em 2011, o mestrado pela Universidade de Flensburg, na Alemanha, e Universidade do Sul da Dinamarca, na Dinamarca. Depois disso, não sabia o que fazer com a aparelhagem que adquiriu para concluir sua dissertação. Estavam parados computador, notebook, software de captura de tela e editor de vídeo. “Eu estava muito entediado e decidi usar esses equipamentos”, recorda-se.
Popularidade
Mesmo ainda sendo recente, o trabalho de Leon Oliveira já é bastante reconhecido. Como convidado, ele participou de várias conferências sobre videogames, inclusive fora do país. Já esteve, por exemplo, na Austrália, Flórida e Nova Iorque. Porém, não precisa ir tão longe para ter seu trabalho reconhecido.
Enzo Sanchez Marchetti tem 12 anos. Ele mora em Goiânia, faz a 3ª série do ensino fundamental e é fã declarado de Leon Oliveira. Além de acompanhar o canal do ídolo de perto, o adolescente sonha em seguir o mesmo caminho.
Mesmo tímido, ele quer seguir a carreira do ídolo e gravar vídeos comentando games. “Acesso os vídeos para passar o tempo e para acompanhar o trabalho. Gosto dos vídeos e dos jogos que ele mostra”, diz.
Enzo não conhecia o comentador. Durante uma entrevista ao G1 em sua casa para falar do ídolo, Leon chegou de surpresa e emocionou o adolescente, que não segurou as lágrimas.
Enzo aproveitou para fazer perguntas, tirar dúvidas e falar sobre seu jogo predileto e o mais famoso do canal de Leon, Minecraft. O ídolo acompanhou o adolescente jogando, deu palpites e dicas. Ao final, aconselhou o garoto a seguir o mesmo caminho e completou: “Tem futuro”.
Investimento
Leon conta que já investiu aproximadamente R$ 20 mil em equipamentos para manter o canal no ar. O principal gasto é na atualização de equipamentos e na compra de jogos.
A porta de entrada do dinheiro é por meio do contrato que tem com duas empresas norte-americanas que vendem publicidade. Assim, no começo ou no fim de seus vídeos, gravados quase que diariamente, sempre há o comercial de uma empresa, não necessariamente ligada ao ramo de videogame.
O comentarista trabalha sozinho. Narra, grava, edita e configura os próprios vídeos. E ele garante que é autodidata e aprendeu a fazer tudo sozinho. Porém, o jovem não pensa em parar por aí. Abriu uma empresa com o nome do seu canal e planeja, por exemplo, vender camisetas personalizadas, ideia que ainda está em desenvolvimento. A contratação de outras pessoas para trabalhar com ele também faz parte dos planos.