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Gabriel Medina da show e chega à 3ª fase junto com Slater

Tormenta dá trégua, e etapa portuguesa é aberta após 2 dias. Além de Gabriel, Kelly Slater, Jadson e Filipinho avançam direto à 3ª fase em Peniche. Raoni na repescagem

fonte: Globoesporte.com

Atualizado: Terça-feira, 14 Outubro de 2014 as 10:27

"Deus escolheu você, filho, fica em paz", disse Simone Medina, antes do filho entrar na água da praia de Supertubos, em Peniche, Portugal. Com toda a família na torcida, irmãos, tios e o pai, que também é seu treinador, Gabriel Medinaouviu uma música para se acalmar e se ajoelhou na areia antes de entrar com tudo na sexta bateria da primeira fase da penúltima das 11 etapas do Circuito Mundial de Surfe (WCT). O paulista de Maresias, que pode escrever o seu nome na história ao se tornar o primeiro brasileiro a conquistar um título mundial, já começou apavorando os rivais, desaparecendo em um tubo logo na primeira onda.

Com um leque de manobras, a sensação mostrou por que é o número um do mundo, somou 14,67 e venceu os australianos Kai Otton e Jacob Willcox para avançar direto à terceira fase. Os brasileiros Jadson André e Filipe Toledo também asseguraram a vaga na próxima fase, enquanto Raoni Monteiro caiu para repescagem. Principal rival de Medina na briga pelo título, Kelly Slater não decepcionou e se classificou ao desaparecer em um belo tubo no fim da bateria.

- Você precisa estar no lugar certo, na hora certa. Temos ondas parecidas como essas no Brasil, mas as condições não são as melhores. O mar está difícil, muito vento, me concentrei em pegar as melhores ondas. Os brasileiros são apaixonados pelo esporte, e esse apoio me motiva, não me pressiona. Estou me sentindo muito bem, como se estive em casa - disse Medina.

A tormenta que atingiu Peniche, com chuva forte e ventos de até 100km/h, obrigou a organização a adiar o início da etapa por dois dias. Mesmo com condições ruins e o mar mexido em Supertubos, foi dada a largada em um dia que amanheceu frio e nublado, com termômetros marcando os 11 graus. As pancadas de chuva deram uma aliviada e sol finalmente apareceu na “Pipeline Europeia”. Logo pela manhã, ainda sem garantia de que a etapa iria acontecer, surfistas como os australianos Mick Fanning e Taj Burrow arriscaram manobras em uma sessão de "free surf". O havaiano John John Florence encontrou um tubo e teve forte influência na decisão de iniciar a disputa. Vale lembrar que nenhum surfista é eliminado na primeira fase. Quem perde, cai para repescagem, enquanto os vencedores avançam direto para a terceira fase.

MEDINA ESTREIA COM O PÉ DIREITO

Após conseguir 7,77 com um tubo nos primeiros minutos da bateria, Medina assumiu a liderança e pressionou os rivais. Incansável, arriscou uma série de aéreos na "Pipeline Europeia". Os treinos no pico da Mota, em Belgas, na última segunda-feira, mesmo no "olho do furacão", valeram a pena para o jovem de 20 anos. Atual campeão da etapa portuguesa, Kai Otton tentou reagir, mas o brasileiro estava voando, pegando onda atrás de onda, mantendo um bom ritmo.

Apesar da intensidade, Gabriel sofreu algumas quedas nas aterrissagens de seus voos, ainda assim, nada que atrapalhasse o seu desempenho. A segunda nota alta veio em uma direita. Medina conseguiu um floater mosntruoso e ainda deu uma batida no limite impressionando os juízes, conseguindo um 7,10 e somando 14,67, desbancando Otton (12,83) e Willcox (8,43).

Fenômeno da nova geração e considerado um dos melhores surfistas brasileiros de todos os tempos, o número um do mundo, com 56.550 pontos, depende apenas de si mesmo, se vencer em Supertubos. Se não, pode levantar o caneco terminando até em nono lugar, de acordo com uma combinação de resultados entre Kelly Slater, Mick Fanning, Joel Parkinson e John John Florence. O pico português, no entanto, não traz boas lembranças para Medina, que terá de espantar um fantasma rumo ao topo. Há dois anos, ele foi vice após perder para o australiano Julian Wilson na última onda em uma final polêmica, em 2012. A decisão dos juízes gerou indignação de surfistas e torcedores (alguns vaiaram o "aussie" no palanque da cerimônia de premiação e aplaudiram muito o brasileiro), além de uma série de protestos nas redes sociais.

Mas, agora, tudo isso são águas passadas. No auge da carreira e sem guardar mágoas do passado, Medina tem a chance de dar a volta por cima com o tão sonhado título mundial. Caso não vença sequer uma bateria em Portugal, a decisão do título vai automaticamente para última etapa, Pipe Masters, no Havaí, de 8 a 20 de dezembro.

SLATER SE RECUPERA E DÁ TROCO EM ALGOZ

Rival de Medina, Kelly Slater começou devagar, mas se recuperou no fim para vencer Matt Wilkinson, que o derrotou na primeira rodada da etapa de Hossegor, na França. Wilko apavorou a lenda com uma sequência de manobras, arrancando logo um 9,57. O americano reagiu, teve sorte com o mar e conseguiu um 9,67 ao despareceu em um tubo, saindo da onda com muita tranquilidade. Wilco encontrou outro tubo na tentativa de reassumir a dianteira, mas durou pouco e ele levou apenas 6,50. A Slater arrancou um 7,33 e ampliou. Assim, o americano deu o troco por 17,00 a 16,67. Nic Von Rupp completou a disputa, com 7,50.

- É sempre difícil surfar em condições assim. Fiquei esperando pacientemente uma onda boa, demorei uns 10 minutos pensando, e acabei conseguindo. O Gabriel Medina é competitivo, eu era assim da idade dele. Dá para perceber que ele está sempre querendo melhorar e desenvolvendo as suas habilidades - disse Slater, de 42 anos, que foi o mais jovem surfista a garantir um título mundial, aos 20.

A chuva deu uma trégua nas baterias seguintes e o mar, aos poucos, começou a crescer em Supertubos, mesmo com as ondas irregulares por conta dos resquícios da tempestade que assolou a região nos últimos dias e destruiu parte da estrutura do evento. O vento soprava para todos os lados e os tubos demoravam a aparecer no pico que tem os melhores canudos da Europa. As condições ruins do pico, provocadas por uma tormenta que atingiu a cidade nos últimos dias destruindo parte da estrutura do campeonato, devem melhorar ao longo da semana, com um swell previsto para sexta-feira e ondas de até quatro metros no sábado. A organização ainda estuda uma possibilidade de mudança do local do evento, de Supertubos para Belgas, também em Peniche, mas nada foi confirmado até o momento. 

EM BOA FASE, JADSON AVANÇA, SEM DIFICULDADES

Após perder para o havaiano John John Florence a final da última etapa, em Hossegor, na França, Jadson conseguiu a redenção contra o algoz com uma apresentação muito consistente. Soberano, ganhou encontrou um belo tubo e fez 15,93 para o havaiano John John Florence (11,10) e o americano Brett Simpson (12,60). Embalado pelo título do WQS de Cascais, na praia do Guincho, Jadson aplicou uma bela combinação de rasgadas a aéreos, dominando a bateria do início ao fim. Agressivo, conseguiu um tudo que lhe rendeu a nota 8,10, além de um leque de manobras para levar 7,83 em outra onda, somando 14,50. Assim, derrotou o havaiano John John Florence (11,10) e o americano Brett Simpson (12,60), avançando para a terceira fase.

- Estou muito feliz de conseguir achar meu caminho, surfar bem. Não é fácil estar lá, mas foi divertido, peguei as ondas certas e aproveitei o momento - disse Jadson.  

Quam também fez bonito na estreia foi Filipe Toledo. Decolando em aéreos, sua especialidade, Filipinho mostrou estar muito confortável nas ondas de Supertubos. Com 14,33, o paulista de Ubatuba não teve problemas para superar o basco Aritz Aranburu (8,73) e o taitiano Michel Bourez (7,53), arrancando aplausos do público que compareceu em bom número à etapa. 

Raoni Monteiro, que vem decepcionando ao longo de toda a temporada, mais uma vez, deixou a desejar. Apesar da nota baixa (4,83), o brasileiro ainda tem chances se seguir na disputa na repescagem. O havaiano Sebastian Zietz foi o melhor da bateria, com 16,10, seguido pelo australiano Mick Fanning (10,66), que teve a melhor atuação na sessão de "free surf" antes dos organizadores declararem a abertura da etapa portuguesa. 

O QUE MEDINA PRECISA FAZER PARA SER CAMPEÃO MUNDIAL

- Vencer a etapa independentemente de outros resultados; 
- Ser finalista, desde que Kelly Slater não seja campeão; 
- Perder na semifinal, e Kelly Slater ou Mick Fanning não vencerem a etapa; 
- Cair nas quartas de final, Kelly Slater não chegar à final, e Mick Fanning não vencer a etapa; 
- Se for eliminado na quinta rodada, Kelly Slater não passar das quartas de final, Mick Fanning não ser finalista, e Joel Parkinson ou John John Florence não vencer a etapa. 

CONFIRA AS BATERIAS DA 1ª FASE EM PORTUGAL

1: Taj Burrow (AUS) 12,10 x Freddy Patacchia (HAV) 8,97 x Travis Logie (AFS) 7,37
2: John John Florence 11, 10 (HAV) x Jadson André (BRA) 15,93 x Brett Simpson (EUA) 12,10
3: Joel Parkinson (AUS) 15, 83 x C.J. Hobgood (EUA) 9,24 x Jeremy Flores (FRA) 8,47
4: Mick Fanning (AUS) 10,66 x Sebastian Zietz (HAV) 16,10 x Raoni Monteiro (BRA) 4,83
5: Kelly Slater (EUA) 17,00 x Matt Wilkinson (AUS) 16,07 x Nico Von Rupp (PRT) 7,50
6: Gabriel Medina (BRA) 12,83 x Kai Otton (AUS) 12,83 x Jacob Willcox (AUS) 8,43
7: Michel Bourez (TAI) x Filipe Toledo (BRA) x Aritz Aranburu (ESP)
8: Adriano de Souza (BRA) x Julian Wilson (AUS) x Alejo Muniz (BRA)
9: Jordy Smith (AFS) x Adrian Buchan (AUS) x Mitch Crews (AUS)
10: Kolohe Andino (EUA) x Miguel Pupo (BRA) x Adam Melling (AUS)
11: Josh Kerr (AUS) x Bede Durbidge (AUS) x Dion Atkinson (AUS) 
12: Owen Wright (AUS) x Nat Young (EUA) x Tiago Pires (POR) 

 



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