Todo Poderoso > Soberano. Assim, com a simplicidade utilizada nas redes sociais, dá para afirmar com toda certeza que o Corinthians, cada dia mais poderoso, deixou para trás o São Paulo, de soberania praticamente aposentada. Foi o próprio Rogério Ceni quem reconheceu isso, ao final da partida:
- O São Paulo parou no tempo - disse o goleiro.
E o Corinthians segue voando. O título da Recopa Sul-Americana de 2013, conquistado pelo nesta quarta-feira, no estádio do Pacaembu, com uma vitória por 2 a 0 (gols de Romarinho e Danilo, depois de já ter vencido o primeiro jogo por 2 a 1), é talvez a prova que faltava para sacramentar esse status.
A Recopa, definitivamente, não é daqueles títulos que abrilhantam uma galeria de time grande. É apenas mais um. Gostoso de ganhar, obviamente. Mas para o torcedor corintiano, campeão invicto da Libertadores no ano passado, encontrar o São Paulo, atual vencedor da Copa Sul-Americana, neste torneio relâmpago, de apenas duas partidas, era o que faltava para consolidar sua internacionalização.
Afinal, nada mais emblemático do que coroar a sequência Libertadores, Mundial e Recopa com duas vitórias incontestáveis sobre um rival do tamanho do São Paulo. Rival que, com a alcunha de "Soberano", tripudiou durante anos em cima do Timão, riu do time alvinegro na Série B. Mas que parou no tempo e viu o Corinthians ressurgir forte. Como o "Todo Poderoso", como canta a Fiel.
A crise do São Paulo parece não ter fim. Mudar Ney Franco por Paulo Autuori ainda não trouxe resultados. Já são nove jogos sem vitória, contando Brasileirão, amistoso e Recopa, com seis derrotas seguidas, além de problemas internos e proximidade com a zona de rebaixamento do campeonato nacional. Definitivamente, as coisas não andam bem pelos lados do Morumbi.
Clássico? Final? Rivais?
Não parecia clássico, muito menos final de campeonato. Estava mais para um jogo de início de torneio por pontos corridos. A segurança do Corinthians em suas atitudes contrastava com o medo do São Paulo de se arriscar. Resultado: um primeiro tempo fraco, que ficou um pouco melhor apenas nos dez minutos finais.
A consciência de que seu time é pior que o do Timão fez mal a Paulo Autuori. A opção pelos três volantes era, sim, mais segura. Mas time grande precisa de ousadia. E isso não existiu no São Paulo, que teve dificuldade de passar do meio de campo.
Por outro lado, a certeza de que é superior deu ao Corinthians a humildade de saber esperar o momento certo. Paciente, o time do técnico Tite procurou os espaços. Tentou com Guerrero duas vezes, com Gil de cabeça e foi feliz com Romarinho – como gosta de brilhar em clássico esse garoto!
Aos 35 minutos, após belo lançamento de Edenílson para Emerson na esquerda, a bola sobrou para ele após Guerrero desperdiçar. Na tentativa de Juan tirar a bola, ela bateu em Romarinho e entrou. A cena de Ceni caindo e Romarinho comemorando representa bem o momento das duas equipes. O atacante simplesmente atropelou o goleiro. Por que faz isso, Romarinho?
Depois disso, o jogo, enfim, esquentou. A torcida alvinegra começou a gritar “olé” a cada passe de lado dos seus jogadores. E o São Paulo, de maneira desordenada, tentou se arriscar em dez minutos o que não tinha feito nos outros 35. Mas esbarrou no desentrosamento gritante que assola sua equipe.
Olé alvinegro
Em desvantagem no placar e precisando de pelo menos dois gols para levar a decisão para prorrogação e pênaltis, o São Paulo foi praticamente obrigado a abandonar o esquema com três volantes. Assim, Paulo Autuori sacou Wellington e colocou o atacante Aloísio na volta do intervalo.
A missão tricolor, porém, não era das mais fáceis. Pelo contrário. Logo de cara, o Corinthians foi para o ataque em busca do segundo e, talvez, derradeiro gol. Fábio Santos esteve muito perto de marcá-lo. Muito mesmo. Mas quanto ficou sozinho, frente a frente com Rogério Ceni, chutou fraco. Praticamente um recuo.
Muito superior ao seu adversário, o Corinthians tinha o jogo sob controle. Fora uma ou outra tentativa frustrada do São Paulo, o restante era só Timão. E já em ritmo de festa, a torcida alvinegra começou a provocar os seus rivais. Rogério Ceni e Luis Fabiano eram, claro, os mais perseguidos. Mais “olés” eram ouvidos no Pacaembu.
Da maneira como a partida se desenhou, uma chance clara para o São Paulo não poderia ser desperdiçada. Mas foi. Aloísio, que entrou como salvador, teve o gol de empate em seus pés aos 21 minutos. Mas finalizou mal, no meio do gol, e facilitou para o goleiro Cássio, sempre um gigante em decisões.
A prova de que o Tricolor não podia perder uma chance como aquela veio um minuto depois. Danilo, multicampeão pelo São Paulo e também pelo Corinthians, aproveitou o rebote dado por Ceni depois de sua própria cabeçada e aumentou para 4 a 1 o placar agregado de uma final dominada pelo campeão Timão. O clube da Zona Leste paulistana se mostrou o "Todo Poderoso", mais uma vez. O time do Morumbi já não é mais o "Soberano".