O calor que maltrata os branquelos de Espanha e Itália também é a representação de uma espécie de terra prometida para os adversários das 16h desta quinta-feira, no Castelão, em Fortaleza. Eles são os mais recentes campeões mundiais, e estar em uma semifinal no Brasil, mesmo que de Copa das Confederações, remete à esperança que alimenta o futebol das duas seleções nos últimos anos: voltar para cá, disputar a Copa do Mundo do ano que vem e, se possível, ganhá-la de novo. Mas também é um jogo que volta um ano no tempo: a Espanha maltratou a Itália no último encontro entre as duas equipes. Oscilando entre a memória e a esperança, elas decidem quem pega o Brasil na final.
São dois gigantes: a Itália, pela enorme tradição, pelos quatro títulos mundiais; a Espanha, pela recente descoberta de como se vence no futebol, pelo timaço que montou para arrematar título em cima de título nos últimos anos. O favoritismo, difícil negar, é da Roja. Mas não custa lembrar a enorme capacidade da Azzurra de surpreender quando menos se confia nela.
O jogão é o primeiro encontro entre as duas seleções desde a final da Eurocopa do ano passado, na Ucrânia, com goleada de 4 a 0 para a Espanha. Naquele mesmo campeonato, porém, a Roja percebeu que pode ser batida pelo adversário. Na primeira fase, houve empate por 1 a 1.
A festa espanhola
São tempos agitados para a seleção espanhola. A passagem dos campeões do mundo pelo Nordeste, primeiro no Recife e depois em Fortaleza, foi marcada por polêmicas, noitadas, confusões. Dentro de campo, porém, a equipe não poderia ser mais rotineira: vencendo, vencendo, vencendo.
A Espanha chega às semifinais com 100% de aproveitamento, 15 gols marcados e apenas um sofrido. A campanha é mais sólida do que a da Itália. O futebol é mais vistoso. O histórico, com a goleada do ano passado, é animador. Tem como a Roja não ser favorita?
Para os próprios espanhóis, tem. Desde o início do torneio, eles tentam rechaçar a ideia de que são os bichos-papões do torneio. O técnico Vicente del Bosque chegou a colocar o Brasil à frente da Espanha na briga pelo título. E agora a tática é não diminuir a capacidade da Itália.
- Sabemos que é muito difícil. Não há favoritos. Qualquer jogada, qualquer gol, te leva para baixo. Sabemos que viemos de duas Eurocopas um Mundial conquistados, e somos considerados favoritos por isso. Temos que desenvolver esse papel. Mas o importante é o que acontece em campo – disse o volante Sergio Busquets.
A escalação tem indefinições. Fàbregas e Soldado, que conviveram com as dores musculares na primeira fase do torneio, estão liberados para jogar. Mas o atacante corre riscos de deixar a equipe por questões técnicas. Fernando Torres vem atuando melhor do que o artilheiro do Valencia e pode roubar a sua vaga.
Além disso, Del Bosque não confirmou quem será o goleiro. Ele usou Casillas contra o Uruguai, Reina diante do Taiti e Valdés contra a Nigéria. A tendência é de que o goleiro do Real Madrid, capitão da seleção espanhola, seja o escolhido.
A Itália acredita
Depois da derrota por goleada na final da Eurocopa, a Itália tenta não entrar no clima de revanche que cerca a partida. No entanto, os jogadores e o técnico Cesare Prandelli sabem que um triunfo sobre os atuais campeões mundiais encherá de confiança o time que lutará no segundo semestre para confirmar a vaga na Copa do Mundo.
- Temos um grande respeito pela Espanha. Mas podemos criar dificuldades. Vamos jogar com personalidade para fazer um grande jogo – afirmou Prandelli.
Um bom resultado mostrará também que os italianos estão no caminho certo com a renovação do grupo. Desde a queda na primeira fase do Mundial de 2010, a Azzurra aposta em atletas mais jovens, substitutos da geração campeã em 2006. Até aqui, os resultados são favoráveis. A equipe ficou em segundo no torneio europeu e lidera o Grupo B das eliminatórias.
O grande problema italiano na Copa das Confederações vem sendo a defesa, vazada oito vezes em apenas três partidas. Por conta disso, Prandelli vai adotar o trio titular do Juventus, atual campeão nacional. Barzagli, Bonucci e Chiellini formam o setor, mudando o esquema 4-3-2-1 para o 3-4-2-1.
A Azzurra ainda sofreu uma grande baixa depois da derrota para o Brasil. O atacante Balotelli lesionou a coxa esquerda e foi cortado da delegação. O mesmo aconteceu com o lateral-direito Abate, com uma luxação no ombro direito. Eles serão substituídos por Gilardino e Maggio, respectivamente.
Mas a preparação não foi feita apenas de más notícias. O volante Pirlo, recuperado de uma lesão na panturrilha direita, tem presença garantida. O outro marcador, De Rossi, cumpriu suspensão pelo segundo cartão amarelo e também regressa.