No dia em que o time mais empolgante do Campeonato Paulista esteve longe de suas melhores atuações, Oswaldo de Oliveira fez o papel de craque e ajudou a colocá-lo na decisão. Em um jogo tenso, que parecia fácil e se tornou duríssimo, o técnico promoveu mudanças cruciais no segundo tempo e viu o Santos fazer 3 a 2 no Penapolense, neste domingo, na Vila Belmiro, pela semifinal. Guaru e Douglas Tanque marcaram para a equipe do interior; Cícero, Leandro Damião e Yuri garantiram o triunfo do Peixe, que chega a sua sexta final consecutiva no estadual.
O Alvinegro vai enfrentar o Ituano, que surpreendeu o Palmeiras, e também está na decisão, que será disputada em duas partidas, nos próximos domingos. Duas batalhas na luta pelo 21º título paulista. Batalhas que quase não aconteceriam, pois o time ficou atrás no placar por boa parte do segundo tempo. Oswaldo agiu: colocou Rildo, e ele cruzou para Leandro Damião empatar a partida. Lançou o garoto Stéfano Yuri, e ele marcou o gol da classificação.
Acostumado a goleadas, o Santos reencontrou o único time que o venceu na primeira fase. O time de Penápolis mostrou que os 4 a 1 de dois meses atrás não foram por acaso. O bravo time de Narciso viu o rival abrir o placar, com Cícero, mas aproveitou duas falhas de David Braz para virar o jogo no primeiro tempo.
Defesa vacila, Penapolense vira
O começo do filme parecia igual ao de todos os jogos na Vila Belmiro em 2014: o time de branco atacando, atacando, atacando. O rival quase sempre com os 11 jogadores atrás da linha da bola. Desta vez, porém, faltou conexão entre as principais peças do ataque do Santos: Thiago Ribeiro e Geuvânio mal tocavam na bola, enquanto Gabriel a segurava demais e era desarmado facilmente sempre que tentava um lance mais agudo. Mais à frente, Leandro Damião sofria com a ausência de criação.
Mesmo assim, a posse de bola era santista. O time de Penápolis, matreiro, só esperava. A bola chegava pouco ao gol de Samuel, objetivo que o técnico Narciso tinha traçado durante a semana. Sem conseguir entrar na área, o Peixe resolveu arriscar. E aí, bola em Cícero. A canhota certeira acertou o alvo aos 21 minutos – bomba de longe, desvio em Rodnei: 1 a 0 para os donos da casa.
A Vila explodiu na expectativa de mais uma goleada, mas o time não jogava bem. Longe disso. Na defesa, o nervosismo imperou, e as falhas começaram a aparecer. Esperto, o Penapolense percebeu isso e começou a se arriscar no ataque, jogando simples e aproveitando a velocidade nos contra-ataques.
Aposta de Oswaldo, David Braz “contribuiu” para a reação do adversário. Um pênalti bobo e claro e uma indecisão na saída de gol de Aranha resultaram nos gols de Guaru e Douglas Tanque: 2 a 1 Penapolense. Seis dos 16 gols do time de Narciso no Paulistão, até o fim do primeiro tempo, foram em cima do Santos. A equipe de Penápolis é modesta, mas soube exatamente como parar a sensação do campeonato.
O toque de Oswaldo
Antes dos 30 segundos da etapa final, o Santos mostrou que a atitude seria diferente. Uma bola no travessão chutada por Cicinho incendiou a Vila novamente e fez o Penapolense se trancar na defesa. Narciso ordenou que sua equipe recuasse e preservasse o resultado. O Santos, porém, é bem mais ofensivo que o São Paulo, rival que o time do interior eliminou nas quartas de final com uma retranca que parecia intransponível.
Oswaldo sentiu que as trocas de passes não iriam surtir efeito. Com uma alteração, mudou o jogo. Rildo substituiu Gabriel e mostrou sua principal característica no primeiro lance: o drible. Em uma jogada de improviso, quebrou o sistema defensivo do Penapolense e cruzou na cabeça de Leandro Damião, dessa vez livre, para empatar o duelo.
Após o gol, Damião teve pelo menos mais três chances claríssimas dentro da área. Enrolado, não aproveitou nenhuma. Sem medo de errar, Oswaldo ousou mais uma vez: tirou o reforço mais caro do Santos na temporada e lançou o garoto Stéfano Yuri, 19 anos.
Também em seu primeiro lance, o centroavante recebeu passe perfeito de Thiago Ribeiro e tocou na saída de Samuel. Santos na final, e castigo para o Penapolense, que se despede de forma honrosa do Paulista, mas com o sentimento de que poderia ter feito mais.