Uma operação da Polícia Federal para combater o crime de pedofilia prendeu 19 pessoas, sendo 18 em flagrante, até as 11h desta terça-feira (19), segundo o delegado responsável pela investigação Flavio Setti. A ação ocorre desde a madrugada no Paraná, Rio Grande dos Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Maranhão, Minas Geraias, Bahia e Goiás. A operação também cumprirá medidas semelhantes contra brasileiros investigados que moram nos estados Unidos com o apoio da Polícia Federal americana, o FBI.
"Do total de prisões, sete foram no Paraná e os outros em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre" afirma o delegado Flavio Setti. Ele disse que essa é uma das maiores operações já realizadas para combater o crime de pornografia na internet. Ao todo, foram expedidos 86 mandados de busca e apreensão, 30 de condução coercitiva, quando são levados para a delegacia para prestar depoimento, e 1 de prisão preventiva. O delegado disse ainda que o mandado de prisão preventiva foi cumprido em São Paulo. O suspeito será encaminhado para a delegacia da PF em Curitiba.
Aproximadamente 400 policiais federais participam da ação batizada de “Glasnost”, termo russo que significa transparência. Ainda conforme a PF, o nome foi escolhido porque a maior parte dos investigados utilizava um site hospedado na Rússia e divulgava fotografias e vídeos de adolescentes, crianças e até de bebês sendo abusados. Os vídeos e as fotografias eram compartilhados por pedófilos do Brasil e do exterior.
As investigações ocorrem há dois anos. "Começou com a prisão de outros pedófilos e com a menção a site russo que seria utilizado para troca e divulgação de pornografia infantil para várias partes do mundo", conta o delegado. "Esse fato chamou a atenção e na sequência foram realizadas outras prisões", completa. O delegado explicou ainda que o site se tornou um ponto de convergência citado por inúmeros pedófilos presos na ocasião. As vítimas dos abusos tinham entre seis meses e 16 anos de idade.
"Com base nisso, a PF passou a investigar exclusivamente os brasileiros que faziam parte deste site, aproximadamente 200", relata. No site, os investigados criavam um perfil e, através disso, postavam álbuns de fotos. "Nesses álbuns, algumas das fotos eram públicas e outras eram privadas. A investigação ocorreram com base nas fotos públicas, a princípio", argumenta.
A PF também informou que um dos investigados, que já foi identificado, abusava sexualmente da própria filha de cinco anos de idade. Entre os alvos da operação há pessoas de várias idades e profissões, entre elas um policial militar, um médico, um oficial da Aeronáutica, vários professores e um chefe de grupo de escoteiros.
Inovação
Pela primeira vez serão realizadas coletas de amostras biológicas dos suspeitos para inclusão da base de dados de DNA da PF. De acordo com o delegado Setti, as amostras serão utilizadas para cruzar dados quando houver outras prisões motivadas pelo mesmo crime. "Isso é uma ideia que tem como foco principal esclarecer crimes que venham a acontecer futuramente".