Em São Paulo, academia que pegou fogo não tinha alvará

Em São Paulo, academia que pegou fogo não tinha alvará

Atualizado: Sexta-feira, 8 Novembro de 2013 as 6

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A Prefeitura de São Paulo afirmou nesta sexta-feira (8) que a unidade da academia Smart Fit que pegou fogo no Centro estava irregular e não tinha alvará de funcionamento. O Corpo de Bombeiros diz também que o prédio comecial onde ela funcionava não tinha auto de vistoria e já tinha sido notificado para ser regularizado.
O fogo que atingiu o espaço na Rua do Boticário, esquina com a Avenida Ipiranga, começou por volta da 1h desta sexta-feira (8). As chamas começaram no segundo pavimento do estabelecimento, inaugurado havia uma semana, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
 
A Prefeitura diz que o prédio tem um pedido de Auto de Verificação de Segurança (AVS) feito em 2011 em análise, sendo que o último foi emitido em 2000. Segundo a Prefeitura, o AVS é exigido para edificações construídas antes de 1992 e não tem prazo de validade pois se refere a questões estruturais.
 
O documento é diferente da vistoria dos Bombeiros, que avalia equipamentos e outros itens. De acordo com o tenente coronel Walmir Correia Leite, o prédio comecial precisava de adequações no sistema de proteção contra incêndios. Além da academia, funcionam no local escritórios de empresas.
A estrutura desabou e impediu a saída de uma das primeiras equipes a entrar no estabelecimento, que só saiu do local após soldados do lado externo fazerem um buraco na parede.
O comandante do Corpo de Bombeiros Metropolitano, coronel Roberto Rensi Cunha, também afirmou que o prédio comercial onde funciona a academia recebeu comunicado em 29 de março para modificar o projeto de uso do edifício, “principalmente pela mudança de ocupação”.
 
"O que antes era um cinema passou a ser um prédio de escritório com academia e nós determinamos que o projeto fosse substituído, o que até agora não foi atendido", disse Cunha.
A academia Smart Fit informou em nota que a direção da empresa está em contato com autoridades para identificar as causas e poderá prestar mais esclarecimentos quando tiver informações suficientes. Ao SPTV, o dono da academia, Edgar Corona, disse suspeitar que o incêndio tenha começado após um botijão de gás cair do prédio vizinho.
 
Prédio vizinho afetado
A fumaça e o calor provocado pelas chamas na academia afetaram o prédio vizinho, de 25 andares e 145 apartamentos. Nele, não havia escadas contra incêndio. Botijões de gás dentro de alguns apartamentos pegaram fogo e viraram "verdadeiros maçaricos", segundo os bombeiros, que só parararam de queimar quando acabou o combustível.
Moradores que estavam nos andares superiores tiveram dificuldade para sair. Cerca de 100 pessoas foram atendidas das quais, 30 foram levadas a hospitais.  A vítima mais grave é um senhor com cerca de 50 anos,  encontrado pelo Corpo de Bombeiros no quarto andar. Ele teve queimaduras de segundo grau no rosto e nas mãos. 
 
A Defesa Civil libera a entrada de moradores gradativamente, mas parte da estrutura hidráulica e elétrica dos apartamentos está comprometida. A Prefeitura ofereceu abrigo a parte dos moradores, mas a tendência é a de que eles se hospedem temporariamente em hotéis ou na casa de parentes até a regularização dos imóveis. Além do prédio comercial onde funcionava a academia e do prédio residencial vizinho, um terceiro imóvel também estava interditado nesta manhã e aguarda vistoria da Defesa Civill.
 
Estado grave
Por volta das 9h15, a Santa Casa de Misericórdia informou que um paciente desconhecido estava internado em estado grave com 15% do rosto queimado. Ele também teve as mãos queimadas e está entubado para preservação das vias aéreas.
Havia ainda quatro pacientes em observação, um de 67 anos, um de 85 anos, um de 30 anos, e um de 25 anos. Este último inalou fumaça e está em tratamento para desintoxicação.  Outros três tiveram alta hospitalar:  um de 93 anos, um de
 
51 anos e um de 68 anos
Na manhã desta sexta-feira, a movimentação era intensa nas proximidades do imóvel porque moradores ainda não podem retornar para seus apartamentos. De acordo o comandante do Corpo de Bombeiros, ainda havia risco de queda de parte da estrutura. Por volta das 9h, moradores do primeiro e segundo andares subiram aos apartamentos acompanhados por agentes da Defesa Civil.
Segundo os bombeiros, a retirada dos moradores foi difícil porque as saídas de emergência estavam bloqueadas. No edifício, onde moram muitos chineses, parte deles não fala português e resistiu em deixar o imóvel. Um homem, uma mulher e uma criança foram resgatados de um prédio com o auxílio de escada Magirus.
 
Bloqueio
A Avenida Rio Branco foi bloqueada nos dois sentidos às 6h. No sentido bairro, a via estava interditada junto ao Largo do Paissandu. No sentido contrário, Centro, o bloqueio se dava junto à Rua dos Timbiras, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
A CET recomendava aos motoristas que evitassem circular por toda a região formada pelo eixo das Avenidas Rio Branco, Ipiranga e São João, e que, se possível, utilizassem o transporte público. Agentes da companhia estavam no local para organizar o trânsito.
 

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